O explicável
Só com neologismos para expor o que dizem as lideranças maiores do Congresso - os Presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados, ambos do PMDB - tentando justificar irresponsáveis condutas das duas Casas diante de uma Medida Provisória, a 601, que beneficia diretamente a população, justamente aquela que desonera as contas de energia.
Dizendo-se escaldado - afinal, cumpre o que prometera quando da discussão da MP dos Portos - o senador Renan Calheiros diz que não mais porá em votação no Senado medidas provisórias que cheguem à Casa para tramitar em menos de sete dias.
De imediato há uma velada crítica à atuação da Câmara dos Deputados, que retarda a votação e o envio para apreciação dos senadores.
Ouvido, o presidente da Câmara, deputado Henrique Alves, tergiversou deixando a entender - já que suas explicações não explicaram nada, apenas sinalizaram - que as relações entre deputados da base governista e o Governo não andam lá essas coisas.
Poderia ter dito, sem meias palavras, que o Governo Dilma Rousseff não está colaborando com o toma lá dá cá que faz a festa dos senhores deputados. Ou mesmo, que entre eles - donde se destaca o líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha - há dignificantes representantes, a la Dom Corleone, de máfias parlamentares a serviço mais de lobies empresariais, dos quais recebem dinheiro para defender seus interesses na Câmara.
Nenhuma das justificativas explicam - de modo que o povo que os colocou lá entenda - as subreptícias razões que levam o Congresso a não aprovar algo que beneficia diretamente a população.
É assim como inexplicar o explicável.
Ainda mais inexplicável
Por outro lado, muito difícil o senador Renan Calheiros justificar o não andamento que lhe compete porque a Câmara dos Deputados não cumpriu com seu desiderato a tempo.
A absurda situação leva-nos a entender que o Senado da República passa a ser refém da Câmara dos Deputados. Ainda que pareça correta a sua postura de não apreciar o que lhe chegue em cima da hora, como não há lei que obrigue a Câmara a cumprir tempestivamente com seus deveres, assume o Senado o papel secundário de deixar caducar em seu colo o que lhe foi enviado pela Câmara. Ou seja, as medidas provisórias caducarão no Senado - que não deu causa - e não na Câmara - que deu causa.
Nessa briga sobra para o povo, que paga a conta dos senhores deputados e senadores e que quando tem algo que possa lhe beneficiar vê passar ao largo seus interesses, sob beicinhos de Suas Excelências.
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