domingo, 27 de novembro de 2016

De Fidel a Francisco

A morte de Fidel I
Uma das três maiores expressões mundiais do século XX, ao lado de Mao Tse Tung e Lênin, dentre os revolucionários. A circunstância de haver implantado uma ditadura para assegurar o futuro da revolução cubana não o exime do hercúleo trabalho desenvolvido em favor de seu povo, fustigado pelos Estados Unidos, que de imediato impôs à ilha um embargo econômico que durou meio século.

O mundo assim o reconhece. Até mesmo Barack Obama, o presidente do país que acossou Cuba durante décadas: "A história vai registrar e julgar o enorme impacto desta figura singular sobre as pessoas e o mundo ao redor dele”.

A oposição a Fidel – aboletada em Miami, de onde sempre cuidou de destituí-lo – tem suas razões, particulares – para não gostar do líder cubano. Afinal, foi ele quem a afastou da ilha, onde vivia de explorar o semelhante e fazer de Cuba um cassino e um puteiro. (Coppola e Mario Puzo, no roteiro de o Poderoso Chefão, Parte III, põem a nu aquele instante).

A morte de Fidel II
O mundo registrou a morte de Fidel Castro nos limites do que ele representa para a História contemporânea. Não é o caso da terra brasilis, onde a informação há muito deixou de existir, substituída pelo panfletarismo e lugar comum que alimentam o ressentimento como razão de ser.

Para entender o que representa Fidel para a História, alguns registros da imprensa no mundo, como observado por Fernando Brito:

BBC: “Ex-presidente cubano morre.”
The Telegraph: “Ícone revolucionário cubano morre.”
The Independent: “Líder revolucionário cubano morre.”
Reuters: “Líder da Revolução Cubana morre.”
The Guardian: “Líder revolucionário cubano morre.”
Die Zeit: “Líder revolucionário cubano morre.”
Le Figaro: “Pai da Revolução cubana morre.”
Time Magazine: “Ex-presidente cubano morre.”
Deutsche Welle: ” Morre herói cubano.”

E conclua com as manchetes sobre Fidel de duas expressões singularmente distintas: para o NYT (supra sumo do editorialismo) “Fidel Castro, líder cubano que desafiou os EUA, morre aos 90”; da Folha: “Ditador cubano Fidel Castro morre aos 90”, destacando a festa dos adversários em Miami.


Obscurantismo
A canção Roda Viva, de Chico Buarque, capítulo da realidade brasileira às vésperas do golpe dentro do golpe de 1968, marcava – há décadas – a abertura do programa do mesmo nome naquela TV que já foi Cultura.

Mudaram o tema de abertura, mas não devolveram o título a Chico.

Chico Buarque notificou a TV Cultura para retirar sua música do programa em 48 horas. Utilizando-se do disposto no art. 24, IV, da Lei 9.610/98, dentro do princípio do direito moral de integridade, como “o de assegurar a integridade da obra, opondo-se a quaisquer modificações ou à prática de atos que, de qualquer forma, possam prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em sua reputação ou honra”.

No mais, aplicar ao programa e aos demais meios de comunicação o reconhecimento do que se tornaram, nas palavras de Joseph Pulitzer"Com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma". 

Francisco
O Papa renova esperanças. Pelo menos em assumir posições. Instituiu como Dia da Misericórdia o XXXIII domingo do Tempo Comum na liturgia da Igreja, abrindo campo a que a miséria seja vista com olhos não de comiseração mas de discussão do porquê existe.

Razão tem Sua Santidade de haver cancelado sua visita ao Brasil, programada para 2017.

E nos vem à mente Don Hélder Câmara:

Quando dou comida aos pobres, me chamam de santo. Quando pergunto porque eles são pobres, chamam-me de comunista.... Frase de Dom Hélder Câmara.

A dupla de anões
Não há como o interino tornado permanente afastar sua participação no caso do prédio de Geddel na Barra. O depoimento do ex-Ministro da Cultura é conclusivo AQUI, a partir do Conversa Afiada. 

Ficamos na dúvida em relacionar um e outro no conceito de “anões’. 

Geddel já o fora, no famoso escândalo no início dos anos 90, aquele capitaneado por João Alves; o interino tornado presidente tornou-se um – de estatura ainda menor – depois de compactuar com o anão clássico.

“A política tem dessas coisas” – disse-o tentando amaciar Calero.

Jânio
Muitos sabem o que representa em termos de moralidade Geddel Vieira Lima.

Jânio de Freitas foi no gurgumim (aqui disponibilizado através do Conversa Afiada). E o aliou ao interino tornado permanente. 

Não esquecendo de lembrar que Geddel foi um dos ‘anões do orçamento’.

Parlamentarismo à vista
Nenhuma referência a Lula como partícipe no esquema apurado pela Lava Jato. Todas as testemunhas de acusação – escolhidas a dedo entre os beneficiados com a delação premiada – de Barusco a Youssef, passando por Cerveró, Paulo Roberto Costa e Pedro Correa – desconhecem qualquer participação ou interferência do ex-presidente no esquema.

Para entendermos o que ocorre nos porões da república de Curitiba – e a sanha por delações premiadas para fins seletivamemte específicos – Pedro Correa disse “que, quando se apresentou ao MPF-PR (Ministério Público Federal no Paraná) para depor contra o ex-presidente Lula, estava agindo dentro do processo de busca de vantagem por meio de uma delação premiada que reduzisse suas penas.”

Quem inocenta Lula são as testemunhas agendadas pela Acusação.

Não haverá jeito. A não ser implantar o parlamentarismo.

Começaram
As absolvições em relação a condenados por Moro na Lava Jato começam a sair. As últimas, pela 8ª Turma do TRF4, que por unanimidade inocentaram Mateus Coutinho de Sá e Fernando Andrade, da OAS, por falta de provas. 

Coutinho cumpria há cinco meses da condenação de Moro a 11 anos por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Fernando Augusto Stremel Andrade, condenado a 4 anos por lavagem de dinheiro. 

Como não havia prova dos crimes – segundo o Tribunal – fica a certeza de que o juiz Sérgio Moro os condenou por ‘convicção’.

República dos delatores
A delação como negócio está em vias de ser implantada no Brasil, trazendo o “terror institucional”, o que não promoveu nem a ditadura civil/militar.

O caro leitor talvez não se assuste com a leitura que ora disponibilizamos, de Roberto Tardelli, no Justificando

Mas não custa observá-la comparativamente com o que disse Pedro Corrêa, acima. 

Para quê?
Um Procurador da República  o Dellagnol, da Lava Jato  no exercício de pressão sobre parlamentares, tem marqueteiro cuidando de sua imagem.

Curiosamente, o mesmo que cuida do governo tucano de Beto Richa.

Afastada a imoralidade de um servidor fazer-se valer de empresa de marketing para auxiliá-lo no culto à imagem pessoal no exercício de função pública, quem paga a conta?

Como não é personagem (ainda) de Cervantes e não sai em louca desabalada pela madrugada para nada, para quê?

O Cavalo de Tróia de Cirino
A conexão da Lava Jato e dos meios de Comunicação (em conluio) constituem novo cenário da luta classes brasileira. Afirma-o Juarez Cirino dos Santos

Neymar ameaçado
O Ministério Público espanhol pediu a condenação de Neymar  à prisão. Léo Villanova registrou.


Não custava tentar
O ex-subprocurador-geral da República Wagner Gonçalves registrou em texto publicado no Conversa Afiada: “Eu creio na juventude, como todos os membros do meu Governo, porque se não acreditássemos nela, teríamos de declarar a falência da Nação. Nós queremos governar com a juventude para a juventude, porque estamos no fim de nossas carreiras.”

Não, caro leitor, o dito acima não é de Wagner, mas por ele citado, de fala do Costa e Silva.

Que o interino tornado permanente poderia avocar, já que dirige uma ditadura branca e põe em prática métodos de triste memória.

A quantas estamos 
Sem pejo algum de alguns entenderem que defendemos ‘criminosos’ registramos apenas o absurdo a que estamos chegando: juiz desconhece informações médicas, duvida delas e põe em risco a vida de alguém a quem persegue. 

Para gáudio da turba ignara, que vive sua oportunidade de Coliseu, capitaneada pela Globo.

Fato concreto: o affair Garotinho.

Quadro negro
O que pinta Tereza Cruvinel em texto reproduzido no Conversa Afiada é o epitáfio do governo interino tornado permanente. Falta delimitar a profundidade da cova. 

A tragédia montada conseguiu a proeza de escancarar-se em seis meses. A ‘fome’ para corresponder ao prometido (para os de fora, estrangeiros) como meio de angariar apoios (também lá fora) lançou o país no fosso profundo. 

Que o digam os jovens, em número de 37%, que perderam o emprego nestes meses apocalípticos. 

Dados do IBGE: São Paulo já acumula 25% do desemprego nacional, daqueles 12 milhões de desocupados (pelo Caged), porque aliando-se a eles os subutilizados os números alcançam os 23 milhões, mais de 10% da população brasileira total (levando em conta de mamânu a caducânu).

O papa Francisco fala em Misericórdia. O governo a isso faz-se de surdo, tornando-se agente da Morte.

Antes do desastre
Ainda que na esteira da crise internacional, dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) para o Brasil mostram, em todas as dimensões da análise (educação, renda e longevidade) crescimento no período 2011-2014, sob a ótica do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM).

O estudo deixa entrever a força dos programas sociais como alavanca dos avanços: O leve avanço do IDHM no início da década de 2010 pode estar relacionado com a natureza dos dados considerados, que propositadamente têm sensibilidade diferente ao desempenho da economia, e com a rede de proteção social existente no país. Dessa forma, a população brasileira não sofreu grandes impactos no período devido à robustez dos programas sociais, que ofereceram apoio em dimensões básicas da vida humana, como saúde, educação e renda”. 

Confirmando
A cooperação lesa-pátria de Sérgio Moro, Procuradores (inclusive a Procuradoria-Geral da República) e Lava Jato vai se escancarando. Mostrando a que veio. 

Aí a resposta do porquê quebram as empresas para combater a ‘corrupção’.

Dizem-no Moniz Bandeira e Pepe Escobar. Redobrando a atenção para o que diz Escobar sobre Moro e a Lava Jato. E muito mais: a partir dos 30min do vídeo, quando destaca a "agenda do golpe" a médio e longo prazos, da "guerra híbrida" no formato em que posta no Brasil, onde "desenvolveram um sistema ainda mais sofisticado" como um "golpe lento e a longo prazo", contando apenas com as instituições locais, sem outras formas de intervenção interna além daquelas já postas, porque sustentadas na "manipulação monstruosa da mídia", "na manipulação política", "manipulação financeira", "Tudo isso alinhado com o sistema judiciário". E confirma: "O Brasil é a primeira cobaia dessa nova experimentação".

                   

Nenhum comentário:

Postar um comentário