domingo, 20 de dezembro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Luz no fim do túnel
Perceber a dinâmica histórica em andamento não é papel para neófitos. Sentir os humores decantados dos fatos cotidianos não é tarefa fácil. No entanto, o que ora ocorre no Brasil – oriunda da crise política que afeta a economia – precipitou percepções, oferta lições para serem postas em prática imediatamente.

No viés da economia o terrível erro do Governo de imaginar que uma política ortodoxa levasse o país ao Paraíso está dando com os burros n’água. O modelo que destrói o planeta em benefício exclusivo de um punhado de rentistas, administrado ao sabor de teorias desenvolvidas para corresponder aos interesses do sistema financeiro internacional – apátrida – mais do que demonstrou ser inviável para responder aos reclamos exigidos.

O tripé posto se sustenta – por exemplo – na ficção de que a inflação em curso pode ser controlada por uma elevada taxa de juros. Tal remédio – amargo ao extremo – deveria ser utilizado quando a demanda se torna inconveniente e a relação oferta-procura – em razão da demanda – faz o ofertante elevar os preços do que vende para ‘aproveitar’ a oportunidade. Não é o caso brasileiro.

O aumento de preços decorre não de demanda excessiva do consumidor, mas de preços administrados em dólar que vão às alturas por falta de controle do câmbio que faz a moeda estadunidense oscilar ao sabor de humores da especulação, entre outros penduricalhos. Dessa forma, subindo o dólar sobem todos os bens que tem seus preços nele administrados: trigo, petróleo etc.

Para sermos sucinto, o ajuste fiscal proposto – causando recessão – certamente não é o caminho da retomada do crescimento. Aliado a isso, uma atuação criminosa do Judiciário – ao intervir em relações econômicas – gera o caos de ver-se uma Petrobras – da qual dependem cerca de 71 mil empresas no país – impossibilitada de comprar/encomendar e de pagar a quem já lhe forneceu obras e serviços. A cadeia produtiva – e os empregos por ela sustentados – foi lançada ao léu e leva, certamente, a que o PIB tenha se contraído em pelo entre 2% a 3% em razão direta com a impossibilidade atual de a Petrobras manter seus investimentos.

Por outro lado, a crise política – que alimenta o aprofundamento da econômica – deixa entrever que algo de concreto está acontecendo. E não decorre – como muitos podem admitir – de sucesso de operações policiais envolvendo a classe política. (Até porque a seletividade nos objetivos das operações depõe contra a utopia de ‘passar o Brasil a limpo’ somente tirando a sujeira de um lado da casa e deixando o outro sob o antigo tapete).

O que emerge da crise política leva(rá) até ao cidadão mais distante das discussões/análises a compreender que este presidencialismo de coalizão – levado ao extremo no período Sarney e lançado como projeto por Temer – precisa mudar sob pena de esfacelamento da nação.

Mais que cristalino que atender aos caprichos deste ou daquele partido que se apresente com maior número de congressistas na base de sustentação ao governo não tem demonstrado ser o ideal.

Podemos estar errado: mas a crise política tem o condão de viabilizar a depuração neste ‘presidencialismo de coalizão’. Começando – à guisa de exemplo – com o afastamento da turma vinculada a Temer dos cargos que ora ocupa no Governo.

Abrindo espaço para outros formadores da coalizão e lançando o joio às chamas.

Degradação
Quando instado a manifestar-se dentro dos parâmetros da isenção o ministro Gilmar Mendes aproveita a oportunidade para dar razão ao professor e jurista Dalmo de Abreu Dallari, que, profeticamente, em artigo publicado na Folha de São Paulo em maio de 2002, criticava a possível indicação do nome do então Advogado-Geral da União para o STF. Alertava o presidente FHC dos graves riscos decorrentes da indicação (e mostrando as razões) e afirmando peremptoriamente: "Gilmar Mendes no STF é a degradação do Judiciário Brasileiro.

Não lhe bastou o voto no julgamento em torno do rito do impeachment e sai Gilmar Mendes a alimentar a sua natureza degradatória, ofendendo seus pares em entrevista concedida a CBN, dizendo  entre outras diatribes  que por lá foram "cooptados". 

Razão assiste a Dalmo Dallari.

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Ser ou não ser
A preferência política – a cada dia se confirma – parece ser o limite das investigações que querem passar o Brasil a limpo. Limpando do cenário político brasileiro o PT. Isso porque não se vê uma só iniciativa de Ministério Público, Polícia federal e do juiz Sérgio Moro (em particular) que envolva um tucanozinho que seja. Deixamos de fora a imprensa (“golpista”, como a denomina Paulo Henrique Amorim) porque esta permanece em seu papel histórico, deitada no berço esplêndido comprado pelos poderosos (daqui e de lá) aos quais sempre serviu e serve, pautada por bandidos.

Isso o que está desmoralizando operações perante a opinião pública.

Na Bahia – por exemplo – fica difícil para o baiano enxergar pureza no carlismo e nos seus sucessores. Assim, em Pernambuco, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Norte, Paraíba, Maranhão, Alagoas, Pará etc. (São Paulo fica de fora, porque é um caso de patologia político-administrativa especial). Em cada um o povo conhece os ‘seus’ ladrões. Não os vendo alcançados pela dura investigação começa a duvidar das intenções e pretensões punitivas.

Esconder o PSDB das investigações desmoraliza a atuação investigativa. As provas não faltam. Falta a vergonha na cara de não ser isento.

Coisa de trazer à baila Shakespeare do Hamlet.

Legalidade
As oposições – impõe-se o plural diante das tendências (no Judiciário Gilmar Mendes, no PSDB Aécio Neves, FHC etc. etc. etc.)  gastaram um ano com o discurso do impeachment. Construído sobre os trilhos que ela mesmo edificou. 

Sua vitória residia – no entanto – no apoio das ruas. Foi-lhe negado.

E tudo caminha para as calendas.

Bastou atender à legalidade. 

Dobradinha
A OAB nacional engrossa uma corrente de ruptura institucional aderindo a uma ideia inoportuna pelo instante: o semipresidencialismo. 

Lembra-nos a solução ‘parlamentarista’ para barrar o golpe no imediato da renúncia de Jânio Quadros para evitar a assunção plena do vice-presidente João Goulart.

Destacamos do informe da OAB: "A proposta de se debater a implementação do semipresidencialismo no Brasil, defendida pela OAB, foi recebida com elogios pelo ministro do STF Gilmar Mendes. Para o magistrado, é importante que as instituições estejam abertas a possibilidades para contornar a crise enfrentada pelo país e que uma revisita histórica pode trazer luzes ao momento atual de crise".

Naturalmente, Gilmar Mendes adorou. Com quem a OAB passa a fazer uma dobradinha.

Ficou pequeno
O voto do ministro Edson Fachin nos causou estranheza. Não podemos entender como embasado juridicamente um posicionamento que contraria normas expressas. No caso da questão levantada pelo PCdoB no STF – das irregularidades cometidas por Eduardo Cunha, ao atropelar o Regimento Interno (e a lei) para assegurar o controle da Comissão que analisaria o impeachment – Sua Excelência entendeu legítima a atuação de Cunha.

Fachin ingressou no STF sob grande pressão e era tido e defendido como um progressista. Negou-se a si mesmo, e encontrou aliados em Gilmar Mendes e seu pupilo Dias Tóffoli. Ficou pior entre alguns de sempre.

Ficou pequeno, mal entrou nos cueiros do STF. E decepcionou. Jogou fora a oportunidade de ministrar uma lição que o poria entre os melhores. Bastava aplicar a Constituição. Como o fez Barroso.

Caso encontre justificativa para a aberração nas ameaças sofridas, temos que, além de pequeno, ficou covarde.

A foto que fala
Atribui-se a Michelangelo, extasiado, diante da obra que acabara de realizar: “Fala!” 

Tão perfeita a arte na Moisés que viva o era.

A foto de Gilmar Mendes nada tem de êxtase. Tampouco de comparação com Moisés.

Mas que fala, isso fala!

      Miniatura

Escutando as ruas I
A presidente Dilma Rousseff dá sinais de retomada do poder que ainda não assumira no segundo mandato. Exonerar e nomear faz parte do ritual.

A mudança na Fazenda – ponto nevrálgico – sinaliza ter ouvido as ruas. Lá não ouviu somente apoios, mas também críticas contundentes a uma política econômica que aprofundava o desastre. E quanto aos apoios – parece haver percebido – os perderia se mantivesse a política levyana.

Livrou-se de Levy. Com isso um recado: o mercado será ouvido mas não manda.

Escutando as ruas II
Na esteira do instante acena para uma guinada na economia com a edição de uma Medida Provisória para legitimar acordos de leniência com envolvidos em escândalos com estatais. Simplesmente salvar empresas e empregos sem prejuízo de punir os responsáveis e a própria empresa nos limites de sua responsabilidade/possibilidade.

Feito isso teremos a retomada da atuação das empreiteiras e do emprego em fase de retorno. 

Afinal, a Petrobras emprega – com suas encomendas – trabalhadores de 71 mil empresas brasileiras.

Gostemos ou não
“Ajustes nunca são um fim em si mesmos. Ajustes são medidas necessárias para a recuperação do crescimento da economia, que por sua vez é condição indispensável para continuar nosso projeto de desenvolvimento econômico.” (De Barbosa há um ano).

Gostemos ou não a fala de Barbosa mais afinada está com o desenvolvimento do país.

Gostar ou não gostar
No âmbito das paixões, gostar ou não gostar dos possíveis novos rumos para a economia brasileira é apenas ‘torcida’. 

A coisa pode rolar por outros vieses, mas o peso do mercado financeiro nas prioridades de formulação de política econômica não mais representa o que representou com Joaquim Levy.

Vazar é a lei
Vazamento no Brasil se tornou lugar comum. Caminha para tornar-se instituição nacional. 

Até no STF.

Doa a quem doer
Há quem veja naquela expressão de Dilma, de que “não ficará pedra sobre pedra” uma estratégia de espera.

Caso haja procedência, a Operação Sangue Negro pode servir de parâmetro para o dito: tucanos relacionados, por ações no período de FHC/Rennó começam a ser investigadas.

Joel Rennó foi o presidente da Petrobrás no primeiro mandato de FHC (onde tudo continuou). O próprio FHC – em seu livro de memórias – confessa ter ouvido de Steinbruch que por lá (na estatal) era “um escândalo”.

No tempo de FHC tudo ia para baixo do tapete. Nos tempos recentes não fica “pedra sobre pedra”. Eis a diferença.

Tanto é que a coisa começa a cheirar mal para os lados do período tucano. É o que afirma Marcelo Auler em Operação Sangue negro atinge governo de FHC.

Para o juiz Sérgio Moro – que ouviu de Cerveró e Pedro Barusco o que está sendo apurado na Sangue Negro – não vem ao caso.

Esse Merval!
A premonição de Merval Pereira, em sua coluna n’ O Globo de quinta-feira 17:

"Caminho livre

O dia de ontem adicionou dois dados fundamentais no caminho do impeachment da Presidente Dilma: o relatório do ministro Luiz Edson Fachin, que deve ser aprovado quase que por unanimidade hoje ... "

Só falta dizer que Eduardo Cunha ganhou de 3 x 8 na sessão da tarde do STF, na mesma quinta.

A ver navios
O trenó ansiado por Eduardo Cunha lhe foi tirado. Vai ficar a ver navios neste Natal. Resta-lhe tempo para reiterar a defesa no processo a que responde.

                 

Melou
O mecanismo engendrado para afastar Dilma e colocar o afastadores no poder começa a melar: sem povo e vendo o vice capitão do golpe à paraguaia suspeito das mesmas práticas.

Ou seja, o caos se aproxima. Na linha de sucessão cabe a Eduardo Cunha assumir o Planalto.

O povo não é bobo... não só contra a Globo. 

O que restou
De todas as manifestações pró impeachment restou o que diz Cervantes em relação aos cavaleiros de Granada: saiam em louca disparada na madrugada. Para quê? Para nada!

Ou, como observa Paulo Henrique Amorim em vídeo postado em sua TVAfiada:

“Não tinha um negro. Não tinha um pobre.  É um golpe de poucos brancos contra todos os pobres”.

Aglutinando
As forças que vêem no pedido de impeachment um golpe branco, à paraguaia, vão se aglutinando. Juristas de renome, prefeitos de capitais, governadores de estado, juízes federais da associação Juízes para a Democracia  

O golpismo contava com as ruas. Contava.

Não ofende
Não custa perguntar: o que faz um táxi de 230 mil reais em nome de um tal Altair Alves Pinto (citado como receptor de dinheiro destinado ao deputado, segundo Fernando Baiano) estacionado na garagem de Eduardo Cunha?

Miniatura

Bahia na cabeça
Em termos absolutos – considerando a participação no total de votantes – a representação baiana na Câmara dos Deputados deu nada mais nada menos que 1/3 dos nove votos em defesa de Cunha na Comissão de Ética.

O nome dos heróis baianos: Cacá Leão (PP), Erivelto Santana (PSC) e João Bacelar (PR).

Rescaldo
A temeridade bateu-lhe de frente. O impeachment sem base material (crime de responsabilidade cometido no exercício do mandato) tendia a não vingar. No entanto, a oposição insistiu, tresloucada. 

Imaginou existir em 2015 uma véspera de 1964. Tempos outros, não dissecados e interpretados com a sabedoria exigida.

Os custos começam a surgir. Cobranças, idem.

A nau começa a fazer água. Tripulantes  inclusive antigos  anunciam deixá-la.

Havia fala de Alckmin trocar o PSDB pelo PSB. Aguarde-se. Álvaro Dias fala em deixar o tucanato para envolver-se no PV...

O rescaldo será cruel.

E terá que segurar Eduardo Cunha... quando até as águas investigatórias ameaçam o antes inalcançável PSDB (Azeredo condenado, Petrobrás tucana sob a Operação Sangue Negro etc.).

Walter Moreira
A Galeria Walter Moreira já foi espaço de exposição de livros de autores regionais, de saraus literários e de lançamentos de pinturas e artes. Por lá livros e quadros estavam à disposição do público que circula na Olinto Leone. Inclusive do artista grapiúna que honra o local, dignificando-o com seu nome.

A instituição que o administra anuncia desvio na utilização.

Walter Moreira  o grapiúna que dá nome ao Espaço – deve estar chacoalhando em sua sepultura.

Dizem, no entanto, que a mudança decorreu de ‘pressão no facebook’, diante da poeira e teias de aranha que ocupavam o local. Detectada por ‘gentil’ assessor de imprensa.

Itabuna, final de 2015
Valorosa consumidora saiu para comprar um reservatório para água. O preço estava tão alto que saiu mais barato comprar uma piscina.

Correu as ruas. ‘Espírito’ natalino é assim. O venda do momento era de baldes, de mosquiteiros e de raquete para matar muriçoca.

Em meio a um desses espaços, um pré-candidato a prefeito ‘deixando-se’ fotografar, para ampliar o ‘currículo fotográfico’ aos cuidados de zeloso assessor. 


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