domingo, 10 de março de 2019

Em tempo de Quaresma


Em tempo de penitência
Uma pequena amostra da realidade que não tem como ser sublimada tão somente participando de folias.

Afinal, cremos, piamente, que esta terra brasilis passa a viver uma nova Era: a de permanente estado de Quaresma, tanto será o jejum.

Bloco de carpideiras
Carnaval é festa. A mais tradicional festa popular do país. Instante para esquecer do que aflige cada folião. Até a quarta-feira chegar.

Mas, tivemos dificuldade em nos alegrar diante do que nos ocorre:
Brumadinho, desemprego, atividade econômica no fundo do poço, desemprego (40% de desempregados, subutilizados e desalentados), fome e miséria multiplicados, mortalidade materno-infantil retornando etc. etc. Um mundão de gente em plenitude de falta da esperança, buscando o desencanto como remédio.

Não somente isso: time de futebol gastando milhões e a deixar jovens morrerem incendiados em centros de treinamento fajutos.

E mais: reformas para massacrar pobres e proteger castas e classe dominante.

Para combater a violência pastores evangélicos traficam fuzis para favelas. E alguns militares – para não perder oportunidade – traficando drogas.

E como se o pouco que acima registramos não bastasse o Ministério Público – que tem originariamente a função de defender a sociedade – assume sua dimensão de partido político, ideologizado em nível de retrocesso e cria uma ‘associação’ para contribuir para com a destruição do que resta de valores do estado nacional. 

E para garantir que ‘todo poder emana de mim e por mim será exercido’ uma falcatrua, ao arrepio das leis e do Congresso Nacional, transfere a bagatela de 2,5 bilhões de reais da Petrobras a fundo perdido para uma tal picaretagem chamada de ‘fundação lava jato’ (com letra minúscula revisor!) a ser administrada por procuradores da dita cuja, em Curitiba.

Um pouco mais: o mercado consumidor chinês (como destinatário de produtos brasileiros) que saíra de U$ 1,3 bilhão em 2003 para os atuais 52 bilhões começa a ser transferido para os Estados Unidos, que já fecham negócios de 30 bi de venda de grãos (soja), frango e carne para os chineses. 

Não bastasse, a mesma China congela os repasses de U$ 15 bi de um fundo comum entre os dois países para investimentos no Brasil.

Ah! Sem falar nos 500 milhões de abelhas mortas em apenas três meses, vítimas de defensivos agrícolas.

Diante de tudo isso restou-nos curtir o Carnaval relendo Fernando Pessoa e escrevendo.

Também vendo filmes de terror. Os clássicos. Porque os trash estão ao vivo nas redes de televisão, em noticiários, comentários políticos, capítulos de novela e reality shows e na manifestação da meritocracia analfabeta deste país pondo seu corporativismo em defesa do patrimonialismo que dizem combater.

Certo é que não tivemos como botar o bloco na rua.

Inclusive por falta de carpideiras.


Síndrome
Lemos em torno da preocupação da gente de Brumadinho em razão da ausência da Vale, temendo pelo futuro da localidade sem a mineração.

Ainda que mais de 300 dos seus estejam mortos por causa dela, rios ‘assassinados’ e ribeirinhos que adoecerão, inclusive com cânceres.

Não há dúvida: síndrome de Estocolmo.


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