domingo, 9 de setembro de 2018

Entre memórias


A memória que se vai
Míseros 520 mil reais anuais, os recursos destinados ao Museu Nacional. 

Nada mais – pasme o caro leitor – de 43,3 mil mensais. Dinheiro inferior ao que muitos magistrados e membros do Ministério Público (estadual e federal), em muitos casos, perceberão por igual período.

Porque cultura e história não fazem a cabeça de governos que planejam reduzir investimentos por vinte anos. Muito menos a cabeça de quem os apoia.

Cuidando da destruição da Nação
O Museu e o Brasil chegam ao Fim.

Comungamos com o raciocínio de que a destruição do Museu Nacional representa simbolicamente a destruição do País, porque o descaso, a dilapidação do nosso patrimônio, a maldade, o nazifascismo ressurgindo...tudo cria uma certeza de que os demônios estão soltos e não ficará só nisso, o País está entregue ao Labiroso.

Como sonha Ana Maria
Aqui não é lembrado o sonho posto na canção de Juca Chaves, mas o de uma outra 'Ana', que pode se chamar de Globo.

Para o Museu do Amanhã (da Globo) foram 12 milhões de reais.

Informações da UFRJ dão conta de que o governo, que transferira R$ 346,3 mil em 2015 e aumentara para R$ 415,3 mil em 2016, no ano passado, voltou aos R$ 346,3. Menos de 29 mil mensais.

Já Museu do Amanhã, inaugurado ali em 2015 –  com os R$ 12 milhões dos cofres públicos no ano passado – recebeu oito vezes o valor que o museu de 1822 pedia para arcar com suas despesas de manutenção.

A diferença entre os recursos transferidos do poder público para um e outro mostram como funciona o ‘mercado’.

Como sonha esta outra Ana Maria... por mais e mais dinheiro (do povo) para seu projeto particular 

Huummm!!!! Sei não! I
Depois daquele torpedo lançado contra José Serra na campanha de 2010, depois descoberto um mísero e insignificante (em termos de peso!) papelzinho enrolado, a facada que atingiu Bolsonaro nos deixa com a pulga atrás da orelha.

Especulação que seja, não enveredamos pelo açodamento dos candidatos outros (estão no papel deles, vigiados pela mídia!), mas estranhamos que um candidato com altos índices de rejeição – oriunda de declarações as mais várias, de racismo à homofobia, passando por preconceitos muitos – habituado a andar com colete a prova de balas, seguranças do partido e da Polícia Federal,  cercado por uma multidão, tenha se deixado atingir por um indivíduo que (dizem ter sido colega de tiro de um filho do candidato) ‘avança’ através de uma multidão armado com uma faca.

Causa-nos espécie a foto da faca (pode até não ser a verdadeira) que foi exibida e não continha sangue. 

Também – diante de um anunciado esfaqueamento – a turma que atendeu a vítima em plena sala de cirurgia sem o cuidado de usar uma mísera luva etc. etc. 

Por outro lado, para quem está entre os que dispõem de insignificante tempo de TV na propaganda eleitoral a visibilidade alcançada não pode ser descartada como singular alcance obtido com o ‘atentado’.

Afinal, nome repetido em noticiários e mais que presente em boletins médicos. Estes, pelo menos, uma vez expedidos diariamente e repercutidos quase a minuto.

Possível que o atentado não tenha sido planejado. Mas, huummm!!!!

Huummm!!!! Sei não! II
Recomendamos, para quem não tenha visto, o hilário O Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna, na leitura para cinema e TV de Guel Arraes.

Com redobrada atenção e análise sobre a cena em que Chicó é esfaqueado por João Grilo na porta da igreja para convencer o jagunço Severino de que aquele é o único meio de que dispõe para encontrar o ‘Padim” Padre Cícero, dialogar com o centro de sua devoção.

Metaforizar com o instante "é mera coincidência", como dizem as legendas no final dos filmes.

A velha receita fascista – mais antiga do que se imagina – sempre atual: incêndio de Roma, nos anos 60 da Era Cristã; incêndio do Reichstag, na Alemanha, em 1933; Plano Coehn, para assegurar a permanência de Getúlio e a implantação do Estado Novo; João Paulo Burnier e o plano para explodir o gasômetro no Rio de Janeiro, em 1968.

Alvo de acusação em todos os resultados (exceto Roma e o plano referente ao gasômetro, abortado pelo Capitão Sérgio ‘Macaco’, que se recusou a cumprir a ordem): os comunistas.

No caso da facada não faltou quem acusasse o PT.

Não esquecer de que, no tempo em que não havia comunista, o cristão fazia a vez.

Huummm!!!! Sei não! III
De qualquer forma nada justifica a insanidade. De quem tente (caso confirme a história os fatos) e de quem se beneficia da indignidade.

No presente a resposta de adversários em relação ao vitimado difere em muito daquela proferida por Geraldo Alckmin diante dos ataques à caravana de Lula no Rio grande Sul. Para o tucano “o PT colhia o que semeara”.

Ou de quem – ora candidato – desejou que Dilma caísse infartada ou de câncer, primor de expressão logo ali, em 2015.

A então Presidente, hoje candidata ao senado por Minas gerais, não caiu infartada ou de câncer. Muito pelo contrário, está bem viva e critica o ‘atentado’.

Huummm!!!! Sei não! IV
General dando pitaco em política eleitoral. E, mais grave; definindo quem pode e quem não pode ser presidente. E, para confirmar o que temos dito quanto à possibilidade concreta de eleições fraudadas nas urnas: Lula não ser aceito como candidato em seio militar.

Desde a Escola das Américas, no Panamá, criada para consolidar os meios de influência estadunidense na guerra fria em relação a América Latina formou uma geração que pensava, atendia e aplaudia o que tivesse origem no Tio Sam.

Do cinema à definição institucional. Tudo trocado pelas riquezas nossas de cada dia carreadas para o ‘grande irmão’.

O militar que anuncia tamanha inconveniência declarativa – de que um ex-presidente da república não é tolerado – não está falando por ele/elas ou pelo Brasil, mas para entregá-lo aos sabores e humores que cheiram a hambúrguer com batatas fritas.

Basta que perceba o eleitor uma circunstância ferida de morte pela declaração: enquanto sonham os Estados Unidos em tomar Alcântara, a Amazônia, o pré-sal, o programa nuclear, a pesquisa aeronáutica etc. etc., o presidente Lula foi quem mais investiu nas Forças Armadas, recuperando o submarino nuclear e mesmo desenvolvendo, através da Embraer, um avião cargueiro militar e um avião militar, para equipar essas mesmas Forças, com tecnologia a ser transferida para o país.

Fácil de entender o porquê do golpe. Que antes imaginávamos promovido e encetado pelo Congresso e Judiciário. Mas, agora temos a certeza, com auxílio de comandantes militares.

Por fim, a declaração infeliz do Comandante das Forças Armadas pode ter outro destinatário: o STF, quando julgar sobre o respeito do Brasil aos Tratados Internacionais dos quais o país é signatário.

Ainda que tenha dito que o candidato alvo de ‘atentado’ não seja o dos militares o recado está dado para o bom entendedor. Afinal, caso vitorioso, já anunciou que espera contar com uma boa leva de colegas de farda para comandar o país. 

Ou seja: não é ditadura... mas a salvação vem do verde oliva.

Que não tenhamos perdido a memória. Inclusive a recente.



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