domingo, 3 de fevereiro de 2019

Os burros que somos e nada mudou


A Europa imperialista ocupou a África, dividiu-a como se traçada geometricamente, pôs no mesmo espaço territorial tribos adversárias que se digladiavam (mortais inimigas) enquanto as riquezas (diamantes, ouro etc.) encaminhadas para o continente europeu. Inglaterra, Holanda, Alemanha, França, Itália entre outras.

No Oriente Médio, depois da Primeira Guerra, os povos que viviam em paz sob tutela Otomana (cristãos, drusos, palestinos, árabes etc.) foram divididos entre os vencedores de então (Inglaterra, França). Até hoje vivem em permanente conflito engordando com suas riquezas (petróleo) as burras dos invasores (hoje coordenados pelos Estados Unidos, de um lado, e a Rússia como contraponto).

Nossa leitura gira para concluir em torno da América Latina. As mesmas forças querem dividir o continente, pôr antigos irmãos em conflito, em guerra permanente. Para engordar as mesmas burras.

Não são eles burros; burros somos nós.

Incompreensão
Não entendemos o porquê de tanta incompreensão diante do benfazejo gesto da ministra (em todos os sentidos) Damares, de que teria retirado indevidamente uma índia de sua família. 

A bondosa e graciosa senhora apenas cumpriu uma orientação, que dirá, divina: de levar a menina para prepara-la para ver, vestidinha de rosa, Jesus Cristo na goiabeira!

Desmoralização suprema
Prenderam Lula como preso comum. Inventaram o que de (não)provas lhes interessava. Sempre negaram o caráter político-eleitoral de sua condenação (processo tramitando em velocidade nunca vista no país).

Escancaram a realidade: Lula é um preso político. Prova está quando sob argumentos pífios, lhe negaram um direito assegurado em lei. E que nem a ditadura militar lhe negou.

Caso outra a leitura e tomando as ‘razões’ do impedimento de o Judiciário e o Sistema Penitenciário Federal fazerem cumprir a Lei uma nada velada confissão:

a) de que ditas instituições só funcionam para corresponder aos interesses; 

b) estão incapacitadas para o exercício das funções institucionais.

No fundo, no fundo chegamos ao fim dos tempos para as instituições do país. 

Para ferir, magoar e humilhar Lula vivemos o absurdo de o país perder a vergonha. Não tem mais vergonha de cometer qualquer absurdo, desde que para atingir Lula se faça necessário.

Muito provável que qualquer destes (e mais alguns) nunca tenham ouvido falar em Antígona. 

Mas, muito neles há de Mamã Grande, da alegoria de Gabriel Garcia Márquez. 

Porque, como no enterro desta correm para garantir o butim mantendo afastado o morto-vivo.

Chame o guarda da esquina
No ridículo por que passamos, com Judiciário capitaneando a farsa, tudo começa quando quem detinha a competência administrativa para decidir transferiu-a para os ‘guardas da esquina’ encastelados no Judiciário e na Procuradoria da República. 

Os que traduzem Hannah Arendt e aquela ‘banalidade do mal’ para nomear a personalidade dos sem caráter e sem escrúpulos

O crime agradece
A confissão – caso levada a sério, porque muito mais está para piada – de que a Polícia não tinha condições de fazer cumprir a lei em favor de Lula pode ser motivo de festa para o crime dito organizado (que já manda no Estado em muitos lugares, ou das prisões ou das instituições). 

Porque a conclusão é a de que se não pode garantir direitos de um custodiado como garantirá o da sociedade?

Ocaso aperfeiçoado
DEM preside Câmara e Senado. Militares tutelam o governo atual, do qual fazem parte democraticamente.

A história do DEM é a história da arrumação de uma concepção político-entreguista no curso dos tempos nestes 70 anos de República, em meio à ditadura e instantes democráticos, sempre encabeçando interesses de fora (ainda que, no passado, abrigasse intelectuais – o que pouco significa – o que não é o caso de hoje) e que se aperfeiçoa neste 2019 com as eleições acima referidas.

Na leitura antiga, de trás para frente, do ontem para o hoje: UDN-ARENA-PDS-PFL-DEM; Na atualidade, do hoje para o ontem: DEM-PFL-PDS-ARENA-UDN.

Nada mudou. A História se repete. Como farsa, lembraria Marx.

Um pouco de poesia

                    
                        Urupês

“Só ele não fala, não canta, não ri, não ama,
só ele, no meio de tanta vida, não vive”, não vê
como tudo que aí existe é seu, lhe pertenceu
por herança natural, até o instante em que

os degredados aportaram e plantaram, logo
que puderam, a escravidão dos sonhos
dos romanos, imaginados conquistadores
de bárbaros, os que aqui em paz vivíamos

Os séculos vão passando, como primeiro dia
de uma eternidade que somente existe
por aqui, onde a vocação dos que comandam 
é tornar triste o dia que ainda não seja triste

“Só ele não fala, não canta, não ri, não ama,
só ele, no meio de tanta vida, não vive”, não vê


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