quarta-feira, 30 de março de 2016

Sobejas razões

Para uma conciliação
Não fora o compromisso com setores internacionais, não bastassem os nacionais – onde o jogo bruto da geopolítica empresarial defendida pelo governo dos Estados Unidos para suas empresas busca ocupar os espaços planejados pelo Brasil e desconstruir aqueles por este desenvolvidos, inclusive o BRICS – a Operação Lava Jato avançou desmedidamente, sem imaginar as consequências. Não pelo enfrentamento à corrupção, mas pelo propósito de inviabilizar empresas e não empresários. Agiram seus atores como amadores, se queremos entendê-los como não-agentes.

Como temos afirmado, os atores da Lava Jato – dispensando a análise de autoafirmação com a exposição que buscam na mídia – não passam de concurseiros (em sua quase totalidade) onde avaliados em conteúdos que estão pautados em exacerbado positivismo kelseniano, ou seja, a lei como fonte absoluta do direito. No particular, o direito por eles construído e interpretado. Pautado este nos intercâmbios e cursos ofertados aos tupiniquins.

Desconhecem as mais elementares lições de Economia Política, Sociologia, História, Geografia e, principalmente, Geopolítica. Nesse item o grande imbróglio.

Desconhecendo – e incentivados por interesses externos – a realidade do mundo capitalista, onde o capital se sustenta e sobrevive pela acumulação/concentração e a riqueza deixou de ser um valor sustentado apenas na escassez posta nos conceitos dos alfarrábios de Economia para tornar-se concentração estéril, pelo viés financeiro, enveredaram pelo messianismo da ‘salvação da pátria’ atacando a corrupção, o mantra eterno  desde cíceras catilinárias, último suspiro da República romana.

Sob esse particular aspecto, desconhecem o caráter atávico da corrupção, a sua dimensão psicossocial, suas nuances impregnadas até no cidadão comum e visaram no governo recente e no partido que o sustenta a geração de males seculares que assolam a Humanidade e o Brasil em seus cinco séculos de existência. Por tal razão a imperiosa necessidade de ‘selecionar’ os culpados.

Em moto perpétuo, o poder econômico sequestra(ou) a democracia em todos tempos, onde a corrupção nada mais é que uma peça de segurança da estrutura e do sistema que organiza o sistema político-eleitoral, com repercussão em todas as áreas de poder. 

Inclusive pelo viés de asseguramento de privilégios a típicas castas incrustadas no aparelho de Estado, como ocorre em relação a membros do Poder Judiciário, do Legislativo, do Ministério Público e servidores neles encastelados. (Para quem se opuser ao dito que veja a remuneração básica de tais servidores, que varia entre 20 a 30 vezes o percebido por um assalariado rural, ampliada/multiplicada por caminhos legais, mas distantes do moral).

Ocorre – e é aí onde a porca torce o rabo, como dizia Tormeza – tiveram aqueles que encontrar razões em quem trabalha no ramo há décadas. Ou seja, de quem vem cometendo deslizes desde muito. Desde que a República, em sua fase recente, manteve a histórica ‘legitimidade’ no capital empresarial que sustentava campanhas político-eleitorais para acesso ao Poder (Executivo e Legislativo).

Dentre elas, uma empresa chama a atenção: a Odebrecht. Não só pela longeva existência. Também pelo que representa no cenário internacional, razão por que seus espaços conquistados são um alvo preferencial para concorrentes estrangeiras.

Ocorre, no entanto – e aí os concurseiros da Lava Jato que desconhecem a história – imaginaram que encontrariam em seus dirigentes um apoio à delação de nomes daqueles culpados previamente ‘selecionados’. Ao que parece a empresa recusou. O vazamento logo levado ao sigilo por Sérgio Moro demonstra a explosividade contida em seus segredos no curso das últimas décadas.

Mônica Bérgamo, em sua coluna na Folha, na sexta 25, aventa a possibilidade de informações da Odebrecht extrapolarem a classe política e alcançar Judiciário, Ministério Público, diplomacia e governos vários, desde os anos 80, pelo menos. Alguém imaginar que a imprensa esteja fora delas beira o nonsense.  

Veja o leitor: aquela planilha era só um cheirinho. Como escreveu a jornalista, é “só aperitivo” do que existe nos arquivos da empresa.

As estruturas políticas deste país sempre se sustentaram na forma que de uma hora para outra passou a ser criminosa. Criminosas sempre o foram. Aplaudidas e decantadas. Até que um partido fora da tradição ocupou o poder. E que – por impossibilidade de enfrentamento ou por erro mesmo – manteve o histórico status quo.

O vazamento de planilha da Odebrecht com nome de políticos de vários outros partidos – inclusive da gloriosa e augusta oposição – pode cheirar a um recado mais profundo: é hora do entendimento.

Se aliada à delação de Pedro Correia descobrimos que havia uma “acomodação do mercado”  oportunidade em que uma empreiteira perdedora de uma licitação ficava com 5% do licitado, como ocorreu no governo Alckmin , podemos dimensionar o estouro contido nos arquivos da Odebrecht.

A Odebrecht remonta ao início do século XX, quando o patriarca Emílio criou a Emílio Odebrecht & Cia, em 1923. A recente fase começa em 1944, com Norberto Odebrecht. A empresa está sofrendo prejuízos incalculáveis. Dispensou obra de US$ 5 bilhões no Peru. Circula que teria posto à venda suas fazendas em Ipiaú.

Não vai deixar de graça.

Alguém já afirmou que o conteúdo dos discos rígidos de Daniel Dantas, então apreendidos na Operação Satiagraha, caso viesse à tona derrubariam a República.

As planilhas da Odebrecht têm o mesmo condão.

Essa dimensão – onde a centenas de outros atores interessa uma ‘conciliação’ – nunca passou pela cabeça dos concurseiros.

O PMDB conhece os pormenores. Tanto que saltou fora do Governo. Para tentar salvar a pátria e seus patriotas.

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