domingo, 19 de março de 2017

De utopias, samaritanos, listas e venenos

Utopia realizada
Houvesse a grandiosidade que deve nutrir os homens públicos (quando o são) e o interino tornado presidente não passaria pelo vexame de se ver vaiado em um evento onde sua presença se impunha como Chefe de Estado (ainda que usurpado) e vê-lo (o evento) retomado por uma massa humana que também poderia ser por ele capitalizada.

Não fez como Lula: quando da inauguração da Ferrovia Norte-Sul não só trouxe o senador José Sarney ao palanque, como lembrou que fora de seu governo (Sarney) a iniciativa e que mesmo ele (Lula) criticara a obra, e hoje fazia, ali presente, o seu mea culpa.

A transposição do Rio São Francisco – realidade anunciada e entregue no prazo – não significa apenas uma ação governamental prometida há mais de dois séculos: é a redenção de uma gente que encontra na água – mais do que em qualquer outra utilidade natural – razão e destino. Em torno dela vive o nordestino. Quando farta a alegria e a fartura de tudo; quando escassa é a tragédia presente. Não há que se falar em Nordeste sem presença ou ausência de água.

Sua pungente literatura – em todos os níveis – se sustenta, antes de tudo, na relação entre o homem e a terra, tudo dependendo de água. Não haveria Graciliano Ramos, Raquel de Queiroz, José Lins do Rego, Ariano Suassuna na força de suas expressões escritas sem a tragédia da seca. Mesmo Jorge Amado, mais urbano, não descurou do tema.

A clássica expressão “O sertanejo é antes de tudo um forte”, posta por Euclides da Cunha em Os Sertões é a pura e seca tradução e síntese de uma raça de titãs que sobrevive a um caos debruçado sobre ele, que é a seca. Dispensemos até mesmo a histórica ausência de políticas públicas para tornar a região que originou o Brasil e se viu declinada de atenção quando perdeu a governadoria-geral e a terra como valor foi substituída pela manipulação humana de outras culturas e da indústria.

A transposição do Rio São Francisco é, inegavelmente, uma redenção para o semiárido.

E de tudo o que os governos petistas fizeram em nível de políticas de governo para corresponder às de Estado insculpidas na Constituição da República será a única insuscetível de destruição. Justamente porque a ela vinculada a solução para uma carência histórica, omitida pelas conveniências.

O nordestino – e o Brasil – certamente não mais ouvirão falar da ‘indústria da seca’, a tradicional e cruel exploração da miséria, que tornava toda uma gente em escrava de poucos.

E este fim de semana se torna singular por fazer justiça – negada pela estupidez – aos grandes artífices desta obra gigantesca. 

Demonstração de que a utopia pode se realizar, quando quem sonha sonha junto com o povo. E o faz por quem sonhou e acreditou.

E no Dia de São José – antes dia de procissão por chuva – os que fizeram jorrar água pelo sertão farão uma outra procissão: para agradecer à realização da utopia..

Samaritano
Há dois mil anos um samaritano cuidou das feridas de alguém a morrer na beira de uma estrada. Ninguém dele se esqueceu em razão do seu gesto de humanidade para com o semelhante.

Nesta terra brasilis – de instante singular – não haverá imprensa, alguns membros de judiciário, ministério público, stf, polícia federal, procuradoria da república (tudo com letra minúscula, pelo que representam no caso concreto) que faça o nordestino do semiárido esquecer os samaritanos que cuidaram dele.

Como a estiagem no imaginário nordestino no passado a lembrança de quem a amainou a partir do presente.

Rigorismo
O indigitado servidor federal chamou Geddel Vieira Lima de golpista dentro de um avião. Está sendo processado, por determinação da juíza substituta Pollyanna Kelly Alves, da Justiça Federal.

Ao que parece, dentro do rigorismo formal observado pela magistrada, Geddel Vieira Lima não pode ser chamado de golpista.

Quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá- quiá-quiá-quiá 

Retornando
1 milhão de famílias retornando ao Bolsa Família. Não à toa órgãos internacionais recomendam (sob crítica interna do interinato) a ampliação do programa para evitar desastre maior.

Trocando favores
O PMDB do então deputado Temer, Geddel e Padilha cobrou caro de FHC para não investir contra a compra da reeleição. Ganhou ministérios. Ou seja, era contra, mas ficou a favor depois de subornado.

Hoje quem precisa de FHC/PSDB é o interino tornado presidente.

A lista de Janot
Como dizíamos, a lista de Janot (que não bate prego em sabão) visa Lula. Que não tem foro privilegiado. Como outros petistas da lista.

Tudo confirma o sabido e o consabido: delação sem petista não funciona. 

A lista de Janot
Já denominada de ‘peido de véa’ pelo blogueiro Esmael Morais. Faz sentido. Muito sentido. (Leia o texto de Aragão, Entre a peste e a cólera: o dilema do foro privilegiado, no mesmo blog).

A lista tem nome e destino
Registramos neste espaço, semana passada (Lula, o alvo), que víamos Lula como objetivo maior de Janot caso insira Aécio em pedido de investigação...

A lista de Janot tem nome... um nome: Lula.

Que ótimo!
Até em Cingapura foi depositado dinheiro de propina em favor de Aécio Neves. 

Nada a temer!

Aécio Neves livre! Vão prescrevendo os crimes de que acusado. 

Da delação de Sérgio Machado está o íntegro tucano inteiramente livre das sanções da lei.

Ufa!

Óbices
A PEC do fim do mundo foi típico atropelo. A da Previdência não caminha no mesmo trote. Até a base de arrastão começa a fraturar. 

O homem da transposição
Certamente uma foto oficial. Simbólica. A obra, o fotografado e o povo... Onde? Onde? Dá frouxos de risos", como diria o primo rico do humorístico, imortalizado por Paulo Gracindo.

Quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá- quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá-quiá.
Internacional
Aquele Procurador com nome de remédio/purgante não compareceu a nenhuma as audiências fruto de seu power point em Curitiba. Mas não perdeu o mote. Continua atribuindo a Lula crimes. 

Lula anuncia levá-lo a ONU. Por falta de apuração no Brasil.

Da natureza humana
Tragédia econômica à parte, resta a ironia: a carne é fraca, dirão a JBS, BRF, Sadia, Seara, Big Frango e Perdigão.

Além da queda, coice
Imagine o leitor se o rebanho bovino brasileiro fosse acometido da síndrome da vaca louca. Ninguém compraria carne brasileira e quem a estivesse comprando suspenderia as compras. É o caso resultante da operação carne fraca. Os efeitos para o comércio perdurarão por anos.

O Brasil deixou de aumentar a exportação de carne para a Rússia quando o competente José Serra se negou a comprar trigo (mais barato que o estadunidense) dos russos. 

Nos USA, há pouco tempo, uma negociação que durava 18 anos abriu o mercado de lá para nossa carne.

Aí descobrem que os ‘donos’ da carne estão vendendo-a ‘podre’ para o brasileiro.

Claro que para a exportação tal não acontece. Mas as investigações da Polícia Federal custarão caro às exportações da Friboi e quejandos...

Da relação com os EUA ficará o trigo caro por nós comprado e perderemos a venda de carne para eles.

Já representávamos 7% do comércio mundial de carnes. A caminho dos 10%.
Maravilha!

Às calendas!
O Brasil de Lula para cá estabelecera uma ousada atuação diplomática para valorizar no exterior – e conquistar mercados lá fora – para construção civil, frigoríficos, petróleo. 

De forma velada, o ingresso no seleto grupo produtor de urânio enriquecido.

Tudo destruído.

Confissão
A entrevista de Dilma ao Valor repercute por vários aspectos. Para nós por um, que alimenta o que dizíamos há muito nesse espaço em relação a José Eduardo Cardozo e Aloísio Mercadante. Detalhes por nós destacados:

Foi na tessitura das relações com as quais tentou permanecer no poder que a presidente reconhece seu segundo erro: levar Michel Temer para o coração da articulação política. O então vice-­presidente percebeu a fragilidade do governo junto a uma base que não parava de se queixar. Ao lado de Eliseu Padilha, atual ministro-­chefe da Casa Civil, à época na Aviação Civil, mapeou o cerco. Arrepende­-se de tê-­lo colocado dentro do governo? “Olha, minha filha, não sabíamos que o nível de cumplicidade dele com o Eduardo Cunha era tão grande. Nenhum de nós sabia, nem o Lula. Depois é que descobrimos. Ele sempre negou essa cumplicidade que agora todo mundo já sabe.”

Quando começa a falar de Temer, Dilma, pela primeira vez ao longo de quase quatro horas de conversa, franze o cenho, encrespa a fisionomia e libera o calão. “Saber quem eles são, nós sabemos. Não tenho a menor dúvida de quem é Padilha e Geddel [Vieira Lima, ex-­ministro da Secretaria de Governo]. Convivi sabendo quem eram. Não tenho esse ‘caiadismo’ [de Ronaldo Caiado] de falar que eu não sabia quem eram. Sabia direitinho. Inclusive uma parte do que sou e da minha intolerância é porque eu sabia demais quem eles eram.”

A confissão está expressa: sabia e não tinha Ministros (competentes) para enfrentar. O pior deles, José Eduardo Cardoso. Mantido por ela para sempre...

Denúncia gravíssima
O fato já nos foi revelado por um comerciante de produtos veterinários. Mas, foi Edvaldo Portela, de Itororó, quem levou à rede, através do Itororó no ar dando nome ao carrapato/boi (o pesticida, classificado como veneno) utilizado na horticultura local.

Estendemos a denúncia, gravíssima, porque tal fato não custa ser comum a região e Itabuna, Ilhéus e entorno certamente não ficam fora de tal prática.  

O castigo veio à cavalo
Não faz muito tempo a TV Bandeirantes inundou o país, a partir de seu humorístico, com uma matéria sobre o abate de carne em Itororó. Atacava, com a ironia, as limitações físico-técnicas do matadouro local.

Nunca nos convenceu a iniciativa. Uma equipe de TV sair de São Paulo para confins do interior Bahia, exclusivamente àquele local, nos cheirava simplesmente competição de mercado. Ou, em outras palavras, matéria paga. Missa encomendada.

Em Itapetinga a JBS adquirira o frigorífico. Em Itororó, naquele matadouro, em torno de um milhar de reses eram abatidas semanalmente.

A higiene era a tônica da matéria da equipe da Bandeirante.

A Polícia Federal descobre, através da Operação Carne Fraca – que poderia ser chamada de Carne Podre – que os ‘grandes’ do mercado brasileiro, monopolista – como já o denunciou a senadora Kátia Abreu – fazem pior que matadouros de província: vendem carne podre, vencida, reembalam etc. etc.

Lá em Itororó, dentre os heróis da meninada, um vaqueiro chamado Osório. Destemido como poucos. Já havia morrido quando da operação da Bandeirantes. 

Veio a cavalo do além dar um tombo em quem fechou o matadouro de Itororó.

Uma amostra, por razão de justiça 
Aos nordestinos do semi árido, pelo sonho realizado.

                    

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