sexta-feira, 4 de abril de 2014

Pobres de espírito

Em busca de Mefistófeles
O vazio de lideranças deixa a eleição presidencial naquele viés de ser a favor da permanência de Dilma ou de ser contra 'porque não gosto do PT'. Essa a tristeza que acomete o quadro político atual se trilhamos pelas candidaturas postas, observando-as sob o prisma das que se destacam, diante das falas recentes anunciando os compromissos que passaram a assumir.

Nomes como os de Eduardo Campos e de Aécio Neves, que trouxeram em cada instante de disponibilização a idéia de que representariam algo novo – não pela ótica revolucionária, mas da proposta de gestões que pudessem se ofertar como contraponto político (sem romper as políticas sociais) a um período de 13 anos que – gostem ou não, admitam ou não – está presente no imaginário de parcela considerável da sociedade em razão das ações que a esta beneficiaram – caíram na mesmice do poder pelo poder desde o instante em que perceberam, através das pesquisas, que não traduziam o apelo que imaginavam levar ao convencimento do eleitorado. 

Mais simplesmente, que não tinham ouvintes para o discurso que imaginavam para eles ensaiado.

Percebe-se a falta de grandeza política, de compromisso com o país e, por resto, para com o povo. Típicos peregrinos em busca de Mefistófeles contemporâneo negociam com quem quer que seja – ofertam-se à sedução, quando se imaginam sedutores – em busca do retorno à Idade Média, instante em que aquele nasceu. 

Oferecem-se (burlados pelas pesquisas) como o cientista frustrado do Fausto, de Goethe, assegurando retorno de privilégios (muitos recentemente extirpados da política nacional, quando menos, em muito reduzidos).

Caso o leitor duvide, leia Mônica Bérgamo, na Ilustrada da Folha desta quarta 2, “Aécio: estou preparado para decisões impopulares” http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrada/159317-monica-bergamo.shtml

Pela mediocridade de compromisso - além de saciar o próprio bolso daquela platéia extasiada com a fala - se percebe quão pobres de espírito andam esses candidatos.

Por que não insistimos com alguma referência a Eduardo Campos e nos debruçamos em Aécio? É que a cara de Aécio é a mesma de Campos. Afinal seus discursos afinaram-se em busca de seduzir o mesmo público.

Caso fizessem por merecer tornarem-se personagens da literatura Aécio e Campos não passariam de Faustos encantados com a possibilidade de serem agraciados por Mefistófeles.


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