segunda-feira, 9 de junho de 2014

Marcação

Cerrada
A marcação não arrefece. A presidente Dilma Rousseff somente se encontra protegida depois que entra no banheiro. E muitos que acompanham de perto seu caminhar perguntariam o que foi fazer por lá, se gasta água em demasia no chuveiro ou na descarga. 

Não se exija que não deva ser acompanhada. Afinal é uma Chefe de Estado que busca reeleição. E como tal, expõe-se. No entanto, atrelar a imagem da presidente às ações do governo para que em detrimento destas (pela crítica desconforme) se atinja aquela leva ao surrealismo de negar o óbvio, de tentar convencer uma criança que o céu não é azul quando ela o vê celeste.

Em intervenções da tribuna ou em apartes a senadora Gleise Hoffmann (PT-PR) tem levantado uma questão: o governo deste país tornou-se  sob o cutelo da mídia e da oposição  um saco de pancadas, sem que 'os avanços' sejam minimamente reconhecidos.

A atuação do ver em tudo que se realiza no Brasil pelo Governo Federal um vazio administrativo leva a que estrangeiros não entendam o que está a acontecer. Dias desses, em relato para a BBC, Wire Davis, depois de entrevistar a presidente Dilma e dela ouvir o que está acontecendo no país, assim concluiu: "Para mim, foram horas valiosas ao lado de uma das líderes mais poderosas, porém menos compreendidas, do mundo". 

Não há como não ver o canteiro de obras em curso. Enxergar, no entanto, passa a ser outra história, tornada estória em textos e editoriais da mídia tupiniquim, como se vivêssemos conto da carochinha.

Na próxima quinta-feira o selecionado brasileiro fará o jogo de abertura da Copa do Mundo. O evento que todos querem sediar, no entanto, tornou-se estorvo sob tintas dos que só enxergam no país desgraças.

Ainda que o povo por mais influenciado pelo 'suplício chinês' midiático não demonstre embarcar no apocalipse anunciado ao som de todas as trombetas.

Mas tudo somente pode ser compreendido quando quando lemos o verso da página, escondida de todos: é a política..., é a eleição..., é a fraqueza da oposição... Os atores vários que assumem ostensiva ou laconicamente a reação ao governo prestam-se a tudo para assegurar espaço na peça, ainda que tão só na coxia.

No entanto há coisas que beiram o estapafúrdio no atual processo eleitoral. Alexandre Padilha, candidato a governador em São Paulo, teve proibida sua ‘caravana’ de percorrer municípios, conhecer e visitar eleitores. Autor da proibição: Justiça Eleitoral, a pedido do PSDB.

Na esteira, tudo que a presidente Dilma faz encontra a leitura de que o faz eleitoralmente. Paulo Henrique Amorim levantou o hilário da situação: “TSE vai multar a FIFA se a Dilma ganhar a Copa”. 

A ironia é perfeita. Porque tamanho o maniqueísmo que tudo que possa ser usado contra o será. Desta forma vencendo o Brasil o certame não será mérito da Seleção Brasileira, mas da presidente. Que fez campanha eleitoral com a Copa do Mundo.

Caso o Brasil não conquiste a Copa aí sim, a culpa será inteiramente de Dilma. 

É marcação cerrada! Como seleções estrangeiras farão quando jogarem contra o escrete canarinho.


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