Não que seja uma praga. Mas há em nós o atávico desejo de
saber como será nosso futuro: tarólogos, cartomantes, quiromantes, astrólogos,
entre outros, são os donos da festa.
Vimos de uma taróloga, pela rede, que a presidente Dilma
Rousseff não se reelegerá.
Assim como de um vidente que expõe a realidade de
nosso futebol afirmando não só que o Brasil não vencerá a Copa em seu
território, mas - para massacre de nossa autoestima - que a Argentina levantará a
taça.
De leituras
A passagem de ano – tradicionalizada em queima de fogos,
recentemente aprofundado o costume – mereceu em Itabuna alguns poucos espocados,
suficientes mais para espantar cães medrosos e menos para traduzir uma
programação local digna de referência à chegada de um novo ano pelo Dia da
Confraternização Universal.
E fomos nos debruçar sobre lembranças. De leituras vividas ou
brotadas de textos alheios. E descambamos na vala do perceber que Itabuna – se tomamos
o fragor das comemorações – mais está para integrar o universo literário de
Monteiro Lobato e seu “Cidades Mortas”, conto que dá nome à obra, escrito quando
esta terra entrava nos cueiros de pretensão à cidade, em 1906 (alcançada quatro
anos depois), publicado em 1919, quando já comemorando bodas de cerâmica ou
vime, como melhor o admitir o caro leitor.
Caso Lobato não houvesse se dedicado
ao Vale do Paraíba certamente deixaria um vigésimo sexto conto (na edição original)
para o torrão amadiano, incluindo um “Cacau!Cacau!”, perfeita paródia para “Café!Café!”.
Lá, a decadência com o débâcle
do ciclo do café a partir do final do século XIX, quando deslocada sua produção
para o Oeste paulista; aqui, o alegado impacto de uma crise também na lavoura:
a do cacau.
Uma diferença, no entanto, se apresenta. Não há aqui a morte
de uma cidade, mas do planejamento para uma terra vocacionada à grandeza. Mesmo
que sustentada em vícios que busca superar. Ainda que haja, como em Lobato, a
reconhecer-se um marasmo político-econômico-literário que faríamos acrescer com
um cívico-artístico-histórico. E que (man)tenhamos idêntico espaço e personagens para
reproduzir os contos “Os senhores do café” e “Um homem honesto”.
Na verdade a passagem de 2013 para 2014, em nível de
comemorações, é o retrato de uma terra que só não alimenta um Cidades Mortas porque lhe impuseram
vocação para o progresso, quando a tornaram ponto de convergência da malha
viária regional nos idos dos 30 do século passado.
E insistem em tirá-la do limbo em que se encontra, quando promovem a implantação de uma gama de investimentos no denominado complexo intermodal.
No mais estamos como 'cantou' representante local (composição própria) em programa televisivo neste domingo: gostando de pancada.
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