domingo, 7 de abril de 2019

Charadas


Matou a charada
Ainda que os fatos diuturnos demonstrem à saciedade a obviedade da conclusão no texto que adiante disponibilizamos poucos, pouquíssimos mesmo, se debruçam em analisa-los. Trata-se de entender o porquê do deslumbramento de parcela considerável da intelectualidade jurídica – do jurista ao ministro do STF, passando por Ministério Público (federal e estadual), procuradorias, defensorias etc. – diante de conceitos tidos como de esquerda, dentre eles a redução das desigualdades sociais no âmbito da prestação jurisdicional e das decisões judiciais.

O tema não se limita à circunstância – que tem muito de Freud – embutida na denominada ‘meritocracia’. Nesta a expressão de aspectos os mais variados dos que norteiam a sociedade brasileira: visão escravocrata, patrimonialismo, e corporativismo. Mas, não só isso: também a negação de valores universais, dentre eles a dignidade humana.

Mas tudo estaria sob o prisma da compreensão se houvesse unidade de pensamento, unicidade ideológica em torno de apenas um sistema: o capitalista.
Eis a razão por que o quão difícil se torna compreender a subserviência ou simplesmente alheamento de um estamento que se propõe a divergir, no caso o concreto aquele tido como à esquerda quando exercita o poder. 

Isto porque, a consciência de classe, sob a ótica marxista, pressupõe a compreensão intelectual de que tal existe como uma meta humanitária a ser alcançada pela sociedade.

E em torno desta compreensão se projeta o pensamento intelectual à esquerda como o contraponto e razão de defesa como a redução da desigualdade.

Em meio a isso é de se esperar a concretude do pensamento por parte daqueles que registram sob a égide de sua formação intelectual não somente em nível de produção acadêmica, mas, sobretudo, no exercício de atividade que faculte materializa-lo e não apenas deslumbrar-se  e viver da retórica que impressiona e deslumbra, destituída do diálogo com os destinatários (as massas).

Ao Direito, como instrumento institucional, cabe(ria) papel singular nesta construção dialógica que poderia aperfeiçoar-se em plena interação social entre diferentes estamentos. Mas, a realidade o demonstra, tal não ocorre. Muito pelo contrário o distanciamento mais e mais se aprofunda, a posto de implicação beirarem o absurdo.

O “Direito como modelo linguístico” – como textua Luis Carlos Valois, no Justificando – bem demonstra a razão de tantos absurdos contemporâneos quando cabia ao Judiciário distribuir Justiça e não o faz, além da retórica de que o faz porque é ele o instrumento institucional destinado para tanto.

Vivemos, em plenitude, esta estranha prática. Especialmente quando dependemos daqueles aos quais cabe, por lei, dirimir conflitos, definir solução e não alimentar divisões e dissenções.

A leitura bem delimita os rumos do que acontece nesta seara.

De nossa parte, a crítica expressa no que diz ao pensamento à esquerda (ou das esquerdas), traduzido em muito na conversão ao deslumbramento em detrimento do compromisso em relação ao problema, bem materializado está na composição dos tribunais superiores, onde o melhor exemplo e mais flagrante é o STF. 

Basta perguntar: por que estão ali Toffolly, Barroso, Weber? E aqui nos limitamos apenas  a alguns dos indicados pelo PT, quando no Poder.

Preocupante
Está na edição de 4 de abril do El Pais o resultado de avaliação sobre a preferência dos brasileiros sobre os partidos políticos.

A leitura imediata é de que o PT permanece como o partido político mais admirado. Afinal, o MDB e PSDB – expressões partidárias até tempos recentes – despencam e se encontram em abraço de afogados na casa de 1%.

Mas o que fica mais evidente é a imagem dos partidos políticos, em geral, visto que 65,6% apontaram para a opção NENHUM.

Em meio a 2/3 que não encontram nos partidos políticos nenhuma referência válida estar o partido mais admirado no patamar de 15,8% é demonstração cabal da vitória dos que se utilizaram do meio como mensagem para desmoralizar a classe política.

Não deixa de ser preocupante.

McLuhan
O Estudioso canadense, incompreendido no seu tempo, dimensionou a nova configuração semiótica à luz dos meios de comunicação de então, onde a televisão (“diálogo do monólogo” – como teria dito) já demonstrava o quanto representava na conformação da informação da sociedade contemporânea.

Tempos em que a internet ainda transitava simplesmente pela ficção científica.

Mais que ser o meio a mensagem a manipulação do meio ocupa espaço como quesito preocupante haja vista o processo de manuseio por uma classe que domina e controla os meios de comunicação despejando a sua “verdade” para corresponder tão somente aos “seus” interesses e não os da sociedade.

Para pesquisa da Universidade do Indiana, aqui reproduzida através do Conversa Afiada, cerca de 30.000 perfis na internet no Brasil – dos quais 4.900 claramente identificados – são utilizados para tuitar centenas e milhares de vezes em defesa do presidente da república (com letra minúscula, revisor!). Mensagens com espaço de tempo de dez segundos, às vezes, entre uma e outra. 

Todos robôs. Ou seja: máquina de manipulação.

E não somente a emissão; também o reenvio multiplicando o que nasceu do nada.

Os riscos imaginados por McLuhan para aquela ‘aldeia global’ mais que se concretizaram.

E estouram o e no Brasil.

Não para melhorar a vida humana. Cada dia mais deslumbrada com a ‘mensagem’ em que se tornou o meio.

Fux e a Telessena
Um aluno nosso, do Curso do Direito da UESC, ouvindo de nós o que representa a credibilidade de certos ministros do STF (nem todos, naturalmente) quis entender onde localizáramos a informação de que o Ministro Luiz Fux andou envolvido em suspeita decisão, que o levou às barras dos tribunais por denúncia de advogado. Dissemos que desde as denúncias veiculadas por Hélio Fernandes na Tribuna da Imprensa, em meados da primeira década do século XXI.

Uma das amostras da picaretagem legitimada por Luiz Fux quando ministro do STJ está aqui disponibilizada. Acessando o caso no Google o leitor encontrará uma enxurrada de textos sobre o dito cujo e sua estranha decisão.

Difícil é entender como o Governo Federal (petista) o indicou para o STF.

Rola aquela história do “Eu mato no peito”. 

Mas, pode não ser isso. Caso Sérgio Cabral conte o que realmente sabe é muito possível que tenha sido ele o mentor peemedebista para garantir a vaga de "um amigo", o Fux, no STF. Como veio a fazer em relação à filha (de Fux) para TJRJ.

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