Presente
Este 2014 não é um ano
qualquer. Muitos estarão voltados para dois eventos que nele se destacarão: a
realização da Copa do Mundo (64 anos depois da primeira – bem provavelmente a última
no continente sulamericano, como já o sinalizou a própria FIFA) e as eleições
presidenciais, que podem alimentar mais quatro anos para o PT e sua gestão de
centro-esquerda no Brasil.
A Copa é criatura do Governo do PT, que incomoda com a possibilidade concreta de permanecer no poder. Aí
reside o conflito: sucesso para a Copa representa propaganda indireta para o
Governo (leia-se, PT). Então, os que lhe fazem oposição ficam contra a Copa,
não importa o que traga ela de vantagem para o Brasil. É a luta e o embate
político eleitoral que estão em jogo. Em ringue de vale-tudo.
Não nos devemos pautar, no
entanto, tão somente nos dois eventos. Mas tomar outros dois a serem lembrados
neste mesmo ano e que, de uma forma ou de outra, apresentam lições para o
observador em relação aos vários elementos que se interligam e se fazem presentes
em todos.
Para que o leitor possa melhor entender o raciocínio, partamos para os dois
outros fatos históricos de significação a que nos referimos acima, que devem
ser lembrados este ano, especialmente por suas contradições e íntimas relações:
a campanha das “Diretas Já”, em 1984 e o golpe
de 1964. Separados por exatos 20 anos.
Um para ser lembrado com alegria, por ter sido o móvel do processo da retomada da Democracia no país, completando trinta anos; outro, para não ser esquecido, já que o esquecimento sobre as razões que o levaram a ocorrer não podem escorrer para o limbo; mesmo porque ainda se fazem presentes, por outros meios, neste mesmo ano eleitoral, ainda que vetusto em suas bodas de ouro.
Um para ser lembrado com alegria, por ter sido o móvel do processo da retomada da Democracia no país, completando trinta anos; outro, para não ser esquecido, já que o esquecimento sobre as razões que o levaram a ocorrer não podem escorrer para o limbo; mesmo porque ainda se fazem presentes, por outros meios, neste mesmo ano eleitoral, ainda que vetusto em suas bodas de ouro.
As eleições deste ano, por
exemplo, trazem projetos antagônicos no âmbito de anseios políticos: as forças que
enfrentam o poder instituído trabalham da mesma forma como trabalharam as que
levaram ao golpe. Em 1964 um governo que buscava implementar reformas ‘de base’
e políticas públicas de caráter nacionalista e distributivista – reformas
agrária e educacional, tributação sobre a riqueza etc. – foi destituído pelos
ideais conservadores, que alimentaram e beberam não na vontade popular, mas na
manipulação da informação e na distorção dos fatos acontecidos, parte deles
custeada e promovida pelo reacionarismo, como meio de gerar o caos social, como
hoje acontece através de manifestações de classe média alta nos mesmos moldes
das ‘marchas’ da família com Deus pela liberdade e pela democracia naquele
fatídico ano para a contemporaneidade brasileira.
Alguns movimentos ou
mobilizações hoje correntes movem-se no mesmo ideário – se assim podemos
chamá-lo – que norteou a atuação de elites em 1964: frustrar políticas que
alcançam camadas mais miseráveis da sociedade. Em 1964, ainda em projeto; em
2014, já implantadas e em curso de aperfeiçoamento.
Hoje, como ontem
A presença de veículos de
comunicação em um e outro merece consideração especial, porque a atuação
permanece. Estiveram ao lado do golpe militar e, caso consigam o que insinuam, não
seriam contrários a outro, desde que lhes fosse – e aos que defendem –
assegurados o controle e a hegemonia político-administrativa.
Não se diga que contra a Copa
do Mundo não está sendo desenvolvida uma campanha solerte, de conteúdo
político-eleitoral para gerar factóides a serem utilizados na presidencial. Tal
campanha encontra nos meios de comunicação um baluarte especial: a TV Globo.
(A propósito da Globo, a
Polícia Federal finalmente instaurou inquérito para apurar o crimes fiscais e
financeiros cometidos em 2002 e que hoje representam mais de 1 bilhão de reais de
sonegação fiscal).
Não passa por nós apenas insinuar
que tanto no golpe militar como na campanha das “Diretas Já” o sistema Globo
atuou exemplarmente. Com o golpe ganhou o sistema de televisão, com o qual
ignorou a campanha pela aprovação da emenda Dante de Oliveira.
Hoje, em relação à Copa do
Mundo – ainda que detenha os direitos de transmissão – faz dela mote para
campanha contra o Governo. Tornou-se lugar comum em sua programação
jornalística o “imagine na Copa” para anunciar um caos que só ela enxerga.
Não à toa torna-se lugar
comum palavras de ordem em manifestações, como “a verdade é dura, a Globo
apoiou a ditadura”.
Objeto, objetivo e meios são os mesmos.
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