domingo, 30 de setembro de 2018

Entre mea culpa, bois na linha, óperas requentadas, detalhes e vale-tudo


Ainda que mea culpa
De Tasso Jereissati, ex-presidente nacional do PSDB, arrependido de haver negado valia aos resultados eleitorais de 2014 e embarcado na canoa furada do ‘rebelde’ Aécio Neves:

"O partido cometeu um conjunto de erros memoráveis. O primeiro foi questionar o resultado eleitoral. Começou no dia seguinte (à eleição). Não é da nossa história e do nosso perfil. Não questionamos as instituições, respeitamos a democracia. O segundo erro foi votar contra princípios básicos nossos, sobretudo na economia, só para ser contra o PT. Mas o grande erro, e boa parte do PSDB se opôs a isso, foi entrar no governo Temer." (disponível no Google).

Ainda que mea culpa, não bastasse ser tardia, a confissão de como pensa parte da classe dominante quando encastelada no poder: não discute o que deve servir ao país e ao seu povo mas o que e o como se servir deles.

Tem boi na linha I

Da série duvide quem quiser. A matéria truncada de o Globo (apoiada no inquérito da Polícia Federal, a que teve acesso), afirma que Adélio Bispo de Oliveira, agiu sozinho e não há terceiros envolvidos no ataque a Bolsonaro. Mas – danado esse mas – as apurações prosseguem. 

Ou seja, há continuidade das investigações à procura de alguma coisa, ainda que o resultado do inquérito (e das apurações) tenha concluído que o indigitado Adélio ‘agiu sozinho.

Fecha o pano.

Abre-se a cortina do teatro, véspera das eleições. Melhor, ante-véspera. A Globo, que pode tudo, publica reportagem e nela repercute alguma entrevista do ilustre Adélio, dizendo que negou envolvimento de terceiros porque estava amedrontado mas (esse danado de mas) tudo foi planejado por Fernando Haddad, que mandou fulano dos anzóis pereira, que se disse amigo de Lula, na véspera do ‘atentado’ para que cuidasse de tirar da linha o candidato... Apesar de contatado pelo telefone fulano dos anzóis pereira não enviou respostas à reportagem. Mas – danado esse mas – a “motivação política” se faz presente (da matéria publicada).

Na mosca, na batata, pacascas: o GI já afirmara que a motivação “foi indubitavelmente política”. 

E o candidato já anunciou que não aceitará a derrota (que, no fundo, admite).

General emitindo opinião em política às vésperas de um pleito presidencial. 

E a entrega do patrimônio nacional ainda não o foi a contento. Estados Unidos... Estados Unidos... Estados Unidos...

Tem boi na linha / Tem, tem, tem.

Duvide quem quiser, mas – esse danado de mas – temos até o próximo fim de semana para confirmar, ou não, o que sempre acontece às vésperas da eleição quando o PT pode vencê-la.

Tem boi na linha II
Caso insista em caro leitor em duvidar do que ora especulamos, não deixa de ser intrigante a ‘preocupação’ do ex-Chanceler Celso Amorim e também ex-Ministro da Defesa (no 247) ao afirmar que as forças Armadas respeitarão a voz das urnas: “A vitória de Haddad será aceita pelos militares”.

Falar no que deveria ser o óbvio não deixa de intrigar. 

E nos deixa com a pulga atrás da orelha lembrando (os que estamos com mais de 60 anos) com aqueles tempos de Lacerda (a partir de 1950) e, o mais grave, que a Democracia (?) brasileira está tutelada por aqueles que a derrubaram em 1964.

Cena de ópera bufa requentada
Ainda que o público não aprecie o texto, o tema ou coisas mais, não custa alimentar a especulação, com o terceiro ato textual: o pós-eleição.

Partindo-se da premissa, que todos tentam evitar – de Fux e alguns muitos colegas de STF e do TSE, urnas viciadas, moros da vida, alguns militares, Globo e quejandos, 3,5 milhões de títulos de eleitor cancelados (ler Jânio de Freitas no Conversa Afiada) etc. – de que Fernando Haddad venha a ser eleito e não ocorra um golpe no imediato do resultado (que não será aceito pelo derrotado – não o golpe e sim, o resultado – que já o anunciou aos quatro ventos) o script está pronto e ensaiado, aguardando tão somente o abrir das cortinas a partir de 1º de janeiro. 

Ei-lo:

Caso o TSE/STF permita sua diplomação, o empossado – que iniciará o mandato sem que o Orçamento de 2019 tenha sido aprovado – começa a ver continuada a campanha por reconhecimento da ilegitimidade do mandato por vitória com diferença de uns poucos votos (2014).

Campanha para implantação do parlamentarismo. 

Denúncias semanais de corrupção e caixa 2 na campanha. 

Ataque cerrado a cada ministro que venha a nomear. 

A partir de fevereiro, com a posse do novo Congresso, o bloqueio a todas as iniciativas do Poder Executivo e a aprovação de pautas-bombas. 

E a necessidade de editar Medidas Provisórias para fins financeiros por falta de autorização porque o Orçamento ainda não foi aprovado, o que somente ocorrerá entre março e abril/2019. 

E mais tudo o que já vimos.

Último ato: Janaína e Paulo Bicudo ressuscitados lançam pedido de impeachment em razão de ‘pedaladas fiscais’.

Condicionante: a continuidade da democracia não admite que a vice-assuma, porque oriunda do Partido Comunista, o que lembra Luiz Carlos Prestes, João Amazonas, Gumercindo Dias, Giocondo Dias etc. etc.

Fecha o pano. 

2019 não é 2003
Depois do último ato.

Lula, a partir de 2003 entregou dedos para preservar anéis. 

Seu sucessor, sem dedos e sem e o restante dos anéis (em poder do sistema financeiro) não suportará a campanha e o povo o derrubará, incentivado pela mídia que alegará, diariamente, que ele não está cumprindo as promessas de campanha.

Detalhe
No seio da província e da sabedoria popular havia (não sabemos se ainda há ou se nada se fala em razão do conceito que adquiriu o expressar) algumas considerações: pobre não gosta (e não vota em) de pobre, preto não gosta (e não vota em) de preto etc.

Análise de pesquisas, quanto ao extrato de renda trazem singular conclusão: quem se beneficiou das políticas públicas do petismo (distribuição de renda, aumento real do salário mínimo, acesso a universidade e ao crédito etc. etc.) não vota no PT.

Aquela classe média intermediária, que saltou de 17% para 36% nos anos petistas hoje reduziu seu voto no candidato do petismo. 

Imaginando-se melhor por força do mérito (como gosta de alimentar uma certa crítica em economia que ocupa a TV) nenhuma relação faz com as políticas de Estado implantadas em benefício geral e que fizeram melhorar, no particular, esse segmento da sociedade.

Detalhe: em 2014 esse segmento (que hoje representa 69% da classe média) foi o fiel da balança em favor de Dilma.

Onde hoje Bolsonaro abre 11 pontos de vantagem sobre Haddad.

Sem falar nos 3,5% milhões de eleitores do Norte e Nordeste barrados de votar.

Vale-tudo
Assim como já ocorreu com Suzane Richthofen, condenada por matar os pais, outros assassinos com extensa folha corrida, estelionatários de crimes variados: do goleiro Bruno a Marcinho VP, passando por Fernandinho Beira-Mar e quejandos, que encontraram decisão judicial favorável a que fossem entrevistados, para não ferir a liberdade de expressão e o direito à informação fixados constitucionalmente como garantias, tentaram entrevistar Lula. 

Mas, Lula, não!

Vale-tudo e a frase da semana
Nem entrevista autorizada por ministro do STF pode conceder Lula, assim o diz aquele do “mato no peito”.

A propósito de um ministro, ocupando por algumas horas a presidência do STF, negar vigência à pratica do STF, de levar ao Plenário a decisão monocrática e nunca caber a um outro ministro a iniciativa de revogá-la, a jurista Giselle Cittadino nos lega a interpretação da semana, peremptória, para a iniciativa de Fux “mato no peito”:

"Um prostíbulo tem mais decência e respeito às normas do que o Supremo Tribunal Federal.


Não falta nada
Quando imaginamos que foi esgotado o estoque de besteiras no país nos chega uma nova, através do UOL. Como a desse idiota, de que a Polícia de São Paulo "aumenta a expectativa de vida de jovens negros e pobres" porque reduziu o número de homicídios para 10 a cada 100 mil habitantes.

Para não admitir a tradução pretendida pelo ilustre (de que a salvação de pobres e negros está na Polícia Militar, em geral), a estupidez é tal que nem mesmo cuida de indagar de que classe são esses 10 por 100 mil. E de quem mata parte desses 10 por mil.

Nome da toupeira: Samuel Pessôa. 

Alerta ao leitor: não confundir esse idiot savant com o notável Samuel Pessoa (1898-1976), parasitologista e sanitarista brasileiro, pioneiro em pesquisas sobre parasitologia médica no continente sul-americano.



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