domingo, 22 de fevereiro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Péssimo exemplo
As contas públicas não são grande exemplo da qualidade administrativa da maioria de nossos governadores. Os Estados padecem pela falta de recursos. Não necessariamente pela falta deles, mas pelo excesso de gastos, gerados na contramão das arrecadações.

Para controle, a receita neoliberal gira por arrochar salários, destruir conquistas sociais e quejandos. Trabalhando com um instrumento chamado superávit primário. Que nada mais é do que a economia feita no curso da gestão orçamentária justamente para assegurar o cumprimento das obrigações sacrificando tudo o mais.

Austeridade é a palavra de ordem para justificar a entrega do patrimônio. Honrado é o que mata a família de fome para pagar as dívidas.

No Brasil a cartilha neoliberal não encontrou discípulo melhor que o PSDB. Para alimentá-la o patrimônio estatal foi alienado como forma de gerar recursos para cumprimento das obrigações, escondido no tapume de que a gestão privada melhor administra que a pública. 

Em Minas Gerais o descontrole das contas públicas está quase a levar o Estado à falência (se possível o fosse sob a égide da regra jurídica). No Paraná o caos absoluto.

E nem falemos de São Paulo que, por falta de investimentos (economizados para pagar dividendos a acionistas estrangeiros da SABESP) já padece da falta de água.

O que dói é ver que a austeridade neoliberal está de braços dados com o segundo governo Dilma.

Crise? Onde?
No Paraná em crise os senhores conselheiros do TCE terão auxílio moradia de 4.377,74 para complementar o mísero salário de 26,5 mil mensais.

O alvo
Vão ficando cada dia mais claros os objetivos da Operação Lava Jato: mais atuação política e menos jurídica.

Afirmamos menos jurídica em razão de denunciadas violações a direitos de presos, levados à exaustão para corresponderem – na forma de delações – ao que pretende quem apura. Sabido que dentre os meios de tortura a psicológica alcança resultados sem ferir corpos, ainda que destrua a alma.

Não imagine o leitor que estamos a defender tratamento de sultão para ladrão. No entanto, como vivemos em um Estado Democrático de Direito, onde o pressuposto é o respeito às leis, mormente à Constituição, é o mínimo que se pode exigir das autoridades responsáveis por respeitá-las.

Em torno da atuação política dúvidas não há haja vista a forma como vazam delações e a seletividade em torno dos citados. 

A mídia comprometida até criou um estilo para isentar pessoas: caso envolva o período de FHC e sua augusta base PSDB/PFL/PMDB/PPS o tempo é tratado como “anterior a Lula”, nunca ‘no tempo de FHC’.

A propósito, se levarmos em conta o que diz Fernando Brito no Tijolaço (http://tijolaco.com.br/blog/?p=24915), partindo do método moriano de obter delação (“vai ficar preso até que diga o que queremos que você diga”): o alvo é Lula.

alvo

Olhar o passado não custa
As reservas que fazemos ao juiz Moro – redescoberto pelo método moriano de investigar – dizem respeito a um fato singular: o mesmo juiz que apurou as investigações sobre o Banestado, sob delação premiada do mesmo Yousseff, que diziam respeito a desvios de recursos através de contas CC-5 (que dispensavam identificação do depositante na transferência), invenção do Banco Central de FHC para alimentar desvios de recursos apurados nas privatizações e que levaram ao sumiço de valores entre 39 e 150 bilhões de dólares, dele (Moro) não se conhece nenhuma condenação que tenha repercutido ou encontrado solução para a bandalheira.

A diferença reside justamente nisso: fatos que envolviam o período “antes de Lula”.

Olhar o passado de Moro – pelos resultados do Banestado – ajuda a compreender o presente.

Ou a serviço de que ou de quem.

Recado a Moro
Para o jurista Tércio Sampaio Ferraz é próprio da mentalidade autoritária fazer da prisão preventiva um instrumento de obtenção de confissão.

O recado foi dirigido ao método moriano de obter delações.

Assim caminhamos
A validade de duas importantíssimas operações da Polícia Federal passam pelo Supremo Tribunal Federal: a Satiagraha e Castelo de Areia. Agora apenas permanece a primeira, nas mãos do insígne ministro Luiz 'mato no peito' Fux.

A segunda  a Castelo de Areia  teve recurso do MPF negado, por decisão do ministro Luis Roberto Barroso, que aceitou a nulidade das provas declarada pelo STJ.

Motivo da nulidade: originadas a partir da apuração da Polícia Federal desencadeada a pedido do juiz Fausto de Sanctis, que recebera denúncia anônima da falcatrua e baseado nela instou a PF. Que confirmou tudo.

As apurações comprovaram ilícitos cometidos pela empreiteira Camargo Correia para alimentar o bolso de políticos do PSDB-DEM-PDT-PP-PPS-PMDB.

Como ironiza Paulo Henrique Amorim, 'denúncia anônima no Brasil só para pegar pedófilo'.

Acrescentamos: é que faltou no universo dos partidos envolvidos o PT. Ou mesmo um petistazinho chinfrin.


Devolve, Gilmar!
Destacamos de matéria divulgada no portal da OAB subscrita pelo presidente nacional da Ordem, o seguinte:

"A cidadania celebra a rejeição pelo Supremo Tribunal Federal do financiamento empresarial das campanhas eleitorais, por meio da manifestação já de sua maioria na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 4.650, proposta pela OAB, pugnando pelo seu rápido julgamento."

Perdeu o presidente da OAB uma ótima oportunidade de engrossar o coro do "Devolve, Gilmar!".

Afinal, no próximo abril se fará um ano do pedido de vistas do ministro Gilmar Mendes. Tal retenção legitima justamente o que a OAB combate. Portanto, Gilmar Mendes legitima a safadeza.

Pugnar "pelo rápido julgamento" é muito pouco para quem defende a lisura.

Skindô, skindô!
Caíram de pau sobre a vencedora do carnaval carioca, no quesito escolas de samba do grupo especial, custeada por ‘ditador africano’. Vieram à baila as crianças sacrificadas no país custeador e outras razões.

Como vamos nos tornando a pátria da hipocrisia, aplaudimos no curso de décadas as escolas custeadas pelo crime organizado, milícias, jogo-do-bicho etc.

Cautela e caldo de galinha
A defesa que faz o governador Rui Costa da atuação da Polícia Militar e Civil contra o crime pode levá-lo a legitimar ações que também sejam criminosas.

Afinal, quando há suspeita o melhor é investigar. 

E para o governador cautela, como caldo de galinha, não lhe fará mal.


Aprovação
As avaliações envolvendo a administração de Claudevane Leite bem podem ser chamadas, pelos resultados, de desaprovação.

Estranho que uma cidade mais arrumada leve o seu gestor a números tais.

O detalhe: o povo enxerga mais do que possa imaginar a vã filosofia.

Em consumação
Neste espaço, no primeiro dia de fevereiro, registramos:

"Geraldo Simões III
Há quem veja como remota a saída de Geraldo do PT. Mas especular não custa.

Depois que prejudicou a composição do PT na Assembleia Legislativa, desviando – através do filho – votos que garantiriam, pelo menos, mais um deputado na bancada estadual, não podemos afirmar que GS morre de amores pelo PT como antigamente.

Sua história recente mais remete à ideia de que não mais serve ao PT mas se serve do PT. Basta a insistência – de alto custo para Itabuna – em formar uma dinastia com a mulher prefeita (ainda que tenha méritos), o filho deputado estadual e ele deputado federal.

Há quem imagine que esteja duvidando de seu futuro político e tenha partido para preparar o futuro dos seus.

Geraldo Simões IV
A propósito de quem veja como remota a saída de Geraldo Simões do PT: em defesa de suas convicções pode até aliar-se a Fernando Gomes.

O tempo a Deus pertence. E a ocasião faz o pedinte."


Fechado o parêntesis e ainda não findado fevereiro as especulações caminham para o reconhecimento da realidade posta pela curiosidade especulativa deste escriba.

Os limites I
Natural que Geraldo Simões, conhecedor dos meandros da política e particularmente do seu PT (que pretende tornar ex-) não se sinta à vontade no ambiente que ajudou a criar e parece não mais atender ao seu projeto (a dúvida proposital da coluna: dele, GS, ou do PT).

Na condição de ex- age como ex-mulher acabada de se separar: infernizar o parceiro. (Perdoe-nos as leitoras a acentuação machista aqui posta. Mas é que a figura do ex-marido não se expressa plenamente no imaginário como a ex-mulher. Até porque a mulher se apresenta muito mais inteligente na circunstância).

Para materializar a infernização, que o diga a bateria de denúncias levadas a efeito por figuras de sua cozinha (de GS), que chegam ao desplante de até bater no Governo enquanto ainda dele servidores.

Os limites II
Mas, fica-nos um questionamento: qual ou quais os limites de Geraldo Simões, considerada a sua imagem de político individualmente construída no curso dos anos no mesmo partido e dele afastado.

Duas imediatamente se nos afiguram:

Primeira  sai GS derrotado nas eleições últimas. Mas não a derrota em si, referente à busca de mais um mandato.

É que Geraldo  considerando a ambição imediata, candidatura a prefeito em 2016, o que de horizonte lhe resta para reconstruir a trajetória  apenas consumou um processo de derrotas, se observamos a sua votação em Itabuna tomando por parâmetro a eleição de 2006, aqui postos em números redondos: 35 mil votos naquela, 23 mil, em 2010 e 16 mil em 2014. 

Detalhe que merece registro: em 2014 teve menos votos que a esposa Juçara em 2012. Não é qualquer coisa para ser desconsiderada.

Segunda  na forma de indagação, teria GS imagem individual para competir com aquela de Fernando Gomes, que dispõe de eleitorado permanentemente fiel em todas as eleições?

A trajetória  de 35 para 16 mil  diz que não.

Pretensão
Efetivamente Geraldo Simões deve sair do PT. No entanto precisa de um bom álibi, sob pena de perder eleitores que são fiéis ao partido e a Lula.

O único álibi de que dispõe é sair como vítima.

O álibi
Geraldo, no PT, tem(?) cacife para amealhar cargos no âmbito estadual. Resta-lhe, no entanto, a qualidade dos cargos, o que significa o escalão (segundo, terceiro, quarto...).

Sua trajetória recente levou-o a não dispor de interlocutores (alguns, velhos amigos por ele afastados).

Desta forma fica difícil imaginar GS buscando Josias Gomes (Secretário de Relações Institucionais do governo Rui Costa) ou Everaldo Anunciação, presidente do PT, para um jantar regado a vinho.

Aí reside o álibi de que precisa Geraldo Simões para deixar o PT: só conversar diretamente com o governador Rui Costa para discutir preenchimento de cargos.

Sabe muito bem ele que se o governador Rui Costa aceitasse a 'imposição' estaria desmerecendo o seu secretário de Relações Institucionais e o presidente estadual de seu partido na Bahia. 

O que daria a GS o discurso de que tem força com o Governador e não precisa dos velhos amigos.

Não aceitando o Governador a 'imposição' sai Geraldo com o discurso de que foi injustiçado e vítima dos ex-amigos etc. etc.

O futuro
Tal ocorrendo pode cair nos braços de quem escolher. Como no rodapé postado naquele 1º de fevereiro ("Geraldo Simões IV"):


"A propósito de quem veja como remota a saída de Geraldo Simões do PT: em defesa de suas convicções pode até aliar-se a Fernando Gomes.


O tempo a Deus pertence. E a ocasião faz o pedinte".

E concluímos, por hoje: caso Fernando Gomes não o aceite como parceiro, Augusto Castro pode tornar-se agente da vingança ideal.

Especulação? Que seja!



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