Fazendo a sua parte
Levou seis meses para o
ministro Teori ‘reconhecer’ que Eduardo Cunha conspirava contra as instituições’.
Já então sabido e consabido que nada pequena a sua ficha criminal, a cada dia
acrescida de mais um verbete.
A contundência contida no
relatório pode ser aferida em algumas passagens:
“o Deputado Federal Eduardo Cunha, ..., além de representar
risco para as investigações penais sediadas neste Supremo Tribunal Federal, é
um pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele
liderada. Nada, absolutamente nada, se pode extrair da Constituição que possa,
minimamente, justificar a sua permanência no exercício dessas elevadas funções
públicas. Pelo contrário, o que se extrai de um contexto constitucional
sistêmico, é que o exercício do cargo, nas circunstâncias indicadas, compromete
a vontade da Constituição, sobretudo a que está manifestada nos princípios de
probidade e moralidade que devem governar o comportamento dos agentes políticos".
Cumpre destacar a veemência contida neste "Nada, absolutamente nada, se pode extrair
da Constituição que possa, minimamente, justificar a sua permanência no
exercício dessas elevadas funções públicas" razão por que "o exercício do cargo, nas circunstâncias
indicadas, compromete a vontade da Constituição", não fora o
significativo fato de que o então presidente da Câmara dos Deputados "conspira contra a própria dignidade da instituição
por ele liderada".
Está tudo lá. A indagação dos muitos que integramos a plebe ignara (obrigado Stanislaw) gira em torno de entender por que Sua Excelência levou quase seis meses
para definir/decidir pelo afastamento requerido pela Procuradoria-Geral da República.
Afinal, a produção de abusos e
violações, constrangimentos, chantagens e ameaças se acentuava a cada dia de
sua permanência a cada instante de um famigerado exercício da presidência. Durante o tempo transcorrido entre a denúncia e a decisão
Cunha conspirou como quis – aos olhos de todos – mandou e desmandou, em tudo que correspondesse aos seus particulares e inconfessáveis interesses.
Resta-nos, até prova em contrário, em 'favor' do STF, diante de tudo, apenas uma constatação: conivente.
A não ser que alguém acredite que haveria impeachment sem justa causa – com rito elaborado por Cunha e aprovado pelo STF – se não houvesse Eduardo Cunha presidindo a Câmara.
Paraguaiou
Ainda que sem justa causa
declarada – crime definido em lei para cumprir o desiderato do impeachment – o STF
legitimou o procedimento instaurado por Eduardo Cunha e ao seu alvitre,
passando ao largo de declarar se havia tipificação que justificasse o procedimento.
Ainda que este mesmo STF veja em Cunha “um
pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele
liderada”.
Há uma presunção de que a
assunção de Lula ao cargo de Ministro Chefe da Casa Civil teria viabilizado
caminhos que evitariam o resultado daquele 17 de abril. No entanto, uma liminar
concedida por Gilmar Mendes sustou sua nomeação. Até hoje não foi levada a
julgamento pelo Plenário, adiada que foi de apreciação no 20 de abril.
Bem diz Wanderley Guilherme
dos Santos no Segunda Opinião: "Por ação e omissão o Supremo Tribunal Federal é
a mais recente instituição recrutada pelo cronograma do golpe de Estado
patrocinado pela coalizão satânica entre o Legislativo e o Ministério Público."
Para nós tudo que está a ocorrer com o STF pode ser
resumido num neologismo: paraguaiou.
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