domingo, 15 de julho de 2018

Copa do Mundo em dois detalhes e outros detalhes


Copa em dois detalhes
(In)conveniências da imigração
Pelo menos para a França, quando o assunto é futebol. Depois de uma geração que teve Fontaine como o maior artilheiro em uma só copa (a de 1958) a França passou a traduzir um futebol de qualidade que não pode ser atribuída aos nativos, mas aos imigrantes (Zidanne, um deles).

A seleção francesa mais situada está, geograficamente – pela origem de seus jogadores – para uma seleção da África continental, tantos os descendentes de imigrantes quando não os próprios, como já ocorreu com Zidane.

Lá estão oriundos da Mauritânia, Senegal, Argélia, República Democrática do Congo, Camarões, Angola, Marrocos, Guiné, Togo, Mali (África), Itália, Haiti, Filipinas, Espanha, Martinica e Guadalupe.

A xenofobia será repensada na pátria do Iluminismo?

Para enfrentar o tema recomendamos (não as dezenas de clássicos do cinema francês discutindo-o) “As loucas aventuras de Rabbi Jacob” (1973), de Gérard Oury, protagonizado pelo impagável Louis de Funès.

O grande vencedor
Deixamos de citar nome de emissora(s) que us(ou)aram a Copa do Mundo na Rússia como texto de propaganda ocidental no início da guerra fria. Não escapou nem a Revolução Bolchevique como tema ‘atual’, com entrevistas de netos, bisnetos e tataranetos dos que fugiram de lá depois do outubro/novembro de 1917.

Mas chegaram todos, ao que parece, a uma conclusão insofismável: OS RUSSOS NÃO COMEM CRIANCINHAS.

Outros detalhes
Sanha por lucrar
O uso e manuseio do amianto vem sendo questionado desde final do século XIX, como agente causador de doenças pulmonares, o câncer entre outras, decorrentes da asbestose. Portanto, não é coisa recente.

No entanto, ainda que proibido o uso, era usado ‘como talco’ pela Johnson & Johnson.

A sanha pelo lucro, com a redução dos custos leva a tal absurdo.

A empresa foi condenada a pagar pelos danos e pela omissão.

Nos Estados Unidos, naturalmente.

Efeito eleitoral
A luta por tornar Lula inelegível tudo fez. Inclusive de reconhecer em um ser comum virtudes que não possui. Não contava com as reações do próprio escolhido. Dotaram Sérgio Moro de uma realeza tal que ele – Freud explica – sentiu-se como tal e como já agia assim protagonizou típico embate digno de monarquias chinfrins: usurpou a coroa.

No caso concreto arvorou-se de cavaleiro andante e partiu para destronar o desembargador que lhe era superior, que estava no exercício da prestação jurisdicional (enquanto ele, afastado para gozo de férias). 

No afã da bílis contra Lula buscou apoio de outros cavaleiros, encontrando-o na Polícia Federal (que retardou o cumprimento da decisão) e no desembargador amigo, que – apesar de estar também em gozo de férias as suspendeu  tirou da algibeira o pó de pirlimpimpim que atenderia ao ilustre cavaleiro e manteria odioso marionete sob seu controle. 

Ópera bufa, das maiores, sem, contudo, dispor do enredo além da fajutice dos atores.

Desmoralizaram o teatro, a peça e causaram um torpor na opinião, que chegará a eles pelas vias mais diversas.

Moro nunca mais será o mesmo. Aqui, porque nos Estados Unidos será aplaudido. Afinal a eles serve o cavaleiro andante.

Não contam com a real possibilidade de o texto ser alterado e perderem a direção e controle sobre alguns atores.

“Eu tenho a força!”
Da presepada encenada só restará a expressão que titula este curto texto. 

Porque nem de longe lembra o uso da espada – como a do personagem dos desenhos animados/quadrinhos dos anos 70, He Man – mas o da caneta.

Desespero bate à porta
No affair prende-e-solta-solta-e-prende Lula uma coisa ficou patente, afora os absurdos cometidos no correr do imbróglio: que medo causa Lula liberto? 

Não se vê tal preocupação do Judiciário – em todos os níveis – com o contrabando de armas, de drogas ilícitas, com o crime organizado, com as milícias etc. etc., mais chocantes que a pretensão de um político que questiona sua condenação e prisão e não encontra neste Judiciário o cumprimento mais elementar de suas funções: julgar.

Para nós – que enxergamos mãos poderosas de fora do país, secundadas por poderosas dentro do país e manejadas por marionetes de plantão (cada época tem a sua) – tudo está sobre o fio da navalha que representa Lula livre para o contraponto e mesmo controle e reversão da entrega do país ao estrangeiro, fazendo-nos retornar à condição de colônia.

O açodamento com que o que denominam de governo insiste na entrega – precipitada – de tudo que nos pertence sinaliza que o golpe precisa se consumar plenamente, não só no âmbito político, mas – fundamentalmente – no capítulo soberania, este – por sinal – o motivo para que aquele ocorresse.

Não faltará a advocacia da Globo
O absurdo cometido por Sérgio Moro – interferindo, ainda que em gozo de férias e destituído temporariamente de jurisdição, para impedir decisão/ordem judicial prolatada por um superior hierárquico – somente pode ser compreendido sob o crivo da certeza de impunidade.

Neste quesito, aliás, já foi beneficiado em casos mais graves, inclusive, como o de vazar telefone obtido através de interceptação ilegal entre a então Presidente da República e terceiro (no caso, Lula).

No entanto compreendemos sua segurança: quem patrocina sua defesa é a advocacia da Globo.

Que faz tremer juízes, desembargadores e ministros.

Silogismo simbólico
Considerando o ‘conflito’ dirimido/interpretado pelo TRF-4, se uma decisão determinar ‘soltar’ não tem validade também aquela ‘para prender’ não o teria.

Deontologia jurídica
Diante do vexaminoso episódio do domingo último promovido pelo presidente do TRF-4 (de quatro diante de um juiz de piso, Sérgio Moro), impõe-se alterar as aulas de Deontologia Jurídica no País, que passarão a ensinar que à exceção das circunstâncias que viabilizam a venda de sentença, somente o ex-presidente Lula leva juízes a protagonizarem um conflito de competência positivo!!!!!

Quebrando paradigmas e fundamentos éticos e legais do que chamam ciência dos deveres.

No fundo restou uma ópera bufa, que escancarou a participação do Poder Judiciário na construção, execução e manutenção do golpe engendrado contra as instituições do moribundo Estado Democrático de Direito que vigia no país.

Máscaras despencadas, na tentativa de ofertar ares de legalidade e de legitimar tamanha estupidez.

Nos rincões do país dirá o caboclo: virou casa de mãe joana, puteiro de arraial ou coisa e tal.

O povo não parece bobo
Dentre os ‘salvadores da Pátria’ membros do Poder Judiciário têm sido aventados como solução político-eleitoral (Moro, como Joaquim Barbosa). 

No entanto a coisa não parece tão simples. A fuga de Barbosa, depois de alimentar candidatura, mostra isso. Ou seja, não é tão simples ‘convencer’ o eleitorado apenas por ser arauto da punição.

É a conclusão a que chegamos, considerando as avaliações de Moro e Lula em pesquisas. O gráfico fala melhor. Afinal, não nos cabe explicar a razão de uma diferença (no quesito desaprovação) cair de 42% para 3%. Ou seja, a imagem de Lula melhorou e a de Moro piorou.

Diremos, lembrando Shakespeare da tragédia ‘Hamlet’: Há algo de podre no reino da Dinamarca. E não são as “traições” e os “homicídios” do enredo da peça; apenas a tragédia.

Mas, o gráfico parece dizer que o povo não vê teatro; é o próprio personagem, que vê, enxerga e pensa.



Nenhum comentário:

Postar um comentário