domingo, 24 de fevereiro de 2019

De colonialismo a tratamentos diferenciados


Colonialismo 
O país, através do governo, está inserido, consciente e definitivamente, em típico estado de beligerância. O que inclui ferir sua tradição diplomática de não-intervenção em assuntos de outros países diante do princípio da autodeterminação dos povos, defesa da paz e solução pacífica dos conflitos, insculpidos na Constituição Federal (art. 4º, Incisos III, IV, VI e VII).

Nesse particular – respeito à autodeterminação – os Estados Unidos encontram-se entre os useiros e vezeiros (talvez o mais eficiente e efetivo) interventores em assuntos alheios.

Sob o argumento de que defendem a ‘democracia’ invadem nações que não estejam a comungar com seus interesses (ou seja, de seus grupos econômicos) ainda que ditaduras sejam por eles protegidas (desde que defendam seus interesses/de seus grupos econômicos).

Mas, acima falamos da preocupante beligerância que norteia a política internacional do atual governo.

Será que com Lula presidente tal situação estaria ocorrendo?

A pergunta gira em razão de um fato concreto: por ser imbatível e, mais, ser candidato, Lula foi processado, julgado e condenado em velocidade incompatível para os padrões judiciário nacionais e teve todos os meios que lhe poderiam assegurar a candidatura inviabilizados pelo Judiciário.

Tudo cheira – como em muito da Lava Jato – à intervenção estrangeira em assuntos internos.

Tirou a toga e pôs o quepe
O Presidente do STF teria participado de reunião com representantes dos poderes Executivo e Legislativo para discutir a questão da Venezuela.

O que faz o Presidente do STF em tal reunião, própria de relações inerentes ao Executivo e/ou Legislativo? 

A quem também serve Tóffoli? 

A quem serviu Tófolli quando contribuiu decisivamente para inviabilizar a candidatura de Lula?

Bessinha mata a charada. Claro, aproveitando para observar os fatos como Freud os analisaria.

Colônia bélica também(?)
Inegavelmente o Brasil – à luz da política diplomática do atual governo – se tornou uma colônia dos Estados Unidos. 

Para servir ao colonizador atende-o em tudo que pretenda, inclusive ferir o princípio da autodeterminação dos povos e lançando por terra a tradição da diplomacia pátria, sempre respeitada no concerto internacional.

Resta saber como se situarão as Forças Armadas (Exército, Marinha e Aeronáutica) quando for proclamado o Brasil como “colônia bélica” dos EUA, o que na prática o Planalto já admite a partir das leituras que fazemos de suas ações.

Ficha-corrida ou folha-corrida
Assim identifica o homem comum qualquer informação sobre antecedentes criminais deste ou daquele nomeado. 

O Congresso, como expoente representativo da classe política do país, nunca deixou de apresentar nos seus quadros figuras com relevante quadro de informações em torno de malfeitos.

Há quem diga – com sinais de sobejas razões – que no atual Congresso não houve a alardeada renovação, mas, tão somente, a inserção de novas folhas-corridas.

Algumas bastante incipientes em termos de experiência, neófitos por excelência.

E nada melhor que um governo na defensiva para ser administrado por raposas políticas.

Em exercício de mandato ou não.

Vespeiro protegido
Lula mexeu em vespeiro quando ensaiou uma reforma da Previdência. Coisa que só se materializa sob tutela forte. Militar se possível.

Que pode prevalecer no atual instante.

Para preservar seus próprios interesses há quem faça esconder o que dela lhes incomodaria/atingiria para transferir as mazelas a quem mais visível, e, relativamente, observado/odiado pelo cidadão comum: classe política (senadores, deputados federais), juízes e procuradores, servidores mais aquinhoados.

Tudo bem armado e bem divulgado fará esquecer pensões milionárias, inclusive.

Alimentando a conversa
Quando tanto se fala em redução de gastos o TJ-PE aumentou em 46% o tíquete alimentação de Suas Excelências e também lhes assegurou melhorias e retroatividade de pagamento a 2011 de benefícios a quem está de férias ou de licença.

Como é difícil o reles mortal entender por que um juiz que ganha muito bem em relação ao mísero que sobrevive com salário mínimo (quando trabalhando) tem auxílio-moradia (ainda que more em casa própria) auxílio-alimentação e quejandos outros (sobre os quais não incide Imposto de Renda) fácil alimentar a campanha ora encetada em defesa da reforma da previdência contra as castas do Poder Público.

Judiciário e Legislativo em especial. Militares de fora.

Simbólico
Há quem veja como significativa e emblemática a profissão de Ônyx Lorenzoni no exercício de atividade no Palácio do Planalto: veterinário.

Não explicitam, no entanto, a especialização.

Tratamento diferenciado
51 milhões de reais de Geddel Vieira Lima valem mais que 100 milhões de Paulo Vieira, o Paulo Preto. Inclusive pelo critério de análise e repercussão dos fatos (idênticos) da imprensa ‘oficial’.

Questão de proteção oficial. O primeiro, do MDB; o segundo, do PSDB.

Geddel agrega um agravante: foi ministro de governo petista, Lula presidente. 

Paulo Preto, um atenuante: surrupiou dinheiro enquanto secretário de José Serra em obras promovidas pelo governo do estado de São Paulo, que há mais de vinte anos é administrado por tucanos.

Desejando o leitor enviar perguntas para esclarecimento da diferenciação favor não encaminhá-las a certas Varas Criminais (incluindo a federal de Curitiba), à Polícia Federal e ao Ministério Público (federal e de alguns estados como Minas Gerais e São Paulo, apenas para ilustrar) ainda que não possamos generalizar. 

domingo, 17 de fevereiro de 2019

Quão perdidos!


Quão perdidos estamos. Basta ver. E perceber no que vemos o pouco que enxergamos. 

A civilização contemporânea avançou muito nos últimos séculos e multiplicou-se nas décadas mais recentes. Alcançamos a possibilidade de quase autêntico tele transporte, tanto que já nos vemos e nos sentimos ao vivo conversando com quem queiramos. 

Desde que disponhamos dos meios para tanto.

Eis a questão: desde que disponhamos dos meios para tanto.

A presente reflexão gira em torno de um fato concreto: por razões técnico-tecnológicas não tivemos como postar nossa coluna no domingo passado. Computador com problemas, levado à assistência técnica.

Os que nos tornamos responsáveis por aquilo/aqueles que cativamos, de pés e mãos amarradas, sabíamos da procura do texto pelos fieis leitores (o que confirmamos quando do retorno), sem que nada pudéssemos fazer.

E, em tempos apocalípticos, nos vimos diante do inexorável, quando cessarem as transmissões que dependem de satélites, das quais dependemos nós e esta humanidade tecnologizada (a tribal não o perceberá, a não ser indiretamente).

Sejam por fatos alheios ou, o mais terrível, por conveniência de quem os controla.

E aqui tratamos do tema de forma purista, humanista, republicana. 

Porque sobre a manipulação dos avanços tecnológicos, usados ao sabor de interesses, já estamos nos acostumando.

E há quem ache normal.

Os pontos se unem
Registramos neste espaço (Também têm seu pirão, onde disponibilizado o link da Pública) um fato pouco aventado pela mídia, que tanto traça paralelos entre a crise fiscal do país com custo de remuneração dos  servidores públicos e de aposentados. Ali estava o percebido por alguns escalões militares, inclusive ganhos em dólar.

Intriga a muitos o fato de o militar ser – ou dever ser – nacionalista por excelência e convicção vir a apoiar um golpe de estado e alimentar as políticas de entrega do patrimônio e dos segredos que asseguram(riam) a soberania do país face ao mundo (pré-sal, Amazônia, nióbio, urânio, processamento de urânio,  submarino nuclear, indústria bélica, incluindo a aeronáutica/Embraer etc. etc.).

Documento veiculado pelo Sul21 escancara as razões por que tal está acontecendo: a aliança das Forças Armadas brasileiras com os Estados Unidos.

No fim, uma minoria de integrantes das Forças Armadas será a grande beneficiada de tudo. Como aquela insignificante parcela da classe dominante encastelada nos quartéis da sociedade civil.

Quando se materializar o conflito e vidas tenham de ser sacrificadas certamente não será a de comandantes militares e sim a de soldados, fuzileiros e marinheiros. 

Naturalmente filhos dos desvalidos, porque de políticos, de magistrados, de procuradores, de generais, almirantes e brigadeiros não o serão.   

De quem receberá as ordens
A gravidade dos fatos nem de longe está sendo discutida nas instâncias institucionais às quais cabe. 

Mas, o Brasil e as Forças Armadas brasileiras (a reboque) podem deflagrar uma ofensiva militar à Venezuela recebendo ordem dos Estados Unidos.

A mais atual força de ocupação para derrubar um governo eleito.

Em Santo Domingo, em 1965, foi assim.

E assim estamos: ou os Estados Unidos ordenam (e se desmoraliza nosso país) ou (hipótese impossível) o governo brasileiro o faria (e assumiria uma violação à política externa e às próprias leis que a regem). 

Mas, quem dará efetivamente a ordem?

domingo, 3 de fevereiro de 2019

Os burros que somos e nada mudou


A Europa imperialista ocupou a África, dividiu-a como se traçada geometricamente, pôs no mesmo espaço territorial tribos adversárias que se digladiavam (mortais inimigas) enquanto as riquezas (diamantes, ouro etc.) encaminhadas para o continente europeu. Inglaterra, Holanda, Alemanha, França, Itália entre outras.

No Oriente Médio, depois da Primeira Guerra, os povos que viviam em paz sob tutela Otomana (cristãos, drusos, palestinos, árabes etc.) foram divididos entre os vencedores de então (Inglaterra, França). Até hoje vivem em permanente conflito engordando com suas riquezas (petróleo) as burras dos invasores (hoje coordenados pelos Estados Unidos, de um lado, e a Rússia como contraponto).

Nossa leitura gira para concluir em torno da América Latina. As mesmas forças querem dividir o continente, pôr antigos irmãos em conflito, em guerra permanente. Para engordar as mesmas burras.

Não são eles burros; burros somos nós.

Incompreensão
Não entendemos o porquê de tanta incompreensão diante do benfazejo gesto da ministra (em todos os sentidos) Damares, de que teria retirado indevidamente uma índia de sua família. 

A bondosa e graciosa senhora apenas cumpriu uma orientação, que dirá, divina: de levar a menina para prepara-la para ver, vestidinha de rosa, Jesus Cristo na goiabeira!

Desmoralização suprema
Prenderam Lula como preso comum. Inventaram o que de (não)provas lhes interessava. Sempre negaram o caráter político-eleitoral de sua condenação (processo tramitando em velocidade nunca vista no país).

Escancaram a realidade: Lula é um preso político. Prova está quando sob argumentos pífios, lhe negaram um direito assegurado em lei. E que nem a ditadura militar lhe negou.

Caso outra a leitura e tomando as ‘razões’ do impedimento de o Judiciário e o Sistema Penitenciário Federal fazerem cumprir a Lei uma nada velada confissão:

a) de que ditas instituições só funcionam para corresponder aos interesses; 

b) estão incapacitadas para o exercício das funções institucionais.

No fundo, no fundo chegamos ao fim dos tempos para as instituições do país. 

Para ferir, magoar e humilhar Lula vivemos o absurdo de o país perder a vergonha. Não tem mais vergonha de cometer qualquer absurdo, desde que para atingir Lula se faça necessário.

Muito provável que qualquer destes (e mais alguns) nunca tenham ouvido falar em Antígona. 

Mas, muito neles há de Mamã Grande, da alegoria de Gabriel Garcia Márquez. 

Porque, como no enterro desta correm para garantir o butim mantendo afastado o morto-vivo.

Chame o guarda da esquina
No ridículo por que passamos, com Judiciário capitaneando a farsa, tudo começa quando quem detinha a competência administrativa para decidir transferiu-a para os ‘guardas da esquina’ encastelados no Judiciário e na Procuradoria da República. 

Os que traduzem Hannah Arendt e aquela ‘banalidade do mal’ para nomear a personalidade dos sem caráter e sem escrúpulos

O crime agradece
A confissão – caso levada a sério, porque muito mais está para piada – de que a Polícia não tinha condições de fazer cumprir a lei em favor de Lula pode ser motivo de festa para o crime dito organizado (que já manda no Estado em muitos lugares, ou das prisões ou das instituições). 

Porque a conclusão é a de que se não pode garantir direitos de um custodiado como garantirá o da sociedade?

Ocaso aperfeiçoado
DEM preside Câmara e Senado. Militares tutelam o governo atual, do qual fazem parte democraticamente.

A história do DEM é a história da arrumação de uma concepção político-entreguista no curso dos tempos nestes 70 anos de República, em meio à ditadura e instantes democráticos, sempre encabeçando interesses de fora (ainda que, no passado, abrigasse intelectuais – o que pouco significa – o que não é o caso de hoje) e que se aperfeiçoa neste 2019 com as eleições acima referidas.

Na leitura antiga, de trás para frente, do ontem para o hoje: UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM; Na atualidade, do hoje para o ontem: DEM-PFL-PDS-ARENA-UDN.

Nada mudou. A História se repete. Como farsa, lembraria Marx.

Um pouco de poesia

                    
                        Urupês

“Só ele não fala, não canta, não ri, não ama,
só ele, no meio de tanta vida, não vive”, não vê
como tudo que aí existe é seu, lhe pertenceu
por herança natural, até o instante em que

os degredados aportaram e plantaram, logo
que puderam, a escravidão dos sonhos
dos romanos, imaginados conquistadores
de bárbaros, os que aqui em paz vivíamos

Os séculos vão passando, como primeiro dia
de uma eternidade que somente existe
por aqui, onde a vocação dos que comandam 
é tornar triste o dia que ainda não seja triste

“Só ele não fala, não canta, não ri, não ama,
só ele, no meio de tanta vida, não vive”, não vê