domingo, 15 de setembro de 2019

Em defesa de um símbolo, um não a imobilismos, amadorismos e casos à parte

A razão da luta
Enquanto a classe dominante (externa e interna) flana em céu de brigadeiro consumando seu projeto finalístico (recebimento/entrega do país, com suas riquezas e afins) a denominada esquerda brasileira se digladia entre si, quando não entre os próprios pares.

Exagero do escriba – dirá alguém. Porque não outro caminho se não reocupar o terreno perdido, recuperar o espaço eleitoral lançado às calendas através da utilização de instrumentos nada republicanos.

Líderes partidários discutem; líderes de um mesmo partido se esgarçam. Em meio a tudo o nome de Lula presente. Uns a reconhecer o seu legado e importância; outros, tendo-o como estorvo.

Neste país esfacelado política e economicamente (este em razão daquele) a coisa caminha naquela de Pedro Tamarindo e seu “em tempo de murici, cada um cuida de si”. 

Assim parece. Os grandes temas estão ao largo, pontuados como adendo, detalhe.

Mal saímos dos cueiros de uma eleição e já estamos  em campanha. Uma eleição questionável (se não questionada diante dos fatos até agora revelados e escancaradamente demonstrados) vai sendo legitimada por seus métodos singulares e pouco disso se ouve falar em nível nacional. No entanto das campanhas, sim. 

Ciro Gomes, Rui Costa, Flávio Dino e quejandos outros estão em campanha. Ainda que não possam afirmar que processo eleitoral está por vir. Nem mesmo se o atual sistema de governo permanecerá.

Este escriba de província continua  batendo na tecla: as leituras não foram lidas, os fatos não foram (e não estão sendo) suficientemente maturados para a construção inversa.

Continuamos a afirmar: o projeto que encontrou resposta e que atende aos interesses daqueles nominados no início deste artigo, não foi elaborado e posto em andamento para sucumbir em curto espaço. 1964 durou 21 anos; o neoliberalismo e sua globalização outros 12, se dele afastamos explicitamente o período Sarney; o nacionalismo, outros treze. O retorno daquele processo (mais antigo que possamos imaginar) está em andamento. Para não cometer erros. A turma não pretende retorno de trabalhismo, nacionalismo, soberania, distribuição de renda e riqueza, redução de desigualdades.

A classe dominante não tem esse compromisso. E está no poder. Que recuperou porque aprendeu a lição.

Não sabemos (e dúvida profunda o temos) se a esquerda já abriu o livro de leitura.

Por aquilo que acompanhamos, ainda não. Permanece imobilizada em torno de um canto monocórdio: Lula livre. E com isso vai assegurando aquele “coisa do PT”. Com ele – sem o querer, ou o perceber – também imobiliza o país, atado por mãos imprecisas mas que sabem o que querem.

Até porque a liberdade de Lula não deve estar atrelada a uma bandeira político-partidária, mas à própria sobrevivência do Estado Democrático de Direito, violentado para que o ex-presidente esteja ainda preso, “com Supremo e tudo”.

A liberdade de Lula não pode estar atrelada pura e simplesmente à possibilidade eleitoral individual que dela adviria (ainda que muito justa por sua história) mas porque representa um ideal levado à pratica em defesa do país como valor e da soberania e do desenvolvimento tendo o homem comum como sentido e destinação.

Lula livre é condição de nos reconhecermos (em catarse) e sermos reconhecido como povo por quem nele (lá fora) o respeita como símbolo vivo de uma era em que a utopia se fez possível.

Por fim, para que não tenhamos de “escrever” páginas em branco quando chamados a falar de independência.


Caso a parte
No quesito Lula, a defesa do ex-presidente insistindo (o que lhe cabe) na sua libertação utilizando-se dos meios jurídico-processuais de que dispõe. Ou seja, aquilo que está previsto e permitido na Lei é levado às instâncias judiciais.

Aí o busílis: como resolver juridicamente um processo que nada tem de jurídico e sim de político? De fazer inveja a Kafka. Ou de (re)inspirá-lo a novo clássico.
Não fora isso nem mesmo teria sido processado e condenado (“com Supremo e tudo”).

Ainda em relação ao quesito Lula, a ex-presidente Dilma Rousseff, em Paris, levanta uma falsa cortina de fumaça: estaria preso porque representa “a luta democrática”.

Bobagem das maiores. 

Lula está preso porque venceria as eleições e daria continuidade a um projeto que contraria os interesses da classe dominante (interna e externa), porque trouxe à ribalta solução para os problemas que historicamente afetam os desassistidos e promoveu a redução das desigualdades sociais como políticas de governo. 

Mais fez: demonstrou que os investimentos do Estado são, por excelência, o vetor do desenvolvimento. E que este mesmo Estado, chamado Brasil, poderia não ser somente peão como peça no xadrez da geopolítica. 

Concluindo
Mais uma vez, e não nos cansaremos repetir, o inquilino do Alvorada – como peão a serviço da classe dominante (interna e externa) vai ganhando a guerra no campo de batalha por ele/eles escolhido.

Razão por que da vitória obtida até agora nestes quase nove meses: a discussão de problemas menores enquanto os mais graves vão se tornando apenas acessórios, pontuais, diante daqueles.

Enquanto consolidam seus projetos outros bastam-se em levantar bandeiras. 

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