Atribui-se a Cristo Jesus a
expressão “meu reino não é deste mundo” para responder às cobranças que lhe
eram feitas para que realizasse materialmente como o messias revolucionário que muitos imaginavam fosse.
Diremos
que não controlamos este mundo, tampouco “temos como exigir deste mundo nem mesmo o
que ele se propõe a nos oferecer” ou, simplesmente, nada mais do que esperar por aquilo que ele afirma poder oferecer. Para Jesus Cristo o plano da Salvação não poderia
corresponder aos quereres do mundo material. Para os que vivemos nele (o mundo
material) ainda que paguemos por aquilo que se nos propõe não temos como
controlar em torno dos compromissos que dele são derivados.
Toda essa alegoria – ainda que não a vejamos em bases
escatológicas, em que pese nos sentirmos como se o mundo chegara ao fim – para dizer que nada registramos em nosso blogue durante quatro dias por que nos furtaram os meios
de fazê-lo. Meios sobre os quais não dispomos como controlar, porque não
estão sob nosso mísero controle.
Fica-nos apenas a sensação do
fracasso por nos sentirmos envolto no princípio exuperiano de que ‘somos
responsáveis por aquilo que cativamos’. Os milhares de acessos mensais de que
dispomos diretamente em nosso blogue exigem – já o percebemos – atualização
diária – muitas vezes horária. Para tanto carecemos também da atualização na própria rede
de que nos valemos para expor. Seja-o como fonte atualizadora, seja-o como
instrumento de comunicação.
Simplesmente ficamos sem
internet – paga ao sistema Velox – no curso desses dias. Até que conseguimos uma
terceira fórmula para postar esta coluna. Razão por que concluímos com o 'Quem tem um não tem nenhum',
da sabedoria popular. Parodiando-a: que tem só Velox não tem internet.
Como consumidor fazer o quê?
Demande judicialmente – dirá alguém! – afinal você é advogado. Mas aí a
distância entre o espiritual e o material. Nossa angústia – por falhar em nossa
responsabilidade em razão de outrem – encontrará limite no fio de navalha entre
postular no mundo dos homens através de sua Justiça (Judiciário) e o que
deixamos de realizar – e não mais será o mesmo, porque não há como ser
repetido, em razão do instante em que se fazia útil ou necessário – apenas para
transitar por caminhos iluminados pelo pré-socrático Heráclito de Éfeso no século VI a.C.
Restaria – no plano da
reparação judiciária – a recuperação de prejuízos materiais, que exigem prova
quantificada. Muito pouco para quem tem na mensagem que efetiva a riqueza
produzida instantânea e diariamente: a de ser lido, discutido, questionado e,
ainda que pouco, centro de informação e opinião. Portanto, o espiritual mais
prepondera e é inalcançado pela quantificação material.
A impotência – desprovida
nesse instante de indignação – apenas recomenda lembrar das apologias
tributadas a governantes e a pensamentos econômicos.
No particular do neoliberalismo tupiniquim foi vendida como sucesso e revolução para o consumidor a telefonia. Na venda ofertaram até o satélite de que dispúnhamos para dar maior legitimidade ao butim.
No particular do neoliberalismo tupiniquim foi vendida como sucesso e revolução para o consumidor a telefonia. Na venda ofertaram até o satélite de que dispúnhamos para dar maior legitimidade ao butim.
Seus arautos até ilustram o
progresso com o número de usuários na telefonia móvel, como se a
inexorabilidade da inovação e de sua presença não houvesse ocorrido caso
permanecesse o controle sob o regime público.
Vivemos a apologia da expansão da comunicação pela rede. Esquecendo de quem a controla.
Vivemos a apologia da expansão da comunicação pela rede. Esquecendo de quem a controla.
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