domingo, 28 de outubro de 2018

Tanto Mar - Chico Buarque

Em meio às singularidades


Revolução dos Cravos
Quando concluímos a coluna (às 19:00h) ainda não havia publicação de qualquer resultado nas apurações. 

Mas, uma coisa nos ficou evidente nestes últimos dias: a militância petista e a reação e o despertar da sociedade diante do discurso autoritário impulsionaram um movimento de virada em favor de Fernando Haddad.

Qualquer que seja o resultado, ainda que a derrota petista venha a se consumar, isso ficou evidente.

Lembrou a este articulista aquele verso “Foi bonito, pá”, de Tanto Mar, de Chico Buarque, cantando a Revolução dos Cravos, saudoso em seu tempo, como fora Fernando Pessoa no poema inspirador (Navegar É Preciso), buscado em Pompeu (106-48 a.C.).

Covarde, porque sou...
Dados concretos demonstram a evidência de manipulação no processo eleitoral, que significativamente interferiu nos resultados para presidente no primeiro turno, fato alheio em nível de apuração por este omisso e acovardado Poder Judiciário (TSE e STF).

A matéria de Mauro Lopes e Pablo Nacer, no 247 o diz claramente, basta que se veja a queda nos índices analisados (quesito busca) depois da denúncia de Patrícia Campos Melo na Folha de São Paulo, de intervenção econômica indevida e ilegal de parcela de empresários em favor de Bolsonaro, veiculando mentiras (fake News) na rede referentes a Fernando Haddad.

Para o quanto delimitado em lei tudo viola o processo eleitoral, porque através de meios ilegais (doações vedadas em lei) o eleitor foi induzido a erro de avaliação a partir de mentiras veiculadas. Em torno disso – e da gravidade nele contida – o Poder judiciário NUNCA poderia se omitir.

Especialmente tão zeloso quando no centro de suas decisões está Lula/PT etc.

Ao leitor a análise dos dados. E a ele transferimos também a compreensão do quanto custará ao país a postura acovardada, omissa e irresponsável do Poder Judiciário.


Há quem acredite... 
Em Papai Noel, mula sem cabeça, boitatá, super homem etc. Inclusive quem acredita no que diga Rosa Weber, ministra do STF, ora presidindo o TSE. No caso concreto Alex Solnik, que andou gastando tinta para interpretar a afirmação de Sua Excelência, em coletiva, de que “Todos os brasileiros são inocentes até o trânsito em julgado do processo”. 

Para o ilustrado intérprete teria a Ministra afirmado nas entrelinhas “Lula é inocente, está preso injustamente e deveria estar em liberdade até o trânsito em julgado do processo do tríplex.”

O experiente jornalista esqueceu de registrar que tal afirmativa já fez a mesma Rosa Weber, inclusive dizendo que mudara seu posicionamento adotado em 2016 (dela também a responsabilidade por votar pelo absurdo).

Mas, caro Solnik, não foi essa a posição adotada no caso do habeas corpus, quando – mesmo declarando ser contrária (atualmente, sabe Deus até quando!) à prisão em 2º grau, julgou contrariamente para “acompanhar” a votação dos que a antecederam.

Confiar no que diz tal figura é acreditar em Papai Noel, boitatá, etc. etc. etc.

Mesmo porque pode fazer como no julgamento de José Dirceu, quando trouxe ao mundo jurídico essa pérola: não tenho prova contra Dirceu mas a literatura jurídica me autoriza a condená-lo.

Lindo de morrer! De rir!

Causa e efeito
Bem poderia explicar o ministro Roberto Barroso, do STF, o que quis dizer com “os países, como as pessoas, passam pelo que tem que passar, para amadurecerem e evoluírem”, como observou Tereza Cruvinel. Justamente porque aplicou aos “países” princípio inerente à espiritualidade, pois a lei cármica, da causa e efeito, está afeta às individualidades que, pela reencarnação, tendem ao aprimoramento.

Muito em especial pelo fato de Sua Excelência, a quem compete – em nível da lei dos homens à qual está submetido – aplicar fundamentos que regulam institucionalmente o Estado Democrático de Direito que nunca foi elaborado sob a égide de centros espirituais, até porque em tais lugares não se faz o que, por exemplo, Sua Excelência o faz, como negar vigência à lei a que está vinculado a cumprir por desígnio funcional e não espiritual.

Ou estaria Sua Excelência, utilizando-se da lei de causa e efeito para realizar o messianismo que ora se anuncia para o país, pátria do Evangelho?

E acrescentamos: Sua Excelência, com a espatafúrdia declaração, lança as bases do singular 'pentecostalismo kardecista'.

Considerações
Quando publicamos este dominical não dispúnhamos dos resultados das eleições, em segundo turno. O alimento informativo ainda o que ocorria: vitória de Bolsonaro.

Em torno disso refletimos.

Considerando uma série de denúncias de manipulações as mais várias, que teriam comprometido o resultado de forma direta já no primeiro turno, a vitória de Bolsonaro efetivamente é “sua” vitória?... 

Não, afirmamos.

É a vitória de um projeto onde o candidato entra no Credo como Pilatos: por conveniência e falta de opção.

Judiciário, mídia (capitaneada pela Globo) e dinheiro empresarial (ilicitamente) asseguraram a eleição de Bolsonaro.

O mais vergonhoso não é a mídia e o empresariado em defesa de seus interesses e dos grupos que os sustentam. A vergonha, em plenitude, está no Judiciário.

Acovardado. Preferimos tachá-lo de acovardado, não só porque as atitudes recentes o demonstram à saciedade. 

Mas, repetimos, preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo conivente com os absurdos perpetrados em defesa de uma ordem econômica incompatível com os interesses pátrios.

Preferimos tachá-lo de acovardado para não afirmá-lo agente de interesses escusos comandados de além mar.

Sem comparação
Há quem queira comparar os dois instantes, considerando o retrocesso: o golpe civil/militar de 1964 e aquele consumado em 2016 que se perpetua em desígnios neste 2018.

Tomando o Poder Judiciário, na representação institucional do Supremo Tribunal Federal, como paradigma, podemos ver, de imediato, quão diferentes os instantes. Em 1964, ultrapassado o golpe, quedou-se acovardado o STF. Em 2018, o acovardado STF participou efetivamente do processo. Seja-o por omissão em temas capitais, seja-o por comissão/atuação objetiva e consciente no próprio processo eleitoral.

Tudo o que ora acontece, desde 2016, acontece porque o apoiou o STF.

No primeiro instante (1964) a força das baionetas; no segundo, o da caneta do Judiciário.

Singularidades
Nestes dias turbulentos, quando as ideias perderam espaço para as ações, convivemos com situações inimagináveis: Joaquim Barbosa (carrasco do PT) declarando voto no petista e Ciro Gomes ficando em cima do muro.

Coisas da política, dirá o homem comum. E acrescentamos nós: deste singular Brasil. Onde um, cuja postura como julgador, foi a negação ao Direito e outro, que se converte em afirmação ao que negou.



domingo, 21 de outubro de 2018

De surpresas várias ao que nos aguarda


Ninguém esperava por isso
Às vésperas do segundo turno muito do que nunca imaginamos aconteceu: o PT renunciar ao vermelho como cor do partido na campanha e o seu candidato elogiar o juiz Sérgio Moro, o carrasco maior do partido.

Ou não se faz PT como antigamente ou fica comprovada a falta de percepção de muitos de seus expoentes diante da fatalidade.

Para muitos, desolação. Lula confiou no técnico Fernando Haddad. Não conhecia o político Haddad, que em vez de defender bandeiras parece demonstrar que tão somente pensa no poder.

A ponto de tornar-se patético e ridículo declarando o que deu de declarar.

Conspiração
Costumam dizer – os que se beneficiam do quanto denunciado – que se trata de ‘teoria da conspiração’. Ou seja, invenção de quem vê pelo em casca de ovo ou chifre na cabeça de burro.

A análise de André Barrocal na Carta Capital, aqui veiculada a partir do Conversa Afiada, ilustra em torno da possibilidade concreta do pelo em ovo e do chifre na cabeça do burro.

A depender do Judiciário... melhor reclamar com o Papa
Juristas reclamam ao TSE diante das fraudes eleitorais cometidas. 

O pessimismo deste escriba os vê naquela situação dos cavaleiros de Granada, de Miguel de Cervantes, que ‘saíam em louca disparada pela madrugada: para quê? Para nada!’

Afinal, o que alimenta o pessimismo deste escriba: não é o próprio Judiciário (de STF e TSE) a legitimar tudo que aí está?

Reclamar só a um: ao Papa.

Pergunta inocente
A pauta de julgamentos do STF passa pelo controle do seu presidente. No caso presente, Tóffoli. Ou seja, se Tóffoli não quiser não pauta o processo para julgamento.

Na pendência de pauta um tema aflitivo: a prisão após decisão em segunda instância. Posição inconstitucional admitida pelo STF em 2016 que pode ser revista e beneficiar todos aqueles que se encontram presos em razão deste absurdo jurídico à luz da Constituição brasileira. Dentre eles, Lula.

Tóffoli hoje é assessorado por um general, do qual desconhecemos a razão por que da escolha(?); Talvez por saber jurídico que a plebe ignara – nós em meio a ela – desconhece.

Estando em jogo a possibilidade de libertar Lula antes que o façam os tribunais superiores, o que poderia depender de Tóffoli ainda depende dele?

Uma pergunta inocente para uma conclusão em desdobramento: Lula está ferrado.

Detalhe: o Ministro Dias Tófolli, como outros muitos, foi indicação de Lula/PT.

O que nos aguarda I
As eleições presidenciais deste 2018 negaram ao povo/eleitor a mais elementar de suas finalidades: o conteúdo da proposta do pacto eleitoral. 

Esse conteúdo se manifesta através do debate das propostas de cada candidatura, levadas à escolha. Estas, as propostas, por sua vez, expressam as políticas de Estado na dimensão de políticas de governo que o futuro eleito pretende implantar. Ou seja, sem o debate qualquer candidato eleito cuida de administrar sem a necessidade de corresponder ao prometido através de suas propostas. Assim, administrará como se portador de um cheque em branco eleitoral, como se o eleitor houvesse dito ‘faça o que melhor entender’ que nada tenho a exigir ou cobrar de você.

Lembremo-nos de que a reeleita Dilma Rousseff de logo foi alcançada pela denúncia de que cometera fraude eleitoral porque não correspondia seu novo governar ao prometido durante a campanha.

No que diz respeito a esse cheque em branco, nuvens plúmbeas, caminhando para negras, se nos são exibidas no horizonte próximo.

O pacto eleitoral integra o pacto político que legitima a administração. Passa – no presidencialismo nosso – pela composição entre Poder Legislativo e Poder Executivo, porque através daquele este efetiva as políticas que integraram suas propostas debatidas.

O que nos aguarda II
Ausente qualquer compromisso formal para a efetivação do pacto político e sentindo-se o Presidente sem obrigação de corresponder ao pactuado, porque não existiu, tenderá a conduzir a gestão política tão somente amparado na legitimação dos votos recebidos.

Ocorre que – aí reside o busílis – quem o elegeu espera uma resposta para corresponder às suas necessidades, que passam não só por segurança (tão alardeada) mas por alimento, emprego, educação, saúde etc. etc.

As lições últimas demonstraram que a insatisfação contra o governo não mais só espera outra eleição, a próxima decisão, o próximo pacto: a reação tem sido (manipulada ou não) expressa através dos movimentos sociais organizados e expressões várias de descontentamento através de passeatas etc.

A reação ao governo, eleito sem debater o pacto político-eleitoral, pode, então, trilhar por reprimir, pura e simplesmente, todo e qualquer movimento crítico, sustentado na legitimidade obtida nas urnas e naquele cheque em branco, uma vez que tenderá a acreditar que sua presença à frente do Poder Executivo o foi sob a égide da confiança e que cabe ao povo esperar para que tudo se materialize e tudo fará para tal proceder. 

Razão por que não pode sofrer interferência de quem quer que seja. Especialmente se este “quem quer que seja” se expressa em tradicionais movimentos sociais, atuando há décadas.

A arma para enfrentá-los – já sinalizada, inclusive em falas de campanha – passa por criminalizar ditos movimentos, que passariam a ser tachados como desordeiros e contrários aos destinos da pátria, da família, de Deus e quejandos tais, como analisa Antônio Salvador no GGN.

Antes, comunistas; hoje, terroristas.

O que nos aguarda III
Materializada dita criminalização todos seremos terroristas em potencial, assim consideramos o alerta de Rodrigo Lentz, também no GGN. Porque falar, criticar, escrever passam a ser definidas como atividades inconvenientes aos destinos do país e quem as praticar seus naturais inimigos.

Tudo com apoio da população manipulada.

Esperar o quê diante do que nos aguarda?

Estamos a caminho da irrecuperabilidade civilizatória. A ponto de “1/3 de entrevistados defenderem prisão de suspeitos sem prévia autorização judicial” e 16% admitirem a tortura como método investigatório, como analisa Wilson Ramos Filho, no GGN, diante de pesquisa Datafolha. 

E mais:

“- metade da população acredita ser possível uma ditadura militar no Brasil;
- 24% acham que o governo tem o direito de proibir greves;
- 41% acham que o governo pode intervir nos sindicatos;
- 33% consideram que o governo deve ter o direito de proibir o funcionamento de alguns partidos políticos.”

O problema – percebe-se – não está em Bolsonaro, mas no povo. Manipulado ou não é fato concreto, faticamente existe.

E o fascismo a caminho de tornar-se Política de Estado.

E não imaginemos residir tão somente no povo a expressão dantesca do escrito acima. Todos os que, em suas funções, legitimam tais absurdos integram e contribuem para a realidade cruel. O que inclui Procuradores da República, juízes, desembargadores, Ministros do STF. 

Todos aqueles que, de uma forma ou de outra, já expressaram em pedidos e decisões o inominável.

domingo, 14 de outubro de 2018

Cuidando de entender e aplicar as facetas várias da Ciência Política a esta terra brasilis

Fome Zero
Tornou-se programa global da ONU no último dia 16 a experiência de política pública posta em prática na fórmula preconizada por Lula para combater a fome e a desnutrição, cumprindo o prometido no discurso de posse para o primeiro mandato, quando afirmou que esperava que ao final de seu mandato todos os brasileiros estivessem comendo três refeições por dia.

Para a ONU um projeto para reduzir a fome e a esperança de trazê-la a níveis toleráveis até 2030.

Aquilo que, por vontade política, os governos petistas fizeram em oito anos.

Despenhadeiro abaixo
O Brasil durante o período de governos petistas ocupou espaço entre grandes na discussão global, compreendendo e expondo o seu papel na geopolítica. Se fez líder em alguns casos – como a defesa de políticas Sul-Sul e na defesa da unidade latinoamericana. Tornou-se protagonista nas grandes discussões em defesa da Paz e da Autodeterminação dos Povos. Simplesmente passou a ser admirado como nunca o fora antes.

O mundo admirava o Brasil e procurava espelhar-se nele.

Hoje esse mesmo mundo está assustado – para não dizer apavorado – com o que pode suceder a partir da eleição de alguém que para a comunidade internacional não passa de figura inexpressiva e abjeta.

Os passos recentes demonstraram o despenhadeiro a que chegamos. E sinaliza permanecer.

Cuidando de entender
Ao cidadão que assina o blog não tem como analisar o candidato Bolsonaro além do que ele sempre foi e oferta como biografia: um militar medíocre, reacionário, nulidade política no plano de compreender a função da Política. Como militar não pode ser compreendido como sinônimo do que pensa o quartel. Insuscetível de alcançar o patamar que ora ocupa não fora a destruição do conceito de classe política, adrede e criminosamente elaborada por uma parcela considerável da mídia e, atualmente, da postura político-partidário-eleitoral do Poder Judiciário, levando de quebrada os vocacionados a deus pelo fato de haverem passado em concursos públicos. 

Tudo isso regado pelo fanatismo neo pentecostal que norteia de católicos a protestantes evangélicos.

No processo de criminalização da classe política, quem para isso muito contribuiu – o PSDB significativamente – esqueceu-se de que residia em casa de vidro e não só o telhado ruiria, mas toda a moradia construída durante décadas.

E quem se imaginou beneficiário do que propagou tornou-se vítima e, por consequência, abriu espaço a quem vinha na esteira de um discurso fascista que se tornou única tábua de salvação no imediato.

Mas, como analista, não temos como afastar da discussão algumas muitas das razões por que essa triste figura (nada a ver com o personagem de Cervantes) tende a tornar-se o Chefe da Nação.

Essa circunstância – a chefia da nação – não decorre pura e simples da campanha midiática contrária à classe política. Fora diferente tantos crápulas não estariam reeleitos e uma leva de outros tantos recém eleitos para o Congresso Nacional e Assembleias Legislativas.

Sob esse particular aspecto – da eleição de crápulas – temos um singular exemplo da contradição manifesta: Roberto Requião não foi reeleito para o Senado, pelo Paraná, mas eleito o foi Flávio Arns, figura carimbada em denúncias de fraude em meio ao sistema das APAEs, desse os tempos em que ocupava o Senado como senador pelo PT, do qual saiu para filiar-se ao PSDB (partido que o acolhia, antes de ir para o PT, coisa assim tipo Delcídio do Amaral) e atualmente transita pelo REDE.

Não há como afastar da análise um fato concreto: o alijamento de Lula da disputa – mítica liderança dos despossuídos – permitiu a luta dos pequenos contra si mesmos, da confusa ideia de que o outro é o bandido e eu o salvador. Presente isso não faltaria – como não faltou – quem, sem discurso e sem qualquer possibilidade de argumentar, se tornasse típico profeta a sublimar o que cada um alijado pretende quando desamparado.

Vemos, sob análise fria, o quanto se deixa iludir a massa não só pelas promessas deste ou daquele candidato. A maior das ilusões, no entanto, não reside na dimensão material – ambicionada – mas no recôndito do inconsciente. Afinal, não temos como fugir de um fato concreto, posto ao largo com uma indagação: o que leva o menos favorecido, beneficiado com políticas públicas postas em prática pelos governos petistas a não votar no candidato do PT? E, o mais singular ainda, por que muitos que sempre votaram antes no PT declaram voto em Bolsonaro?

A massificação da campanha ‘PT ladrão’ não responde à pergunta, caso contrário esse mesmo povo não estaria votando em tantos ora eleitos.
Muito menos votaria em quem nenhum compromisso assume para com os menos favorecidos e foge – como o Diabo da cruz – de discutir os problemas da nação e de seu povo, tampouco apresenta uma mísera contribuição pessoal às mudanças que anuncia.

Dispensados sejam psiquiatras, psicanalistas, psicólogos, sociólogos e quejandos tais. O que de verdade há é que somos um país de milhões de Bolsonaros, sem a oportunidade que encontrou o capitão que não teve condição de chegar ao generalato, Deus sabe por quê. 

A primitividade latente no hipocampo, que aguardava as reações oriundas do hipotálamo (social), se desperta acionada por tal singular droga e aflora em plenitude de descontrole emocional.

Imaginemos, apenas, para ilustrar tão promissor futuro para o país de todos nós, esse Chefe da Nação recebido na ONU para a abertura anual dos trabalhos daquela instância internacional.

Cruz credo! Vade retro, mangalô trêis vêis – dirá o caboclo nas pirambeiras.

Caso não se deixe encantar por aquilo que a Globo exibe como verdade. Ele em meio a ela(s).

Por cá continuamos cuidando de entender.

A ciência explica
De João Ubaldo Ribeiro, em lições de Ciência Política (disciplina da qual foi professor na Universidade Federal da Bahia) no livro Política (Editora Nova Fronteira, 1981), o que muito se aplica à atualidade:

“A Política... Não é uma coisa distinta de nós – é a condução de nossa própria existência coletiva, com reflexos imediatos sobre nossa existência individual, nossa prosperidade ou pobreza, nossa educação ou falta de educação, nossa felicidade ou infelicidade. [...] se achamos que a Política está entregue a gente ruim, um pouco da culpa disso, ou grande parte dela, cabe a nós ‘pessoas boas’, que não nos queremos envolver [...]”.

Por agirmos ao contrário da racionalidade – ou quando o fazemos – nada mais fazemos que por a chocar o ovo da serpente. Que surgirá como antagonismo à classe politica e, naturalmente, à Democracia.

A vitória ainda não ocorreu. Mas já aconteceu: a serpente quebrou a casca do ovo, já nasceu!

O que víramos na tela, na denúncia/visão de Ingmar Bergman está aí, ao vivo.

O que não se explica

domingo, 7 de outubro de 2018

Entre incertezas e retornos

Leitura imprescindível
Aqui destacamos A RELAÇÃO MIMÉTICA ENTRE O PÚBLICO E A IMAGEM CINEMATOGRÁFICA, do trabalho acadêmico que instruiu uma dissertação de mestrado do Professor Clédson Miranda dos Santos, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, centrada na influência do cinema estadunidense nas gerações provincianas. No caso estudado, as da cidade de Itororó, nesta Bahia de todos nós:

Após a Primeira Grande Guerra, os Estados Unidos começam a lançar as bases do seu poderio econômico sobre o mundo e um dos modos de difusão e alargamento desse poderio era ratificado por meio das ideologias propagadas pelas películas hollywoodianas, por meio da disseminação dos valores da sociedade de consumo e dos seus produtos. Estava, assim, constituído um modo eficiente de veiculação do modelo de capitalismo norte-americano, principalmente para os países da América Latina e, particularmente, o Brasil, grande consumidor. Ou, como afirma Gomes (1980, p. 86), ‘a raiz mais poderosa dessa produção é constituída por idéias, imagens e estilos já fabricados pelos ocupantes para consumo dos ocupados.’ Conforme Louro (op. cit., p. 426), as platéias selecionavam e acompanhavam os diferentes gêneros narrativos, identificavam e decodificavam os diversos signos, costumes, músicas, movimentos de câmera, sons, jogos de iluminação, etc.. Deste modo, a linguagem cinematográfica e seus diferentes dispositivos passavam a fazer sentido, produziam e difundiam diversas representações.”

Nunca o estudioso haverá de descurar da existência de figuras míticas como Capitão América, Superman e quejandos, vestidos com as cores da bandeira do USA e levando ao imaginário externo aquele país como a pátria da liberdade e da democracia e, acima de tudo, ser ele (o país), o guardião mundial da defesa de tais valores e instituições, ao qual todos deveriam respeitar e copiar/obedecer.

Simplesmente a manipulação das massas. Mentes direcionadas para corresponder aos ditames dos Estados Unidos.

O trabalho, centrado no inconsciente coletivo, não o sabíamos, foi desenvolvido por um filho de Sigmund Freud, como o diz Armando Coelho Neto em texto para avaliar a atualidade brasileira à luz da manipulação midiática capitaneada pela Globo.

Leitura imprescindível.

Doeeeu!
Essa irritação da Globo, manifesta através de Míriam Leitão, cobrando do TSE postura equânime em relação aos candidatos, nos cheira coisa de quem parece haver percebido um nó nas próprias tripas causado pelo remédio que receita.

Quem sabe?, de estar fazendo por um presidente que já anunciou redução para a verba publicitária e está diretamente vinculado à concorrente Record e ao pool de igrejas evangélicas lideradas por Edir Macedo.

Festa
Houve tempo em que uma eleição podia ser chamada de ‘festa da democracia’. A deste 2018 = pautada no ódio e no medo – sinaliza tempos soturnos. Que podem rimar com coturnos.
Estas eleições bem podem ser uma festa, sim: de terror.

História como farsa
Há quem veja na campanha para o segundo turno uma oportunidade para ‘reflexão’ do eleitor. E, assim pensam, o debate de ideias e propostas ocorreria e o eleitor poderia comparar as reações de cada finalista, no campo emocional e político e administrativo.

Esquecem que o debate posto está centrado no ódio e no medo. 

A demonização da classe política mostra os dentes. 

Como na Itália oriunda da Operação Mãos Limpas. 

Que resultou em Berlusconi.

Sonho de consumo
Não é de hoje o sonho de Bolsonaro por implantar uma ditadura, ou, pelo menos, o retorno dos militares ao poder. Em entrevista ao NYT, em 1993, desencavada recentemente, tudo está claro como proposta.

Ou sonho de consumo.


Nem explicando!
Tempos duros os que estamos vivendo. Tempos em que não dá nem mesmo para repetir Brecht: “Que tempos são esses em que temos que explicar o óbvio?”

Pelo andar da carroça, nem explicando!

Constituição para quem e para quê?
Como no samba-canção de Noel Rosa, imortalizado por Araaci de Almeida, nestes trinta anos completados no último dia 5, “morre hoje, sem recado e sem bilhete”, porque “sem luar e sem violão” lhe seria homenagem da qual se dispensou através de seus intérpretes no STF.

O retorno
Durante certo tempo publicamos no blog O TROMBONE uma coluna semanal denominada De Rodapés e de Achados e nela duas tiras assinadas por Vinicius  Os Traços e As Traças , que retornarão a este espaço muito proximamente.

Abaixo uma amostra do publicado há oito anos, com sotaque atual.