domingo, 24 de março de 2019

De cócoras


O cinema estadunidense/hollyoodiano nunca dispensou governante caricato, pintado de ditador, para fazer a plateia rir. Pouco se lhe serve a comédia como arte, muito bem ponteada pelo cinema europeu, mas a possibilidade de fazer rir com estereótipos. 

De Hitler e Mussolini ao clássico ditador africano, passando por quem quer que esteja sob a mira dos interesses de compatriotas. Caso o quisesse encontraria no brasileiro que andou por lá recentemente o mais histriônico deles. Receita perfeita para um prato predileto de comédia pastelão.

Encontraria nos próprios assessores do “ator” pérolas, como publicizar gosto por Coca-Cola e hambúrguer como sinal da ‘cultura’ do ilustre sobre os neocolonizadores.

“El Refundador” seria o título da fita, para aproveitar declaração de embevecido ministro Luiz Roberto Barroso, do STF, que vê no dignatário brasileiro o líder da ‘refundação’ do país, que bem poderia tê-lo (o ministro) como um personagem qualquer na corte deste ‘rei artur’, muito provável o de bobo ou falastrão.

Na falta de Jerry Lewis arranje-se alguém que possa repetir os Laurel & Hardy (O Gordo e o Magro) ou Moe, Larry e Shemp/Curly (Os Três Patetas), já que preferível a referência alheia à nossa, onde pontuariam “Os Trapalhões”.

Em nível de negócios nem mesmo tivemos direito às miçangas com que portugueses e franceses enganavam os índios seiscentistas.

Afinal, em corte tal, Idi Amin Dada é diplomata com direito ao Nobel da Paz.

O filé servido – beef a Wellington – foi o deles, apropriado pelos ingleses da França, na esteira da derrota de Napoleão – onde criado como Filet de boeuf en crôute.

Os sinais desta ‘refundação’ do país os vemos como Mário de Andrade e Monteiro Lobato. Que a antecipara em distintas vertentes.

Mário de Andrade caro leitor, sob o viés de Janjão diante da salada servida por Sarah  Ligth, em O Banquete (2ª edição/1989, p. 159-163), nos faz entender o que andou fazendo o brasileiro nos EUA. 

Que nunca será Janjão.

Mas se apresentou, e cumpriu, a singular figura, diante do grande irmão, o dito por Monteiro Lobato em Urupês (Editora Brasiliense, 10ª edição/1968, p. 280) refletindo em torno do alheamento caboclo do Jeca: 

“Há de ser de cócoras”.

Poeira em meio ao furacão 
Com as instituições arruinadas em meio à barbárie que se aprofunda – ocupando todos os espaços e dimensões – não sabemos se haverá tempo (e condições) para um pacto social (nunca o será ao modo do de Moncloa) que possa salvar a civilização em nível de terra brasilis. E quem o lideraria.

Quem o poderia está preso (vítima da barbárie que insistiu em combater).

As condições históricas de formação de nossa classe dominante não alimentam qualquer esperança. 

Alguns já se enfeitam para apoiar os militares, através do vice-presidente Mourão. Que o diga a programada reunião da FIESP e Mourão presente.

Onde havia mata e vida passa existir o deserto de forma abrupta, no imediato do cataclisma. Não tem como ocorrer adaptação.

Resta a luta fraticida.

LJ x STF
Do que aconteceu no curso desta semana deixaremos para os próximos dias detalhes e análises que aqui publicaríamos. Mas não nos dispensamos de fechar a coluna com o embate que sinalizamos no título, em seu viés ainda não analisado pela análise crítica. Ei-nos em campo.

No retrovisor das prisões efetuadas sob o condão da Lava Jato (versão carioca) há, também, pressão contra o STF às vésperas de possível julgamento a envolver interesses do ex-presidente Lula, em abril.

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