Em pesquisa mais recente 79% opinam que a
pandemia está fora de controle (leia), como apurado pelo Datafolha. Na anterior, que avaliou a administração presidencial em torno da crise sanitária
por que passamos, 54% a rejeitam.
Mas — respire fundo — reconhecendo
a gestão da crise como boa ou ótima lá estão 22% dos entrevistados.
Eis-nos diante de um fato concreto:
aproximando-se de 300 mil mortos por Covid-19 e prestes a ultrapassar as 3 mil
diárias (2.798 na terça 16, 2.815, na sexta 19 e média móvel 2.173 nos últimos
sete dias), na iminência de um colapso apocalíptico no sistema de saúde público
e privado, vacina insuficiente para reduzir o número de casos a médio prazo, há
no seio da sociedade 22% que dizem ser ótima ou boa a gestão do inquilino do
Alvorada no combate à pandemia.
Há quem aplauda uma política genocida (ops!)
que a Fundação Oswaldo Cruz (leia) registra como o maior colapso sanitário e
hospitalar da história do país.
Caso afastemos a pandemia (que pode ser
interpretada como perseguição de comunistas e esquerdopatas contra o anjo da
salvação pátria) busquemos razões da atuação governamental para justificar tal
patamar de ‘confiança’, ou seja, considerando o que está fazendo de positivo também
o fará no quesito pandemia dentro daquela arrumação amparada em “nova” ou “mais
uma” chance.
Então um leve passeio por dados outros que
instrumentalizam a ação governamental no âmbito da economia e da moralidade
pública cá estamos com percentual superior a 14% de desempregados, gasolina
superando 6 reais, botijão se aproximando de 100, o pais despencando da 6ª para
a 12ª economia, alimentos até mesmo ultrapassando 100% de aumento no período em
que administra(?) o inquilino do Alvorada, fábricas fechando as portas,
indústria de base estagnada, internacionalmente nos tornamos o epicentro da
pandemia (apenas seis países apresentam restrições leves para ingresso de
brasileiros em seus territórios: Albânia, Afeganistão, Costa Rica, Eslováquia,
Macedônia do Norte, Nauru, República Centro Africana e Tonga), cocaína em avião
presidencial, rachadinhas no ambiente familiar etc. etc.
Fracassado no exterior, no front interno do
combate à pandemia prepara o inquilino do Alvorada uma ação junto ao STF contra
prefeitos e Governadores que impuseram medidas restritivas para controlar o
alastramento do contágio (veiculado no 247).
Não, caro e paciente leitor, não há mais
grupo(s) de risco, mas toda uma nação em risco. E como não bastasse, em meio a
tanto de trágico, quando colapsa o sistema de saúde no quesito oferta de leitos
em UTI (em São Paulo já houve óbito na fila de espera por UTI), denúncia vazada
deixa-nos estarrecido: as Forças Armadas serão investigadas pelo TCU por não ofertar
leitos em seus hospitais para combater a pandemia (leia). Essas gloriosas forças
armadas convocadas por aqueles 22% para ‘gerir’ a nação, que somente olham para
o próprio umbigo.
Estudos remetem à formação da sociedade
brasileira, desenvolvida sob a égide de uma cultura de exploração como conduto maior.
Exploradas as terras e suas riquezas, explorados como mão de obra escravizada o
índio e o negro. Tudo a serviço daquilo que Cláudio Lembo denomina de “elite
branca” e Jessé Souza de “elite do atraso”.
De priscas eras o patrimonialismo como lema,
coordenado e controlado por uma diminuta parcela da sociedade que se arvora de
detentora dos destinos pátrios. Para tanto, o Estado não para servir ao povo,
mas para servi-lo na bandeja como tira-gosto na mesa dos opulentos.
Quando as (in)conveniências o exigiram a
classe dominante (eterna aliada ao Clero e à Monarquia) — que se beneficiara nos períodos de
Colônia e de Império —
viu-se
convertida ao republicanismo. Engrossando as fileiras republicanas (recém saída
da Guerra do Paraguai) uma nova etapa de dominante surge: o militarismo. Parte
dela augurando a implantação da república controlada e administrada por ela.
Mas, o que move este articulista de província
a enveredar por tema que já alcança a seara da banalidade para tantos?
Durante muito tempo temos desenvolvido o raciocínio
de atribuir às classes dominantes a responsabilidade primordial por tudo que
acontece ao país. Ou seja, sob o prisma da responsabilidade governante por ela
levada ao poder (com raríssimas exceções) as políticas de Estado geridas por
diferentes de seus governos estiveram a alimentar as burras de sua gente.
Assim, a responsabilidade da sociedade em assegurar tal distorção ficava à
conta do controle exercido por aquela sobre o processo eleitoral (mídia,
legislação etc.) e ao discurso demagógico de que se vale.
Mas eis-nos — estupefato — diante de uma
outra vertente que integra a construção deste país, que não imaginávamos em
dimensão tal. Não somente o eleitor manipulado, mas uma parcela substancial da
sociedade que escolhe o representante que sonha para efetivar seus sonhos
reprimidos. Esta turma que exalta um (des)governo caminhando célere para um
desastre, com risco concreto de tornar-se um cadáver insepulto vagando nas
sombras por apoios a um golpe.
Na atualidade, ultrapassados dois anos de
mandarinato do inquilino do Alvorada, há muito esvaiu-se no ralo qualquer
resquício de engano a que foi levado o eleitor. Entretanto aí está parcela
considerável embevecida/enraivecida e crente/fanática de que tudo está sendo
feito a contento porque quem o promove é um messias.
Não temos como negar que descobrimos o óbvio
ululante, que não acreditávamos, explicável facilmente pela Ciência, aquela a
que negam valia. São eles expressão cristalina de que se encontra essa gente em
estágio de plenitude delirante.
E trazemos ao caro e estimado leitor a
compreensão do que seja, sob anamnese (ainda que platônica), naturalmente menos
filosófica e mais médico-psiquiátrica, dita patologia:
O delírio, também
conhecido como transtorno delirante, é a alteração do conteúdo do pensamento,
em que não existe alucinações nem alterações da linguagem, mas em que a pessoa
acredita fortemente numa ideia irreal, mesmo quando já foi comprovado que não é
verdade. Mune-se o portador de crenças exageradas e para ele irrefutáveis. Tem
certeza de algo mesmo que nenhuma evidência real se faça presente.
No âmbito da Psicopatologia
é a convicção errônea mantida por uma pessoa, baseada em falsas conclusões
tiradas dos dados da realidade exterior, e que não se altera mesmo diante de
provas ou raciocínios em contrário.
Considerando a irredutibilidade em torno do pensamento conformado cabe-nos — à guisa de contribuição para com a saúde pública e mesmo para a segurança individual — recomendar ao caro e paciente leitor NUNCA abrir prosa que vise convencer um delirante.
Cristãmente rezar enquanto dele se distancie!
Caso não saiba exorcizar!
Para quem assim decidir recomenda-se o
necessário retorno aos séculos XIV e início do XV (para ajustar as Eras),
apoiado em São Bento e, munido de um crucifixo, proclamar o “vade retro satana”
Crux sacra sit mihi
lux A cruz sagrada
seja a minha luz
Non draco sit mihi dux não seja o dragão o meu guia
Vade retro satana Retira-te satanás
Numquam suade mihi vana Nunca
me aconselhes coisas vãs
Sunt mala quae
libas É mau o que
me ofereces
Ipse venena bibas Bebe
tu mesmo o teu veneno
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