Escrevemos ontem,
terça 8, sobre Lula como ‘o grande eleitor’. Mais tarde, ainda pela manhã, através
da internet, assistimos – depois de mais de uma hora de iniciada – a uma parte
da entrevista do ex-presidente.
Concedida a blogueiros a la guache – como considerados aqueles que não comungam com o
lugar comum em que se tornou a pauta do jornalismo brasileiro sob o cutelo da
grande imprensa – nunca imaginaríamos que houvesse destaque em noticiários
televisivos da noite sobre sua entrevista.
Houve, ainda que não na dimensão que ensejava. Talvez pelo tempo e pela variedade de temas nela abordados.
O que disse Lula
repercutiu. Justamente porque quem o disse foi Lula. Não porque – assim vemos –
fale por falar, mas por tratar com lucidez, sem temor, todos os assuntos que
lhe sejam postos a enfrentar. Mais de 200 minutos de entrevista estão lá no https://www.youtube.com/watch?v=hhjATYYobG0.
Entrevista livre, solta, descontraída, em linguagem coloquial, informal, sem “pergunta
proibida", em clima de "jogo aberto”.
Ficamos sem entender por que Lula não é ouvido pela grande imprensa em debate. A conclusão mais imediata é a de que não
interessa à grande mídia ouvir Lula sem “pergunta proibida” e sem
edição/manipulação. Lula seria a própria catarse do que edita essa mídia comprometida com a 'isenção' de fazer política e defender seus candidatos afirmando que não o faz.
Sua fala na terça pode ser
considerada como a mais importante entrevista concedida pelo ex-presidente. A
capacidade de Lula de enfrentar todo e qualquer tema
posto – pautada na transparência – demonstra a grandeza do que representa para a política brasileira
contemporânea. Não fora o fato de que o domínio dos números e das estatísticas
é uma de suas marcas.
Instantes há na
entrevista em que Lula fala como se fosse um oposicionista. Não tergiversa em
defesa de possíveis erros do partido que ajudou a fundar.
Alerta sobre o fato de
que o PT precisa ter “aprendido a lição do que representou a CPI do mensalão”, “porque
esta CPI deixou marcas profundas nas entranhas do PT” (aos 24 min). Tudo porque
– segundo Lula – o PT não fez o debate político que o fato e o instante
exigiam. Ficou – prossegue o ex-presidente – esperando o debate jurídico,
deixando o debate político de lado. E deu no que deu. O PT confiou num
julgamento jurídico quando o foi político. Porque – afirma Lula – no fundo a “imprensa
construiu o resultado desse julgamento”. E o PT fugiu ao debate político “certamente
por divergências internas... e o PT sabe que nós nascemos para combater esses
equívocos que muitas vezes o PT comete” (26 min).
Ao fim chegamos a uma outra conclusão: com tanta coisa para mostrar o Governo sempre anda acuado. No mínimo, no mínimo, a sua comunicação não ultrapassa a circunstância de ser alimento financeiro para a imprensa que o massacra.
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