Um amigo, que viajou para Israel
há alguns meses, nos indagava em torno do como compreender por que da guerra
que ora ocupa os noticiários. Ele que viu, com os próprios olhos, palestinos e
judeus convivendo pacificamente em Israel. Inclusive muitos deles trabalhando
no hotel em que se hospedou.
Natural que, quem por lá andou,
assim reaja diante do expresso pelo noticiário pátrio – tradicional em todos os
níveis, inclusive em atender compromissos vários – que estabelece uma verdade
absoluta e peremptória quando tratando do conflito Israel e Palestinos da Faixa
de Gaza: terroristas (sempre os terroristas!) que atacaram o povo eleito.
O filme Exodus (1961), de Otto
Preminger, conta uma ação (hoje denominada terrorista) da ocupação de um navio
por judeus visando retornar à Palestina. Sim, caro leitor – Palestina, sim – a
terra ansiada pelos judeus. Ali a sua pátria, as suas origens. Uma parte dela,
onde viveram os descendentes de Abraão (vindo de Ur, na Caldeia).
E naquela Palestina lá fixados já
estavam judeus, palestinos, mulçumanos, cristãos em convívio harmonioso sob o
pálio do Império Otomano, desfeito depois da Primeira Guerra do séc. XX,
dividido entre os vencedores franceses e ingleses.
Depois da II Grande Guerra
daquele século a busca por um espaço que fosse seu. A recém-criada ONU
encontrou uma solução: a criação do Estado de Israel, para abrigar
territorialmente os judeus, e o Estado Palestino, em parte do que fora o
Império Otomano onde já fixados e residentes há mais de um milhar de anos
árabes, mulçumanos e cristãos modernos.
O primeiro foi de logo
reconhecido sob o pálio da autodeterminação depois da autoproclamação, como
registra a Enciclopédia Britânica; o segundo, até hoje espera a ‘boa vontade’
das nações poderosas, sempre apoiando Israel que afirma que não reconhecerá.
Que de lá para cá, com guerras ou
simples ocupação de espaço, reduziu a área destinada ao Estado Palestino a um
punhado indistinto de áreas separadas de Gaza, onde hoje se aloja o Hamas,
grupo de resistência que se diz voltado para eliminar Israel.
Quando os orientados por Moisés
partiram do Egito tinham por prometido por Javé alcançar a terra de Canaã,
descrita na Bíblia. Que situada estava na costa oriental do Mar Mediterrâneo,
“como se estendendo do Líbano até o riacho do Egito, no sul, e ao vale do
Jordão, no leste”. Uma terra que teria
sido “prometida” por Javé (aquele estranho “deus” que gosta de sangue) aos descendentes
de Abraão (veja-se, para começo, Gênesis 12:7).
Quando ascendeu Roboão ao trono
de Judá, por volta dos anos 900 a.C., as 12 tribos originárias se desfizeram da
centralização e houve certa diáspora.
E aqui estamos, como antes de
Cristo, aquele que defendeu o Amor e recomendou perdoar os inimigos e agirmos
em relação ao semelhante como a nós mesmos.
A Nova Aliança de Jesus não foi
aceita por quem segue Javé. Amor como mensagem não convém a quem pede sangue.
Digladiando-se ontem como hoje.
Cabe saber, apenas, quem tem razão. Caso haja razão para tanto.
Lá estavam os antigos cananeus:
uns e outros
Para os que têm a Bíblia como
referência e o Velho Testamento como paradigma de Fé, para entender a postura
atual de negar terra e vida ao próximo, não custa refletir em torno de:
Deuteronômio 20
16 Contudo, nas cidades das nações que o Senhor, o seu Deus,
lhes dá por herança, não deixem vivo nenhuma alma.
17 Conforme a ordem do Senhor, o seu Deus, destruam
totalmente os hititas, os amorreus, os cananeus, os ferezeus, os heveus e os
jebuseus.
18 Se não, eles os ensinarão a praticar todas as coisas
repugnantes que eles fazem quando adoram os seus deuses, e vocês pecarão contra
o Senhor, contra o seu Deus
.
1 Samuel 15
3 Vai, pois, agora e fere a Amaleque; e destrói totalmente
a tudo o que tiver, e não lhe perdoes; porém matarás desde o homem até à
mulher, desde os meninos até aos de peito, desde os bois até às ovelhas, e
desde os camelos até aos jumentos.
A Paz é possível e viável. Mas
Javé não deixa.
Dezenas de propostas de Paz oriundas do Conselho de Segurança
da ONU foram rejeitadas por veto dos Estados Unidos. aliado incontestável de Israel.
Ainda que a maioria absoluta dos
membros do Conselho concordem com a busca de uma solução para a Paz (que passa
necessariamente pelo reconhecimento do Estado Palestino) um veto, com certeza,
a inviabilizará: Estados Unidos.
Na briga estúpida sobra para os
inocentes, em especial mulheres, crianças e idosos. De um lado e outro vítimas
da intolerância.
Uns chamados de terroristas;
outros, de povo eleito pelo deus Javé.