De estudo II
Com todas as letras o ministro Joaquim Barbosa, convidado na condição de Presidente do Supremo Tribunal Federal, em pronunciamento em San José da Costa Rica, no congresso da UNESCO ali realizado sobre imprensa, não poupou adjetivações ao jornalismo pátrio, por ele considerado pleno de “falta de pluralismo” e mesmo “fraca diversidade política e ideológica”, deduzindo que, a exemplo das três maiores referências (Estadão, Globo e Folha) mais estão “para a direita no campo das ideias”.
Suas elucubrações afirmam a desigualdade de tratamento para brancos e negros dentro da própria Justiça, da qual é representante maior: “As pessoas são tratadas de forma diferente, de acordo com seu status, sua fortuna e a cor da sua pele: isso tudo tem um papel enorme no sistema judicial, especialmente em relação à impunidade”.
No segundo aspecto de suas declarações, cabe-nos indagar se o Presidente do Supremo tem as respostas e soluções para reduzir a desigualdade ou apenas se expressa no plano sublimativo (coisa para Freud explicar), visto presidir a Corte Judiciária Maior deste país, o que nos leva a crer que, se não tem soluções, apenas transita no círculo da academia, expondo idéias.
No primeiro aspecto, considerando as relações muito próximas entre o ministro Joaquim Barbosa e a imprensa por ele criticada (que o exalta, enquanto relator da AP 470, por servi-la em seus propósitos), a exemplo de Merval Pereira – uma das expressões do reacionarismo nacional – tomo como nossas as palavras de Mino Carta fechando o editorial da CartaCapital nº 748: “Merval não é personagem-símbolo do jornalismo negro e de esquerda”.
Deduzimos, portanto, que Joaquim Barbosa está muito bem na fita quando discursa mas não corresponde ao discurso.
Talvez por discursar para platéia estrangeira.
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