domingo, 30 de setembro de 2018

Entre mea culpa, bois na linha, óperas requentadas, detalhes e vale-tudo


Ainda que mea culpa
De Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB, arrependido de haver negado valia aos resultados eleitorais de 2014 e embarcado na canoa furada do ‘rebelde’ Aécio Neves:

"O partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer." (disponível no Google).

Ainda que mea culpa, não bastasse ser tardia, a confissão de como pensa parte da classe dominante quando encastelada no poder: não discute o que deve servir ao país e ao seu povo mas o que e o como se servir deles.

Tem boi na linha I

Da série duvide quem quiser. A matéria truncada de o Globo (apoiada no inquérito da Polícia Federal, a que teve acesso), afirma que Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho e não há terceiros envolvidos no ataque a Bolsonaro. Mas – danado esse mas – as apurações prosseguem. 

Ou seja, há continuidade das investigações à procura de alguma coisa, ainda que o resultado do inquérito (e das apurações) tenha concluído que o indigitado Adélio ‘agiu sozinho.

Fecha o pano.

Abre-se a cortina do teatro, véspera das eleições. Melhor, ante-véspera. A Globo, que pode tudo, publica reportagem e nela repercute alguma entrevista do ilustre Adélio, dizendo que negou envolvimento de terceiros porque estava amedrontado mas (esse danado de mas) tudo foi planejado por Fernando Haddad, que mandou fulano dos anzóis pereira, que se disse amigo de Lula, na véspera do ‘atentado’ para que cuidasse de tirar da linha o candidato... Apesar de contatado pelo telefone fulano dos anzóis pereira não enviou respostas à reportagem. Mas – danado esse mas – a “motivação política” se faz presente (da matéria publicada).

Na mosca, na batata, pacascas: o GI já afirmara que a motivação “foi indubitavelmente política”. 

E o candidato já anunciou que não aceitará a derrota (que, no fundo, admite).

General emitindo opinião em política às vésperas de um pleito presidencial. 

E a entrega do patrimônio nacional ainda não o foi a contento. Estados Unidos... Estados Unidos... Estados Unidos...

Tem boi na linha / Tem, tem, tem.

Duvide quem quiser, mas – esse danado de mas – temos até o próximo fim de semana para confirmar, ou não, o que sempre acontece às vésperas da eleição quando o PT pode vencê-la.

Tem boi na linha II
Caso insista em caro leitor em duvidar do que ora especulamos, não deixa de ser intrigante a ‘preocupação’ do ex-Chanceler Celso Amorim e também ex-Ministro da Defesa (no 247) ao afirmar que as forças Armadas respeitarão a voz das urnas: “A vitória de Haddad será aceita pelos militares”.

Falar no que deveria ser o óbvio não deixa de intrigar. 

E nos deixa com a pulga atrás da orelha lembrando (os que estamos com mais de 60 anos) com aqueles tempos de Lacerda (a partir de 1950) e, o mais grave, que a Democracia (?) brasileira está tutelada por aqueles que a derrubaram em 1964.

Cena de ópera bufa requentada
Ainda que o público não aprecie o texto, o tema ou coisas mais, não custa alimentar a especulação, com o terceiro ato textual: o pós-eleição.

Partindo-se da premissa, que todos tentam evitar – de Fux e alguns muitos colegas de STF e do TSE, urnas viciadas, moros da vida, alguns militares, Globo e quejandos, 3,5 milhões de títulos de eleitor cancelados (ler Jânio de Freitas no Conversa Afiada) etc. – de que Fernando Haddad venha a ser eleito e não ocorra um golpe no imediato do resultado (que não será aceito pelo derrotado – não o golpe e sim, o resultado – que já o anunciou aos quatro ventos) o script está pronto e ensaiado, aguardando tão somente o abrir das cortinas a partir de 1º de janeiro. 

Ei-lo:

Caso o TSE/STF permita sua diplomação, o empossado – que iniciará o mandato sem que o Orçamento de 2019 tenha sido aprovado – começa a ver continuada a campanha por reconhecimento da ilegitimidade do mandato por vitória com diferença de uns poucos votos (2014).

Campanha para implantação do parlamentarismo. 

Denúncias semanais de corrupção e caixa 2 na campanha. 

Ataque cerrado a cada ministro que venha a nomear. 

A partir de fevereiro, com a posse do novo Congresso, o bloqueio a todas as iniciativas do Poder Executivo e a aprovação de pautas-bombas. 

E a necessidade de editar Medidas Provisórias para fins financeiros por falta de autorização porque o Orçamento ainda não foi aprovado, o que somente ocorrerá entre março e abril/2019. 

E mais tudo o que já vimos.

Último ato: Janaína e Paulo Bicudo ressuscitados lançam pedido de impeachment em razão de ‘pedaladas fiscais’.

Condicionante: a continuidade da democracia não admite que a vice-assuma, porque oriunda do Partido Comunista, o que lembra Luiz Carlos Prestes, João Amazonas, Gumercindo Dias, Giocondo Dias etc. etc.

Fecha o pano. 

2019 não é 2003
Depois do último ato.

Lula, a partir de 2003 entregou dedos para preservar anéis. 

Seu sucessor, sem dedos e sem e o restante dos anéis (em poder do sistema financeiro) não suportará a campanha e o povo o derrubará, incentivado pela mídia que alegará, diariamente, que ele não está cumprindo as promessas de campanha.

Detalhe
No seio da província e da sabedoria popular havia (não sabemos se ainda há ou se nada se fala em razão do conceito que adquiriu o expressar) algumas considerações: pobre não gosta (e não vota em) de pobre, preto não gosta (e não vota em) de preto etc.

Análise de pesquisas, quanto ao extrato de renda trazem singular conclusão: quem se beneficiou das políticas públicas do petismo (distribuição de renda, aumento real do salário mínimo, acesso a universidade e ao crédito etc. etc.) não vota no PT.

Aquela classe média intermediária, que saltou de 17% para 36% nos anos petistas hoje reduziu seu voto no candidato do petismo. 

Imaginando-se melhor por força do mérito (como gosta de alimentar uma certa crítica em economia que ocupa a TV) nenhuma relação faz com as políticas de Estado implantadas em benefício geral e que fizeram melhorar, no particular, esse segmento da sociedade.

Detalhe: em 2014 esse segmento (que hoje representa 69% da classe média) foi o fiel da balança em favor de Dilma.

Onde hoje Bolsonaro abre 11 pontos de vantagem sobre Haddad.

Sem falar nos 3,5% milhões de eleitores do Norte e Nordeste barrados de votar.

Vale-tudo
Assim como já ocorreu com Suzane Richthofen, condenada por matar os pais, outros assassinos com extensa folha corrida, estelionatários de crimes variados: do goleiro Bruno a Marcinho VP, passando por Fernandinho Beira-Mar e quejandos, que encontraram decisão judicial favorável a que fossem entrevistados, para não ferir a liberdade de expressão e o direito à informação fixados constitucionalmente como garantias, tentaram entrevistar Lula. 

Mas, Lula, não!

Vale-tudo e a frase da semana
Nem entrevista autorizada por ministro do STF pode conceder Lula, assim o diz aquele do “mato no peito”.

A propósito de um ministro, ocupando por algumas horas a presidência do STF, negar vigência à pratica do STF, de levar ao Plenário a decisão monocrática e nunca caber a um outro ministro a iniciativa de revogá-la, a jurista Giselle Cittadino nos lega a interpretação da semana, peremptória, para a iniciativa de Fux “mato no peito”:

"Um prostíbulo tem mais decência e respeito às normas do que o Supremo Tribunal Federal.


Não falta nada
Quando imaginamos que foi esgotado o estoque de besteiras no país nos chega uma nova, através do UOL. Como a desse idiota, de que a Polícia de São Paulo "aumenta a expectativa de vida de jovens negros e pobres" porque reduziu o número de homicídios para 10 a cada 100 mil habitantes.

Para não admitir a tradução pretendida pelo ilustre (de que a salvação de pobres e negros está na Polícia Militar, em geral), a estupidez é tal que nem mesmo cuida de indagar de que classe são esses 10 por 100 mil. E de quem mata parte desses 10 por mil.

Nome da toupeira: Samuel Pessôa. 

Alerta ao leitor: não confundir esse idiot savant com o notável Samuel Pessoa (1898-1976), parasitologista e sanitarista brasileiro, pioneiro em pesquisas sobre parasitologia médica no continente sul-americano.



sábado, 22 de setembro de 2018

De leite derramado ao ovo de serpente


Depois do leite derramado

Não existiu compra de deputados. Tão só recursos transferidos pelo PT aos aliados para campanhas municipais. Isso não é corrupção. E sim caixa 2, que constitui crime eleitoral, mas não a disposição inserta no Código Penal.

Essa a maior armação montada por Joaquim Barbosa, sem qualquer enfrentamento.

Não à toa aquela Ministra do STF, famosa com o seu ‘condeno Dirceu ainda que provas não existam, tão só apoio da literatura jurídica”.

Nunca houve dinheiro público em jogo (o que caracterizaria a corrupção). A Visanet – o cavalo de batalha para as condenações, como fonte de recursos públicos – nunca pertenceu ao Banco do Brasil, pois se constituía em empresa privada.

A farsa montada por Joaquim Barbosa (que escondeu a verdade escondendo o Inquérito 2474) começa a ser desmontada pela confissão de Roberto Jefferson.

Depois do leite derramado.

Garotinho e Lula vs. Justiça Eleitoral
Ambos, juridicamente estão nas mesmas condições: condenados pela Justiça. Garotinho candidatou-se; Lula também. 

Para Garotinho a leitura da Justiça eleitoral é de que mantenha a candidatura até que julgados os recursos (está na lei); para Lula, nada, nadicas, nadinha de nada (está na ‘minha’ lei).

Certamente – muito provável – desde que criada a burla como motivo jurídico Lula está preso e Garotinho solto. Estarem condenados, não vem ao caso.

Porque ao caso vem a hermenêutica consagrada: um é do PT; o outro não.



Na rede


Através do Conversa Afiada:

"Lula, preso, recebeu visita de um presidente do Parlamento Europeu e líder do Partido Social-Democrata alemão, um presidente da Colômbia, do Pepe Mujica, de um premier italiano, da mais importante monja budista do brasil, um importante rabino, um ganhador do Nobel da Paz, do Danny Glover, Chico Buarque, Martinho da Vila, do primaz da Igreja Anglicana, de uma comissão especial do Senado, de um dos mais importantes pastores da Igreja Luterana, do Frei Beto, Leonardo Boff, do Requião e diversos outros políticos e Governadores... e nesta quinta receberá Noam Chomsky.
Bozonaro, internado, recebeu visita do Alexandre Frota, do Roger do Ultraje e de Malafaia.
Diga-me com quem anda o candidato em que votas que eu te direi quem és.
Entrementes, como diz o Affonso Romero, 'Temer, Chefe de Estado, não recebe nem ligação da Tim'."

Parodiando o ditado popular: dize-me com quem andas (ou quem te visita) e dir-te-ei quem é.

Ovo de serpente
Veio para ficar. Dará trabalho para ser isolado. Mas, dificilmente será reduzido a patamares toleráveis.


Não à toa nessas eleições não há – ou não se deixa – como o eleitor saber das propostas para o futuro do país. 

Tão só quem é contra ou a favor do PT/Lula.

domingo, 16 de setembro de 2018

Além da queda, muitos coices!


Valha-nos Deus!
De nossa parte consideramos como publicidade enganosa. Mas Jardim, no Globo, diz que o ex-ministro José Eduardo Cardoso admite (havendo convite) voltar ao Ministério da Justiça no caso de vitória de Fernando Haddad.

Valha-nos Deus! Porque Dilma sabe (ou deve ter aprendido) o erro que cometeu nomeando o ilustre e aquele outro não menos, o Aloísio Mercadante.

Não bastasse o que vivemos em razão da incompetência daquele ilustre autoconvidado e de uma crise sem precedentes por causa disso instalada, a pretensão nos deixa naquela de 'além da queda, coice!'

Ousadia
O juiz Sérgio Moro continua a imaginar-se o ‘juiz’ do Brasil, acima de tudo e de todos, inclusive do STF. Suas declarações criticando decisão do atual presidente do STF, Dias Tófolli, bem demonstra sua limitada condição de respeitador da lei. Não admite ser contestado. Ou melhor, se põe como vítima ao julgar-se ‘contestado’.

O STF definiu entendimento/interpretação (com força vinculante) de que recursos obtidos ilegalmente para corresponder a despesas de campanha eleitoral através de caixa 2 são crimes de competência da Justiça Eleitoral. Óbvio que por envolverem campanhas eleitorais.

Assim não vê ‘são’ Moro. Que se acha competente para tudo. E, no caso concreto, faz como Joaquim Barbosa no ‘mensalão’: confunde caixa 2 (que é crime eleitoral!) com corrupção.

Arrasador
Em recente artigo publicado na Carta Capital Marcos Coimbra desencavou a fonte ideológica de parcela considerável da magistratura, ora capitaneada pelo ministro Barroso. 

Primeiro, o articulista trouxe ao instante o escrito por ‘sua excelência’ (com minúscula, mesmo, revisor!) onde responsabiliza o ‘sistema representativo’ pátrio pelas mazelas por que passamos. Na segunda frente, Coimbra disseca uma base ideológica, que vê no povo a insignificância do que representa diante de castas: Oliveira Vianna, que afirmou que “Os 200 milhões de indus não valem o pequeno punhado de ingleses que os dominam”.

Essa vocação atávica no mundo jurídico pátrio, desde os idos em que Coimbra era o máximo e fazia salivar a oligarquia colonio-imperial, nunca deixou de traduzir subserviência colonialista. Vide Rui Barbosa, e seu libelo contra a primeira dama Dana de Teffé por haver aberto as portas do Catete para o maxixe “Corta Jaca”, de Chiquinha Gonzaga. O ilustre baiano considerou uma afronta dispensar Richard Wagner em favor de manifestação músico-cultural desta terra brasilis.

Naturalmente porque manifestação do povo. Que não deveria nem mesmo eleger, conforme ilustrados pensadores. 

Fenômeno político-eleitoral
Estamos vivenciando uma singular e inaudita situação pré-eleitoral: um candidato vetado pelo sistema continua candidato no imaginário do eleitor e – ainda que ‘morto/assassinado’ – assombra o sistema.

Em análise anterior registramos a possibilidade de Lula/Haddad e Ciro Gomes passarem ao segundo turno. Ainda que plausível a hipótese de PT e Alckmin ou Bolsonaro estarem na disputa.

Naquela oportunidade aventamos a possibilidade de crescimento de Ciro no curso dos debates e programa eleitoral como alavanca para alcançar 15% a 20%. Tal ainda não ocorre, pois também vítima do boicote do sistema.

Talvez nesse particular possa ser compreendida a postura de Lula de não apoiar/concentrar em Ciro sua transferência de votos, uma vez que não teria (ele, Ciro), junto ao imaginário, a força que ele (Lula) tem para enfrentar o sistema e seria tragado como ora o é.

Para melhor entender: a transferência de votos melhor se concentra em cadidatura do PT, o partido com maior número de simpatizantes no país. Diferentemente do PDT, que não tem um Lula, tampouco tantos simpatizantes.

Brucutus
Nada temos a dizer sobre o ‘jornalismo’ da Globo. Melhor ler o que dizem os outros, repercutidos no Conversa Afiada.

Mas, profundamente animalesco, primitivo, mesquinho o que faz uma bancada de interrogadores a serviço da pequenez do comando empresarial midiático onde – ainda que entrevistando candidatos ao mais alto cargo da nação e em em jogo o próprio futuro do país – limite-se a nada perguntar sobre o projeto dos pretendentes ao Palácio do Planalto.

Para eles isso é informação. E o é: de ódio e pobreza mental. 

Afinal, a desinformação por eles alimentada faz o eleitor odiar quem eles queiram que sejam odiados.


domingo, 9 de setembro de 2018

Entre memórias


A memória que se vai
Míseros 520 mil reais anuais, os recursos destinados ao Museu Nacional. 

Nada mais – pasme o caro leitor – de 43,3 mil mensais. Dinheiro inferior ao que muitos magistrados e membros do Ministério Público (estadual e federal), em muitos casos, perceberão por igual período.

Porque cultura e história não fazem a cabeça de governos que planejam reduzir investimentos por vinte anos. Muito menos a cabeça de quem os apoia.

Cuidando da destruição da Nação
O Museu e o Brasil chegam ao Fim.

Comungamos com o raciocínio de que a destruição do Museu Nacional representa simbolicamente a destruição do País, porque o descaso, a dilapidação do nosso patrimônio, a maldade, o nazifascismo ressurgindo...tudo cria uma certeza de que os demônios estão soltos e não ficará só nisso, o País está entregue ao Labiroso.

Como sonha Ana Maria
Aqui não é lembrado o sonho posto na canção de Juca Chaves, mas o de uma outra 'Ana', que pode se chamar de Globo.

Para o Museu do Amanhã (da Globo) foram 12 milhões de reais.

Informações da UFRJ dão conta de que o governo, que transferira R$ 346,3 mil em 2015 e aumentara para R$ 415,3 mil em 2016, no ano passado, voltou aos R$ 346,3. Menos de 29 mil mensais.

Já Museu do Amanhã, inaugurado ali em 2015 –  com os R$ 12 milhões dos cofres públicos no ano passado – recebeu oito vezes o valor que o museu de 1822 pedia para arcar com suas despesas de manutenção.

A diferença entre os recursos transferidos do poder público para um e outro mostram como funciona o ‘mercado’.

Como sonha esta outra Ana Maria... por mais e mais dinheiro (do povo) para seu projeto particular 

Huummm!!!! Sei não! I
Depois daquele torpedo lançado contra José Serra na campanha de 2010, depois descoberto um mísero e insignificante (em termos de peso!) papelzinho enrolado, a facada que atingiu Bolsonaro nos deixa com a pulga atrás da orelha.

Especulação que seja, não enveredamos pelo açodamento dos candidatos outros (estão no papel deles, vigiados pela mídia!), mas estranhamos que um candidato com altos índices de rejeição – oriunda de declarações as mais várias, de racismo à homofobia, passando por preconceitos muitos – habituado a andar com colete a prova de balas, seguranças do partido e da Polícia Federal,  cercado por uma multidão, tenha se deixado atingir por um indivíduo que (dizem ter sido colega de tiro de um filho do candidato) ‘avança’ através de uma multidão armado com uma faca.

Causa-nos espécie a foto da faca (pode até não ser a verdadeira) que foi exibida e não continha sangue. 

Também – diante de um anunciado esfaqueamento – a turma que atendeu a vítima em plena sala de cirurgia sem o cuidado de usar uma mísera luva etc. etc. 

Por outro lado, para quem está entre os que dispõem de insignificante tempo de TV na propaganda eleitoral a visibilidade alcançada não pode ser descartada como singular alcance obtido com o ‘atentado’.

Afinal, nome repetido em noticiários e mais que presente em boletins médicos. Estes, pelo menos, uma vez expedidos diariamente e repercutidos quase a minuto.

Possível que o atentado não tenha sido planejado. Mas, huummm!!!!

Huummm!!!! Sei não! II
Recomendamos, para quem não tenha visto, o hilário O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, na leitura para cinema e TV de Guel Arraes.

Com redobrada atenção e análise sobre a cena em que Chicó é esfaqueado por João Grilo na porta da igreja para convencer o jagunço Severino de que aquele é o único meio de que dispõe para encontrar o ‘Padim” Padre Cícero, dialogar com o centro de sua devoção.

Metaforizar com o instante "é mera coincidência", como dizem as legendas no final dos filmes.

A velha receita fascista – mais antiga do que se imagina – sempre atual: incêndio de Roma, nos anos 60 da Era Cristã; incêndio do Reichstag, na Alemanha, em 1933; Plano Coehn, para assegurar a permanência de Getúlio e a implantação do Estado Novo; João Paulo Burnier e o plano para explodir o gasômetro no Rio de Janeiro, em 1968.

Alvo de acusação em todos os resultados (exceto Roma e o plano referente ao gasômetro, abortado pelo Capitão Sérgio ‘Macaco’, que se recusou a cumprir a ordem): os comunistas.

No caso da facada não faltou quem acusasse o PT.

Não esquecer de que, no tempo em que não havia comunista, o cristão fazia a vez.

Huummm!!!! Sei não! III
De qualquer forma nada justifica a insanidade. De quem tente (caso confirme a história os fatos) e de quem se beneficia da indignidade.

No presente a resposta de adversários em relação ao vitimado difere em muito daquela proferida por Geraldo Alckmin diante dos ataques à caravana de Lula no Rio grande Sul. Para o tucano “o PT colhia o que semeara”.

Ou de quem – ora candidato – desejou que Dilma caísse infartada ou de câncer, primor de expressão logo ali, em 2015.

A então Presidente, hoje candidata ao senado por Minas gerais, não caiu infartada ou de câncer. Muito pelo contrário, está bem viva e critica o ‘atentado’.

Huummm!!!! Sei não! IV
General dando pitaco em política eleitoral. E, mais grave; definindo quem pode e quem não pode ser presidente. E, para confirmar o que temos dito quanto à possibilidade concreta de eleições fraudadas nas urnas: Lula não ser aceito como candidato em seio militar.

Desde a Escola das Américas, no Panamá, criada para consolidar os meios de influência estadunidense na guerra fria em relação a América Latina formou uma geração que pensava, atendia e aplaudia o que tivesse origem no Tio Sam.

Do cinema à definição institucional. Tudo trocado pelas riquezas nossas de cada dia carreadas para o ‘grande irmão’.

O militar que anuncia tamanha inconveniência declarativa – de que um ex-presidente da república não é tolerado – não está falando por ele/elas ou pelo Brasil, mas para entregá-lo aos sabores e humores que cheiram a hambúrguer com batatas fritas.

Basta que perceba o eleitor uma circunstância ferida de morte pela declaração: enquanto sonham os Estados Unidos em tomar Alcântara, a Amazônia, o pré-sal, o programa nuclear, a pesquisa aeronáutica etc. etc., o presidente Lula foi quem mais investiu nas Forças Armadas, recuperando o submarino nuclear e mesmo desenvolvendo, através da Embraer, um avião cargueiro militar e um avião militar, para equipar essas mesmas Forças, com tecnologia a ser transferida para o país.

Fácil de entender o porquê do golpe. Que antes imaginávamos promovido e encetado pelo Congresso e Judiciário. Mas, agora temos a certeza, com auxílio de comandantes militares.

Por fim, a declaração infeliz do Comandante das Forças Armadas pode ter outro destinatário: o STF, quando julgar sobre o respeito do Brasil aos Tratados Internacionais dos quais o país é signatário.

Ainda que tenha dito que o candidato alvo de ‘atentado’ não seja o dos militares o recado está dado para o bom entendedor. Afinal, caso vitorioso, já anunciou que espera contar com uma boa leva de colegas de farda para comandar o país. 

Ou seja: não é ditadura... mas a salvação vem do verde oliva.

Que não tenhamos perdido a memória. Inclusive a recente.



domingo, 2 de setembro de 2018

Triste país esse!


O TSE cometeu um ato de violência contra o Estado de Direito e acaba de escancarar a mediocridade de alguns julgadores, o que expõe o Brasil diante do mundo pondo-o na arquibancada dos mambembes como país que não se dá ao respeito nem de fazer valer suas próprias leis, para não dizer que nem mesmo cumpre o que subscreve em seus compromissos internacionais.

E tudo, para promover uma perseguição política.

O país levado ao atraso, sua gente ao sofrimento, soberania às calendas e a fome de volta batendo à porta. Enquanto brindadas ‘suas excelências’ com augusto aumento.

A decisão, em si, mais uma vez somente pode ser racionalmente compreendida como escancarada perseguição a Lula, vetado por forças ocultas e expressas através do Judiciário. Nas circunstâncias do ex-presidente inúmeras decisões deste mesmo TSE, sob a égide da mesma Lei da Ficha Limpa, asseguraram candidaturas e posse, quando eleitos, e muitas situações foram revertidas, pois pesava o argumento de que sólidos elementos do processo criminal ensejavam a absolvição (o que o correu em muitos casos). Mas Lula não pôde utilizar-se daquilo que a outros foi aplicado.

Alguns magistrados e membros do Ministério Público em todas as instâncias, o que inclui as superioras, perderam o pejo  – para não dizer a vergonha na cara  – e não demonstram a menor preocupação com a própria imagem. 

Não há proselitismo deste articulista em relação a Lula, PT e quejandos. Há a indignação de quem ensina em um curso de Direito, e testemunha nessa gente a negação a tudo que ensina.

Porque, neste triste país, a fala de um juiz passou a ser a ‘lei’, não mais ele o aplicador da lei. 

Afinal, como observa Bernardo de Mello Franco em O Globo, a sessão do tse (com minúscula mesmo, revisor) passará à História como “a maior interferência do Judiciário numa sucessão presidencial desde o fim da ditadura”.

Tão só lamentar: triste país, esse! Como a Bahia de Gregório de Mattos, nos cueiros da colonização, a pretérita atualidade permanece.

                   

E por falar em degradação
Barroso – entre outras inócuas argumentações – disse faltar ao Tratado da Comissão de Direitos Humanos, da ONU, subscrito pelo Brasil, um “decreto executivo”. Ou seja: fugindo pela tangente  – ou costeando o alambrado, como dizia Leonel Brizola  – fez quem o assistia e não entendia Direito de besta/bobo/idiota.

Sua Excelência – ou melhor, ‘sua excelência’ – legou ao mísero estudante de Direito revolucionária inovação para o atraso em torno da legitimidade e eficácia das normas jurídicas: esqueceu – por conveniência – que o Tratado foi promulgado pelo Senado, a quem compete, por disposição constitucional, e não ao Poder Executivo.  (Ver postagem do domingo anterior, neste blog).

Não ficou só, foi seguido por outras toupeiras que cuidam nos Tribunais de fazer política e não de interpretar leis para promover direito e justiça. Duas delas ocupando uma sinecura porque oriundos da OAB, o que explica o nível em que se encontra a Ciência do Direito no Brasil.

Só faltou aos senhores do TSE aquela manifestação ao votarem: faço em nome de minha mulher, de meu filho, de Deus, do gato de estimação, do cão vira-lata da esquina etc. etc. como na votação do impeachment. 

Mas, no fundo uns e outros não passam de farinha do mesmo saco. 

O que os difere é que uns para chegar aonde chegam precisam de votos; outros, de nomeações vitalícias. 

Ambos pagos pelo povo para trabalhar contra ele.

Não à toa, 'suas excelências', que não entenderam do assunto como ponderara Fachin em seu voto, abrem caminho para singulares nominações para esse tse, como o intérprete Bessinha.

A quantas andam os usurpadores do Poder
A propósito, melhor ler o que escreve Fernando Horta, no GGN

Como contraponto ao texto informamos ao leitor que a atual ‘engavetadora-geral da república’, ilustre sucessora, em nome, daquele outro dos áureos tempos de FHC, já engavetou mais de 40 processos e pedidos de investigação envolvendo políticos. 

Naturalmente de gente do PSDB, do MDB e de partidos outros aliados ao governo do interino tornado presidente.

E viva o Brasil!

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Em meio a tudo lançaremos uma coletânea neste mês de setembro, no Espaço Vozes Grapiúnas, do Centro de Cultura Adonias Filho, no dia 20, às 19:00h.
Já disponível para pedidos através de www.vleditora.com.br/