domingo, 19 de fevereiro de 2012

De Rodapés e de Achados - Dia 19 de Fevereiro

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  


Adylson Machado

                                                                              

Preambulando

Não circunavegamos mares em busca da Taprobana, mas estivemos sob confia de portuguesa nau singrando a costa. Longe, longe, em mar azul-marinho escuro, “sem rádio, sem notícia das terras civilizadas” – como cantou Luiz Gonzaga – imaginando o que ocorria pela desencantada terra de Jorge Amado.
No fim ânsia satisfeita, instrumentos acionados. E nada. Mar calmo e céu de brigadeiro, longe do Ceilão.
Como não somos Camões para cantar a Taprobana cá ficamos com algumas marolas.

Novo abadá

Observando bem, não houve diferença entre o modus operandi da greve baiana e as ações desencadeadas pelo PCC em São Paulo, quando efetivadas rebeliões simultâneas nos presídios paulistas, sob comando central de Marcola.
De singular – coisas da Bahia – a possibilidade de colete à prova de balas tornar-se abadá.

Retorno do circo

Novamente um caso comum tornado extraordinário pela atuação da tevelândia, com cobertura da Globo, Record, SBT, Bandeirantes e quejandos. Exposição ao extremo do julgamento do criminoso que vitimou Eloá.
O crime, em muito atribuído a erros da atuação policial (afetada pela cobertura televisiva ao vivo), tem parcela de responsabilidade da mídia, que inclusive transmitia entrevista com o ainda não homicida.
Tudo já se encontrava no limbo. Trazido à tona pela nova onda sensacionalista.

Autodefesa da mídia

Como houve condenação deixa a idéia de que a cobertura estava certa, ao repeti-la no curso do julgamento. Especial e singular catarse.
No entanto uma indagação ainda paira no ar: se não presente o sensacionalismo midiático o desfecho seria aquele?

Detalhes

Advogados da família de Eloá pretendem acionar o Estado por danos morais, justamente porque a polícia não se houve bem. A mídia de fora da ação, ela que, para especialistas, também contribuiu para o desfecho.
Advogados entrevistados pela mídia.
Trocam favores.

Não duvide!

prisãoAconteceu em São Paulo. Um morador de rua foi condenado à prisão domiciliar por furto.
Todos queremos conhecer o carcereiro.

Josias assumiu

Tão comum a omissão, mais comum ainda o ficar em cima do muro, por parte de políticos, quando o assunto pode ferir a susceptibilidade de eleitores. Juçara, por exemplo, não disse ao que veio na entrevista na TVI sobre a rebelião de policiais; Geraldo Simões não assume em torno dos limites de Ilheús-Itabuna.
Ao contrário do lugar comum, pelo menos nesse instante, a postura do deputado Josias Gomes é por demais louvável ao condenar a forma como o movimento paredista da polícia militar se desdobrou.
De Jaques Wagner e de paradigmas I
Não deixa de ter razão o governador quando diz que aumentar salário de militar não garante eficiência. É que, com ele comungamos, nem sempre a remuneração define a qualidade. Melhora o humor, quando do recebimento do contracheque imediato à concessão.
Outras circunstâncias, no caso específico, em muito contribuiriam. Dentre elas recursos técnico-científicos, que dependem do próprio governo. E um pouco de Educação Moral e Cívica.

De Jaques Wagner e de paradigmas II

Cá por nossas bandas temos enfrentado o lugar comum de que a certificação (especializações, mestrados, doutorados e afins) assegura qualidade à educação. Se esse o caminho os que estudamos até os anos 50 e 60 seríamos analfabetos, lançados àquelas professoras que, quando muito, tinham o curso normal (magistério).
Na esteira do raciocínio a educação certificada – com pelo menos graduação/universidade – nos faria país do primeiro mundo.

Campanha para ingênuos

Fazem circular a existência de contradição entre a declaração da presidente Dilma em não admitir anistia para policiais que violaram as normas da corporação e seu passado de guerrilheira. Não é o caso da presidente. Ainda que sob regime autoritário, contra o qual combatia, foi julgada e condenada, depois de ter sido presa e torturada.
Não fora uma circunstância inteiramente diversa: a luta da época era contra um regime instaurado através de um golpe militar, violando as instituições democráticas até então existentes.
No caso presente, ações de uma típica rebelião, em flagrante violação à lei, que ferem justamente o Estado de Direito.

Outros tempos

Houve tempo em que o sistema televisivo vinculado à IURD, de Edir Macedo, não admitia nem que o Cristo Redentor fosse mostrado em matérias jornalísticas da casa.
Nesse carnaval a turma entrou na gandaia, ou seja, no meio da folia. Aderiu à folia ou ao dinheiro?

Falta a bengala

A revelação do Pimenta na Muqueca de que o atual presidente da Câmara de Vereadores é beneficiário de aposentadoria pelo INSS amparado em laudo fornecido pela empresa do oftalmologista e atualmente vereador Gerson Nascimento (que atesta a existência de cegueira irreversível causada por diabetes) constitui grave violação a todos os princípios que envolvem a Ética, quer política, quer médica.
Como dá para ver, Ruy Machado tem os olhos bem abertos. E enxerga muito bem!

Dos arquivos... I

Deparamo-nos com fotografia ilustrando a matéria “Começam preparativos para centenário de Jorge Amado”, no Diário Bahia deste fim de semana, nominando os participantes de reunião ocorrida no Gabinete do Prefeito.
Não nos chamou a atenção o atraso do município de Itabuna para com a efeméride que envolve o filho ilustre, mas uma especial participação naquele registro fotográfico.
Correndo aos arquivos (deste que ainda tem mania de guardar papel) localizamos o texto que preservamos pela coragem e destemor, não fora a importância de seu conteúdo, em nível da oportunidade e da tomada de posição em defesa de Itabuna. Dito texto justificou até mesmo entrevista do autor na TVI, a Paulo Lima, no programa Alô Cidade, justamente pela contundência de suas afirmações.

Dos arquivos... II

Não identificaremos o autor nesse instante, tampouco o título, a publicação e quando (tudo será revelado ao final), mas de registrar neste e em próximos rodapés o que foi escrito em idos não tão distantes, que de início entra de sola na realidade local sob lúcida análise. Comecemos a nos brindar:
“As eleições de 2012 serão as primeiras da segunda década do século XXI. É hora de Itabuna entrar no terceiro milênio. Até aqui temos sido governados pelos modelos mais anacrônicos de administração, numa ênfase às mentalidades tacanhas, às práticas mesquinhas, levando de chofre as contingências todas: a imprensa, o comércio, a cultura, enfim. 2012 é a hora de eleger alguém que esteja apto a traduzir os novos ventos que nos sopram”.
“Infelizmente, mesmo tendo evoluído, nossos políticos ainda possuem as mesmas práticas dos velhos e centenários coronéis. Ainda estamos repletos de colunistas capazes de os idolatrar em jornais e revistas, em troca de migalhas”. (SIC)
Fiquemos por aqui. Na próxima semana continuaremos a reproduzir o registro. Que dá nomes.

Só depois das cinzas

Como nesse País o ano só começa depois do Carnaval, o Presidente da Câmara Federal, Marco Maia, empurra para março a instalação da CPI da Privataria – aquela que pretende retomar os temas e as apurações de uma outra, a do Banestado, que ficou no esquecimento.
Com ajuda, inclusive, do PT.

Comissão de Ética

Não é que a Câmara de Itabuna está criando uma Comissão de Ética!
A surpresa está não no fato de que tão importante instrumento não existia. Mas na oportunidade de sua criação.
Que já tem assunto imediato.

Areia clandestina

Não sabíamos da existência de clandestina areia. O há em Olivença a teor do quanto publicado em blogue regional. Tínhamos como clandestina a ação (humana), não o objeto sobre o qual ela racaia (areia).
Para o blogue o inanimado (areia) passou a deter anima (alma) e, por conseguinte, vontade e consciência das coisas.

Acerto

Criticam o governador Wagner por prisões de policias quando quem as decretou foi a Justiça Militar. Não vimos considerações ao dito pela Presidente Dilma de ser contrária a qualquer anistia aos amotinados.
Mas, voltando à vaca fria, alguém admitiria a Justiça Militar exonerando ou nomeando secretários estaduais?
Cada macaco no seu galho já dizia o dito popular imortalizado em melodia por Riachão, o bom baiano do Garcia.

Confusão

O que não pode ser confundido com direito de greve – e a isso os líderes, incluindo ex-policiais, se puseram em risco – é o terrorismo contido nas proposições de um seu dirigente, flagrado ao emiti-las por telefone.
Esta conduta desmoralizou o movimento, transformando-o em motim ou rebelião. As conseqüências (violações à legislação militar) ficam a cargo da Justiça Militar e não do Governador.

Erro

Erra o Governador, no entanto, ao enveredar em competência da Justiça Militar. Não cabe a ele emitir opinião e explicação para prisões. Sob esse ângulo assume o ônus e o desgaste político.
Já dizia Tormeza que em boca fechada não entra mosca.

E por falar em boca fechada

O Ministro Gilberto Carvalho mexeu em vespeiro ao afirmar que o Estado precisa enfrentar o embate, sob prisma ideológico, pela “nova classe média” que estaria sob controle hegemônico de conservadores encastelados no evangelismo e pentecostalismo “que são a grande presença para esse público que está emergindo”.
De imediato temos que, hoje, o pentecostalismo não é privilégio evangélico, haja vista setores da Igreja Católica que nada deixam a desejar em relação aos côngeneres protestantes e andam, inclusive, vendendo areia e água do rio Jordão, já que não mais dispõem de “lascas” da cruz de Cristo, exauridas do estoque por Edir Macedo.

Afinal

A própria reação parlamentar evangélica é a expressão da força desta “nova classe média”, com representação no Parlamento em defesa de sua dogmática. Demonstração e confirmação de existência e poder.
Apenas ofertadas estas ponderações percebe-se que a posição do Ministro, posta sob a ótica individual, sustenta-se na práxis democrática, de abrir debates, questionamentos.
No entanto, pela função que exerce, de intermediador entre o Executivo e o Legislativo, em “estado democrático” que se sustenta no fenômeno da administração pública gerida pelo Executivo amparado no princípio “da governabilidade” – eufemismo para fisiologismo e pressão parlamentar por cargos e recursos públicos – melhor que ficasse calado.
Que a “nova classe média”, tão bem representada no Congresso existe não tenhamos dúvida. Tanta a força, não aceitou nem mesmo as desculpas públicas do Palácio do Planalto, expressadas pelo próprio Ministro.

Do destempero à humilhação

O senador Magno Malta, líder do PR – reverenciado por sua atuação na CPI da Pedofilia – da tribuna da Casa, só faltou chamar Gilberto Carvalho de santo antônio e rapadura (obrigado Tormeza).
Safado, mentiroso, cara de pau, camaleão e ministro meia-boca foram alguns dos adjetivos. Não fora a ameaça: “Barriga não dói só uma vez, seu cara de pau!
Ainda assim o ministro pediu desculpas.
Devia ter pedido o boné, diante da humilhação!

Apoio ou média?

A OAB local apoiou a greve(?) dos policiais, em razão das reivindicações. Deixou de se manifestar sobre o modo como as ações foram conduzidas.
Dessa forma mais está para média de político. Não se imagine algum líder com pretensão eleitoral!

Ampliado o fiasco

ficcConfirmado o fato de que a série que retoma Gabriela como tema não terá da região mais que algumas gravações de casario ilheense e de fazendas de cacau mais se aprofunda o fiasco da FICC (LER), que alardeou estar encaminhando atores itabunenses para testes na praieira.

Fogo nada amigo

Para quem conhece Miralva Moitinho sabe que não nasce dela qualquer ilação de enfrentar no âmago do PT local qualquer indicação à majoritária. Caso houvesse de fazê-lo o faria em outra legenda.
Destarte, dizer que se lançará à disputa interna é fogo de inimigo, ou, quando nada, nada amigo.

Quem tem olhos fundos...

Tem gente pensando em marketing para depois do Carnaval. A eleição, logo ali e as convenções ainda mais perto.
Dizia Tormeza: quem tem os olhos fundos chora mais cedo.

O que mudou?

Eduardo Anunciação, em sua conceituada página no Diário Bahia admite como normal neste universo grapiúna Geraldo Simões e Fernando Gomes “classudamente conversando”, o que não gera “espanto nenhum”.
Cremos que correligionários de ambos não pensam assim. Principalmente os que comeram o pão que o Diabo amassou e tomaram tapa nestas ruas de meu Deus defendendo cada um deles.

Tudo muito próximo

É o mesmo Eduardo que volta ao tema para indagar “Quem no PT vai dizer a Fernando Gomes: Sinta-se em casa”.
Eduardo insistindo, sinal de que a coisa está muito próxima do que anunciamos e especulamos em julho de 2011.
Ainda que – para enganar a plateia – FG não suba em palanque tampouco segure bandeira em caminhada.

II FECIBA

Encontram-se abertas, até o próximo de 23 as inscrições para a Mostra Competitiva de Curta-Metragem da segunda edição do Festival de Cinema Baiano, a ser realizado de 2 a 7 de abril no Teatro Municipal de Ilhéus, com premiação de 2 mil reais para o primeiro colocado.
O evento buscar promover ações de formação de público, mão de obra, difusão e incentivo audiovisual por meio de oficinas, mostra competitiva de curtas-metragens, mostras de longas.
Para mais informações acesse: www.feciba.com.br
Disponibilzaremos em http://adylsonmachado.blogspot.com.br , na janela cinema, no correr da semana, comentários sobre o I FECIBA, a partir dos textos publicados em DE RODAPÉS E DE ACHADOS n’ O TROMBONE.

Carnaval


Lembrando de velhos carnavais, de marchinhas embaladas em críticas sociais, de blocos e bailes de salão, trazemos uma de suas mais representativas intérpretes: Emilinha Borba e um pout-pourri de marchinhas (acima). Ao lado dela, Jorge Veiga e “História da maçã”.
Particularmente uma homenagem à Lavagem do Beco do Fuxico, nossa mais legítima expressão de saudável Carnaval.


Cantinho do ABC da Noite

cabocoCorria a prosa em torno da violência decorrente de uma mordida de pit bull, quando o interlocutor pediu uma solução ao veterinário presente, caso fosse vítima:
– O que eu faço pra destravar a mordida?
– Use o pé-de-cabra – “solucionou” Cabôco, disparando as gargalhadas.

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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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