domingo, 10 de julho de 2016

Marcha da insensatez

“O Brasil nunca vai entrar na modernidade teimando em chamar de democracia os restos mortais da ditadura”. (Millôr Fernandes) 

Análise para a História
Em círculos anda o Supremo Tribunal Federal, percebe-o Aroeira em charge que reconhecemos como a melhor análise para a posteridade do STF no que diz respeito ao exercício de suas funções institucionais no presente. Tem a Corte se negado em muitos instantes cruciais da vida recente do país, quando convocado, a cumprir com o augusto mister que lhe cabe.

A História registrará – porque já escrevendo – suas omissões (como não se manifestar sobre o mérito de um processo de impeachment, cometendo o absurdo de legitimar o procedimento em desfavor da razão e da justa causa, ainda que viciado aquele) ou mudança de posicionamento em flagrante desrespeito ao estatuído em cláusula pétrea da Constituição da República, a qual lhe cabe a guarda e interpretação, quando autoriza o recolhimento à prisão de quem não teve ainda a pena transitada em julgado.

Os fatos em uma sociedade em andamento podem até justificar moralmente certas iniciativas, mas cabe ressaltar que no denominado Estado de Direito a obediência à lei é o pilar maior das instituições.

Talvez – em crítica extremada, que não atingirá a unanimidade dos pares – tudo ocorra porque o STF se pauta naquilo que a grande imprensa dita, nos humores deste ou daquele articulista ou editorialista que sibila como serpente na intimidade com membros da Corte. 

Alguns escancaradamente, como Gilmar Mendes, que mantinha (não afirmemos, tampouco duvidemos, que mantenha) linha direta com o Jornal Nacional, anunciando decisões condicionadas ao aparecimento de sua imagem na telinha.

Certamente o percebido por Renato Aroeira, quando põe à frente do comando dos que circulam os ministros Gilmar Mendes, Dias Tófolli, Roberto Barroso...

Em marcha 
Os que vivemos estágios da História, como os períodos de Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek, Jânio, João Goulart e o descambo na noite da ditadura civil/militar temos como compreender o nível e a dimensão dos retrocessos postos e propostos pelo interinato, que busca a permanência para consumá-los em plenitude.

Tudo caminha para agressões a conquistas históricas (como as trabalhistas e previdenciárias) e enveredando pela dissolução de um projeto de Nação, cambaleante em instantes mais pretéritos e reafirmado no recente.

Na esteira de tudo a submissão da sociedade, em sua base, aos ditames do capital e a soberania territorial aos interesses estrangeiros, com a entrega de nossas reservas de riqueza (aquelas não consumadas no período de FHC). 

Absolvição à vista
Pior do que filme de terror é a análise das razões da renúncia de Eduardo Cunha à Presidência da Câmara, em espetáculo que nem mesmo chega ao nível de ópera bufa. 

Psicopatologicamente há quem afirme que Cunha não tem compromisso com ninguém além dele. Razão por que sua 'renúncia' não foi graça.

Por tal razão caso venha a sentir-se acuado e culpado em condenação que o mantenha por bons anos na cadeia utilizará da delação premiada – que se tornou corrupção premiada – para não deixar pedra sobre pedra em torno dos que lhe devem ‘favores’, a começar por Michel Temer, que lhe pedia a inserção de ‘jabutis’ em emendas provisórias para atender aos reclamos dos interesses de ambos. 

(Diz-se “jabuti” porque a tal emenda não tinha nada a ver com o tema da MP. Caso o leitor queira conferir basta acessar muitas dessas MPs aprovadas e descobrirá os absurdos nelas inseridos. A expressão surgiu na década de 50 do século passado, da lavra do político maranhense Vitorino Freire: "Meu filho, quando você vê um jabuti numa árvore é porque alguém botou ele lá").

Eduardo Cunha não cai sozinho!

"...Nem Deus como advogado resolve"
Os advogados do Lula ingressaram com pedido de suspeição contra o juiz Sérgio Moro por faltar-lhe parcialidade na condução de apurações que visem o ex-presidente.

Independentemente dos fatos  que não nos cabe aqui analisar no presente instante  ficamos com o posto pela defesa de Lula, com mais detalhes no Tijolaço:

Qual seria o prejuízo para a Justiça se houvesse um juiz neutro no caso? Nenhum. E qual seria o benefício de Moro julgar os casos de Lula? Não seria melhor para a nossa civilização que um juiz que não só fosse imparcial, mas também parecesse imparcial, como a mulher de César, julgasse as acusações? Afinal, com um juiz acusador, nem Deus como advogado resolve”.

Como névoa
E por falar em impeachment, com a palavra a senadora Kátia Abreu.

                   

Requião
O senador Roberto Requião afirma a possibilidade concreta de reversão do impeachment no Senado. 

Duvidamos. 

Não porque tal (o impeachment) tenha fundamento jurídico, mas pelo dinheiro que está em jogo. 

Só o pré-sal com seus bilhões de dólares – prometido às petroleiras internacionais em sua totalidade pelo sistema de concessão e não partilha – pode assegurar alguns milhões para a compra de consciências ‘cívicas’ na casa.


Quando deixa de ser útil
As manchetes colacionadas aqui, depois da renúncia de Cunha ao cargo de Presidente da Câmara, bem demonstra a crueldade do jornalismo pátrio, entendido este como o da grande imprensa.

Não se trata de criticar a informação jornalística. Sob este viés Eduardo Cunha nunca teria encontrado os editoriais de apoio que encontrou, quando necessário para instaurar o impeachment.

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Servindo a quem me serve
Ficamos a imaginar que a imprensa estivesse comprometida com a informação, dispensada de defender interesses dos que a alimentam, o que diria da proposta de jornada semanal de 80 horas, extinção do SUS e aposentadoria aos 70 anos.

Todos são temas que não dispensam uma discussão. 

Só que nenhum deles foi posto na campanha de 2014. 

Tampouco os anunciou o interino quando editou carta aberta no final de 2015.

Invasão ou submissão
As suspeitas de que o juiz Sérgio Moro corresponda a interesses dos Estados Unidos já foi denunciada em diferentes instantes aqui aqui aqui aqui aqui aqui apenas para ilustrar  

Neste espaço já fizemos, considerando que dentre as razões por que o título de doutor Honoris Causa a Moro foi negado pela Universidade Estadual de Maringá por ser um ‘agente judicial’ a serviço do EUA.

A infiltração de órgãos de governo estadunidenses na atuação de órgãos da administração pública brasileira, mormente Polícia Federal e Judiciário, vem sendo denunciada há muito.

Invasão ou submissão...

A grande proposta
Diante da proposta do Conselho Nacional da Indústria-CNI, de jornada semanal de 80 horas, bem demonstra o nível de pretensão daquela elite brasileira de 1% em relação ao povo. 

Por outro lado, disse o que disse o novo algoz pátrio, porque se sente à vontade com o interino, que se fazia presente ao evento onde proferido o vitupério.

Tanto que não custa sugerir como slogan para o Governo: 

                   Não pense em crise, trabalhe 80 horas semanais.

Sabedoria popular
Por demais conhecido o provérbio português "Não fale em corda na casa de enforcado".

Há quem o faça transferido para a atualidade brasileira: "Não fale em delação de Cunha na casa de Michel Temer".



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