quinta-feira, 23 de março de 2017

Paroquial


As declarações de Geraldo Simões no sábado 18, durante entrevista ao programa Resenha da Cidade, de Roberto de Souza, na Rádio Difusora, deixam-nos pasmo em relação à dimensão histórico-comparativa recente, tendo como ator o próprio entrevistado. Registre-se que, dos melhores administradores da história itabunense – fato não reconhecido na dimensão justa pela população e por quem mais competia fazê-lo – vem sofrendo profundo desgaste político-eleitoral no curso dos dez anos de últimas eleições. E tal não ocorreu à conta dos criticados.

Disse GS estar, em nível de subordinação política, vinculado ao ex-governador Jacques Wagner. E pôs na atual direção estadual do partido, e mesmo na governança baiana, senões observados sob o olhar de sua experiência política.

“Acha” que o governador Rui Costa “errou feio” ao não se fazer presente na região nas eleições municipais de 2016 (deixando de registrar o compromisso político do governador de não comparecer em qualquer deles onde não houvesse unidade da base) e assumiu posição contrária à permanência da atual direção do PT em nível estadual reputando a ela o fracasso do resultado eleitoral nas majoritárias passadas, a quem atribui a redução do comando do partido em cerca de 70% dos municípios por “concessão exagerada aos partidos da base”.

Considerando o dito – a partir do lido em blogs, uma vez que não ouvimos o programa radiofônico – FG tem no governador Rui Costa um adversário à sua campanha em 2016 e, na esteira, a direção estadual como conivente a um processo que denominou de “concessão exagerada”.

Punge-nos, sobremodo, vislumbrar GS no universo dos descontentes com a atuação política do governo estadual. Como punge-nos vê-lo na situação de liderança partidária, ora buscando afirmar-se como tal nos limites meramente itabunenses. Ou seja, aquela liderança regional, estadual, transitando por uma carreira que se imaginava perene, demonstra não mais a força originária no nível de importância conquistada no curso de três décadas.

Nesse viés, a sua reação a companheiros da estadual, pretéritos parceiros da administração primeira como prefeito de Itabuna, expõe o conflito. Onde deixa de explicar as razões porquê.

Certo oportunismo revela a entrevista. Começando por lembrar que a ‘liderança’ do então governador Jaques Wagner não foi escutada em 2008 e 2012 quando sugeria o nome dele, então deputado federal, para encabeçar uma chapa majoritária. Tampouco, que imagem ficou de o líder assumir parceria de uma candidatura do filho a deputado estadual (que pode ter custado uma ou duas vagas ao PT na Assembleia Legislativa) por coligação diversa da aliança que ele denomina de “concessão exagerada”.

Sua crítica à atuação da direção estadual do PT em relação ao número de municípios ficou no viés paroquial, minimalista em relação à realidade. Ou seja, para GS o massacre por que passou o Partido dos Trabalhadores no país somente o foi na Bahia. 

Neste aspecto foi mesquinho ao não aventar para o eleitor/ouvinte – até como alerta em relação ao que aconteceu – para a atuação da mídia capitaneada pela Globo repercutindo a atuação de agentes do Ministério Público, Procuradoria da República e mesmo do Judiciário, incluindo o STF, desenvolvendo uma campanha odienta e levando ao imaginário da população o partido como causa de todos os males.

Parece-nos que Geraldo Simões – liderança inconteste no passado mediano – assume uma dimensão apenas local. Talvez reflexo da percepção do que ocorreu nas últimas eleições a que concorreu para deputado federal onde cresceu como rabo de cavalo – como dizia Tormeza – saindo de 88.796 mil votos em 2006 para 75.997 mil em 2010 e 55.636 em 2014. No particular de sua paróquia, Itabuna, de 35 mil em 2006 para 23 mil em 2010 e 16.518 em 2014.

Por fim, não está no contexto de GS uma explicação para a atuação do PT, sob seu controle, em nível municipal: da expressiva votação de Juçara em 2008 (42 mil votos) para quase 17 mil em 2012 e a votação dele Geraldo em 2016, 8.104 votos, que dispensa adjetivação.

A análise fria de suas declarações revela, apenas, que Geraldo Simões disputa posições em busca da retomada de uma carreira que lhe fica a cada dia mais distante. Não mais aquela liderança ceplaqueana aos 30 anos – quando unia a categoria – tampouco a do administrador que chegou até a ser aventado como pré-candidato a governador em 2006 (caso houvesse sido reeleito em 2004 para prefeito).

Particularmente continuamos a entender o prejuízo irrecuperável para Itabuna com sua não reeleição em 2004. 

O resto Freud explica.


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