domingo, 22 de janeiro de 2017

Em tempo de necrológios

Necrológio I
O ministro Teori Zavasky certamente não era um falastrão como Gilmar Mendes, um deslumbrado como Luiz Fux, um menino grande assustado com o cargo, como Dias Toffoli, uma pluma em tempestade como Roberto Barroso, um dependente da ‘literatura jurídica’, como Rosa Webber, um aprendiz do poder, como Cármen Lúcia, um preocupado com o que vão pensar dele, como Edson Fachin etc. etc.

Mas, por trás de sua sisudez no exercício da função no STF deixou-nos a desejar e – sem arrependimento algum – podemos afirmar que sua omissão em enfrentar os absurdos que lhe chegaram às mãos em razão do impeachment muito do que ora acontece no país pode ser tributado à sua posição de perder o bonde da história.

Legitimou o ato indecente, imoral e ilegal de Sérgio Moro, ao não desconsiderar as provas obtidas ilegalmente, apesar de haver espinafrado o catão paranaense e os vazamentos de delações.

O mesmo Teori que determinou a prisão do então senador Delcídio do Amaral. Não por aquilo que representa Delcídio, mas pelas violações à lei cometidas através da ordem de prisão por ele exarada.

Nenhuma dúvida há da seriedade com que Teori exerceu a função. No entanto – a teor da doutrina dos frutos da árvore envenenada – era mais um membro do pior conjunto de composição do STF em sua história. Não pelo conhecimento jurídico (em que pese até aí haver limitados) mas pela posição escancaradamente política de alguns e – mais que isso – a submissão à mídia. 

Não bastasse declarações incompatíveis como algumas do próprio Barroso, que chegou a legitimar, em declarações à imprensa, procedimento em detrimento do direito material.

Lágrimas de crocodilo
Certos presentes no velório de Teori Zavasck em muito se assemelham ao velho coronel nordestino que mandava matar e comparecia ao velório e ao enterro para conferir se o indigitado estava morto e enterrado mesmo.

No caso presente seria leviandade afirmar o mando, mas todos sabemos que sob as mãos de Teori se encontrava o caminho de leva-los (tucanos e peemedebistas) a um procedimento criminal.

Decifra-me
A indagação que acomete brasileiros de todos os quadrantes é se a morte de Teori Zavaski afeta as apurações que estavam sob sua responsabilidade.

Quando nada, afirme-se – em termos otimistas – o retardamento na conclusão (se houver) da homologação das delações.

Certamente, uma festa para tucanos e peemedebistas. Por razoável tempo, se não definitivamente, esquecidos nos noticiários policiais.

No fundo uma incógnita para a deusa hera e sua Esfinge de Tebas.

Devoro-te
Politicamente ruim para Lula e o PT. Que ficarão sem o contraponto. Devorados que já estão.

Afinal, presos mesmos somente petistas. Com o risco de – sob o domínio de convicções fáticas – o próprio Lula ser condenado (e preso). 

Ainda que o mundo se sinta estarrecido com o que andam fazendo com ele aqui dentro.

Porque lá fora sempre será bem recebido. E aplaudido.

Tudo se acertando 
Ainda que acidente, puramente... não custa duvidar. Mormente para quem lembra daquela diálogo entre Machado e Romero Jucá, em março de 2016, especulando saídas para o desenrolar da Lava Jato depois de arrebentar o PT:

Machado: Um caminho é buscar alguém que tem relação com o Teori [Zavadski, relator da Lava Jato], mas parece que não tem ninguém.

Jucá: Não tem. É um cara fechado. Foi ela [Dilma] que botou... um cara burocrata, ex-ministro do STJ...

Tiraram a Dilma, levaram  interino tornado presidente ao Planalto, entregaram Eduardo Cunha, blindaram Renan Calheiros (Gilmar Mendes) e – coincidências, que sejam! – pararam o Teori Zavascki.

Como se diz no sertão nordestino: tudo certinho como boca de bode.

Bruta sorte! 
No tema coincidência a manifesta vantagem de uma gama de ladrões (já por demais conhecidos e nominados) com qualquer das duas hipóteses:  manutenção do processo da LJ nas mãos do substituto, indicado pelo interino tornado presidente – até agora citado 43 nas delações da Odebrecht – ou por sorteio dentro da turma ou de todos os integrantes do STF.

Uma conclusão se encontra flagrante: essa turma (de ladrões) tem uma bruta sorte!

Pequena fábula
Havia um país na terra distante onde uma rainha governava. Quando começou a prender ladrões os ladrões a derrubaram e puseram um deles para ser rei. 

Então havia um julgamento onde o ladrão, antes de ser rei, estava tendo seus furtos apurados e em risco de ser processado e condenado.

Um dia o juiz morreu e cabia ao rei escolher o juiz para o lugar do que morreu. 

Assim o rei nomeou um amigo seu para julgar os seus crimes. O seu ministro, afamado por suas ligações com criminosos.

A historinha está assim mal escrita, os fatos confusos, personagens idem. 

Como o andar das coisas naquele reino.

Barroso
O Ministro Roberto Barroso – pluma em tempestade – andou falando o que não lhe competia: deveríamos repensar em torno do atual sistema de universidade pública para torna-lo financiado pela iniciativa privada.

Necrológio II
Tamanha a desmoralização que justifica ser expressa como necrológio o que representa a credibilidade do país.

Prestígio nem mais se fala. Nenhuma referência ao Brasil no encerramento do encontro em Davos.

Vendendo
Rodrigo Janot – não sabemos com que base legal ou institucional – compareceu a Davos para vender o Brasil como pátria de tranquilidade e segurança para investidores.

Cabe a indagação: quem pagou as despesas?

Vendendo
A valiosa atuação de Janot em Davos pode estar vinculada ao projeto de seu terceiro mandato.

Especialmente para quem já declarou que Lula é ladrão.

Considerando os sistemas empresarial e financeiro transnacional o retorno de Lula é inconveniente.

Assim – depois da instalação de uma equipe a seu favor (com rabo preso) –(para eles) evitar o retorno de Lula pode encontrar forte apoio no novo mandato para Janot.

Depende da Globo
Através de seu porta-voz, Merval Pereira, Sérgio Moro tem tudo para se tornar ministro do STF. 

Foi dada a saída para o jogo, apitado pela platinada. Basta a Globo ‘sugerir’.

Agrada ao povão que o endeusa e põe lá quem – com certeza – apagará qualquer vestígio da Globo nas picaretagens, como já o fez quando mandou soltar os presos envolvidos no ‘Panamá papers’, com ligações com os Marinho e aquele barraco em Paraty.

E – o mais importante – garantirá a impunidade do PSDB.

Por outro lado, é o novo charme global, como revela Romulus em montagem. Tanto que até vestiram a Globeleza.

Militar alerta
Transformar as forças armadas em “capitão do mato” desperta questionamentos vários, como o do Tenente Coronel da reserva do Exército Brasileiro, João Luiz Mena Barreto.

Mais Médicos em extinção
O cinismo do atual Ministro da (não)Saúde beira o deboche explicando o "menos médicos".

Tirando o sofá da sala
O interino tornado presidente já provou à sorrelfa suas absolutas incompetência e limitações como gestor. Flagrado quer tirar o sofá da sala para evitar a traição.

Mudar o nome do PAC – sucesso absoluto em projetos de infraestrutura dos governos petistas – para assumi-los como obra sua. 

Através do novo nome.

Não esqueça
Este espaço auxilia o caro leitor a não esquecer de coisas que são ‘esquecidas’ por quem de direito deveria apurá-las. 

Aproveitando a deixa do deputado Paulo Pimenta, que voltou a cobrar, na terça 17, do Procurador-Geral da República Rodrigo Janot (que, segundo o ex-ministro Eugênio Aragão, afirmou peremptoriamente que Lula é corrupto) sobre o andamento das denúncias, sobejamente documentadas, contra a atuação das empresas Brasif e Vaincre LCC, ligadas a Mossack Fonseca, responsável por fatos vinculados aos “Panama papers”.

A primeira, beneficiada com concessões em aeroportos brasileiros pelo governo FHC está envolvida como meio de transferência de recursos de FHC para Mírian Dutra e a segunda, com aquela mansão da Globo em Paraty, que pertenceria aos Marinho da Globo.

A matéria ora disponibilizada aqui lembra que o juiz Sérgio Moro – docemente alcunhado de idiot savant por Luiz Gonzaga Belluzzo – cuidou de libertar os responsáveis pela Mossack flagrados destruindo provas.

Lançamos o tema neste ‘Não esqueça’ para requentar o que este blog já denunciou em páginas passadas.

Ainda é pouco
Detentores de vazamentos falam em delações da Odebrecht que alcançariam idos de 2000. Não cremos que nada vá adiante, dependendo de Sérgio Moro. 

Afinal, oportunidade teve ele de, pelo menos, determinar apuração da denúncia de Yousseff em depoimento, de que Aécio Neves recebia do esquema de Janene/Furnas entre 100 e 120 mil dólares mensais, quando o esquema do PSDB, em Minas Gerais, era operado pela irmã, Andréa Neves (vídeo abaixo).

E nem se fale de Nestor Cerveró, que a ele disse de uma propina de 100 milhões de dólares para o PSDS na compra de uma petroleira argentina em 2002, tempo de FHC, com registrou a Carta Capital.

É dessa época o lançamento da famosa marca de Sérgio Moro: não vem ao caso.
                      

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