Fim de era
O 2013 vai vai chegando ao fim. Para uma civilização sustentada na relação espaço-tempo o cronômetro e o calendário se lhe tornam basilares. Na esteira dessa relação, o progresso a elevou a píncaros inimagináveis. E não precisamos retomar tempo tão distante. Basta compararmos o instante com 20, 30, 40 ou 50 anos passados.
A passagem de ano - que se limitou em tempos mais idos à virada de uma pagina do calendário - ora se tornou no instante de confraternização universal (não só no plano individual, em pensamento) reunindo multidões em torno de um evento.
Para melhor compreensão do fenômeno, necessário conferir o que leva a tanto, o que faz milhares se buscarem em torno de um só propósito. Uma das mais soberbas realidades é a percepção em tempo real do que ocorre em qualquer espaço do planeta Terra. Instantaneamente, se dispomos dos instrumentos à disposição.
A conclusão natural é que para acompanhar o mundo já não se dispõe tão somente das ondas descobertas por Hertz. Não somente a audição, como sentido, é utilizada; também a visão.
Assim, televisão tornou-se o veículo ideal para conhecermos a realidade imediata ao vivo e em cores. Convoca pares que a assistam para ver o que lhe interessa seja visto. Assim controla a convocação, e a festa programada para determinado espaço pode não ser veiculada pelo chamamento, apesar de interessante, conhecida e tradicional.
Nessa tecitura a televisão passou a ser instrumento de vaidade. Desta forma uma rede em especial orgulha-se em convocar o seu telespectador para estar em sua tela. Assim nasceu o "estou na Globo", por exemplo. Dezenas, milhares passaram a se postar em frente às suas câmeras exibindo cartazes, chamando a atenção por "estar" na telinha. Não podemos descurar de que desenvolveu uma cultura: a de 'estar na Globo'. Com isso muita gente passa a se ver na platinada, onde ela estiver.
A propósito, dela especificamente, quando se espalham festas por todo este Brasil, algumas "alegrias" deixaram de integrar a sua grade de matérias. Vemos, então, que a Globo trabalha contra o seu ibope.
Ela que criou a cultura do "estar na Globo", se não se faz presente ou não anuncia o festejo, leva o "viciado" em estar na tela a buscar/sintonizar a tela que cobriu o festejo onde esteve.
Desta forma, muita gente não sintonizará a Globo em algumas localidades. Justamente porque não se verá na "tela" da platinada.
Não se trata de um estudo, mas de uma especulação: pode estar aí um dos meios que contribuiriam para a queda de audiência da Globo.
O 2013 vai chegando ao fim. Para a Globo - e sua seletividade espacial - pode não ser apenas um fim de ano, mas de uma era. Não como leitura do tempo, mas de negócios. Por uso indevido da cultura que criou.
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