domingo, 23 de julho de 2023

Escola x escola

 

Entendemos, em rápidas noções – porque o presente instante não está voltado para o aperfeiçoamento da compreensão plena de cada uma das proposições – a Educação como ato reflexivo do universo social sob prática constante, conforme o instante humano, natural a um processo de conteúdo geral, parte dele apreendido por meio da aprendizagem que se efetiva por meio das instituições de ensino, generalizada sob o termo de escola.

O repassar o conhecimento acumulado pela experiência – o que inclui os métodos elaborados – para a abertura de caminhos que alimentarão novas experiências, em torno de um conjunto de hábitos e valores consolidados no curso da vivência humana.

Tal considerar é imprescindível à Espécie por constituir a estrutura cultural de determinada sociedade o que leva à elementar conclusão de que faleceria àquela, caso não houvesse os instrumentos (físicos e intelectuais) para assegurarem a transmissão dos seus elementos de geração a geração, o que se dá por meio da Educação.

Desde os primórdios da Civilização compreender a finalidade e o como resultante do processo de ensino para alcançar a Educação norteado está pelo destinatário do processo: o homem, como ser social.

Dos gregos – revistos e sempre fonte de compreensão – já em Sócrates, cabia “à educação formar o homem” que se desdobrava em compreendê-lo sob o crivo de vida e qualidade de vida. Idealisticamente Platão a tinha como o caminho de levar o homem à felicidade.

Tenhamos que este processo, sob rédeas do Estado modernamente como sujeito a quem compete promove-lo, para o destinatário que a ele chegue – através dos caminhos da formação escolar – ocorre como um parto. A descoberta e o despertar para a vida são um impacto tal como se o recém-nascido dissesse – se o pudesse – “que estou fazendo, o que é isso”?

Imagine-se o impacto que vivenciamos (e já esquecido) quando nos deparamos com aquele mundo inteiramente desconhecido que nos acometeu de espanto e incompreensão, porque nada dele sabíamos, ao ultrapassarmos a soleira da primeira escola?

No curso da História a educação foi manipulada em defesa de interesses de classes dominantes ao seu tempo, que não destoa quando estas passaram a controlar o Estado.

Eis que tema recente eleva aos píncaros a denominada escola cívico-militar. E a leva ao palco como se a ‘disciplina’ fosse conteúdo de aprendizagem além do que efetivamente é: apontador de faltas de alunos e professores, fiscalização de corredores, tocador de sirene, chefe de disciplina, censor etc. etc. Porque quem a materializa como propaganda é uma persona específica: o militar.

No fundo, no fundo nada mais que uma discussão insossa, destituída de lógica e muito mais amparada em ideologia castrense e mesmo de valorizar um estamento que está muito a dever ao país, mas tão só a de tornar a natureza da aprendizagem inerente à caserna, que, em si, está voltada para a formação do estamento militar com funções definidas de segurança em nível estadual (Polícia Militar) e nacional (Exército, Marinha e Aeronáutica).

Tal ocorre, assim o vemos, como singular expressão de um bedelismo – o neologismo se impõe – que surge com força inusitada a garantir uma boquinha para quem comande a ‘ordem unida’ em ditas escolas, sem prejuízo da remuneração (soldo ou reserva) para consumir milhões de recursos orçamentários da Educação que deveriam estar voltados para aperfeiçoar a oferta de conhecimento à formação intelectual e moral e para efetivamente constituí-la ‘formadora de homens e mulheres’ deste país em plenitude de instrução, conhecimento, alimento, saúde etc.

Assim considerando, para exemplo do que seja uma escola cívico-militar – tomando-se a origem de quem controlou o Estado e ‘disparou’ a ideia – fácil comparar o que pode representar o idealismo dessa gente para ‘formar o homem por inteiro’; porque o desdobro em qualidade de vida passa ao largo.

Basta ver que se inicia pela tentativa de impor nacionalmente uma forma de instituição de ensino.

Que certamente não levará à reflexão aquela triste página de nossa História sob o cutelo da ditadura militar. Tempo em que muitos (alunos e professores) fomos torturados e morremos nos porões, alguns ainda desaparecidos e insepultos. Como outros sacrificados em Canudos, Contestado, Acosta Ñu...

Que o estimado leitor não se espante se alguém indagar: O que é isso?


Nenhum comentário:

Postar um comentário