domingo, 21 de julho de 2019

Afinal, nada mais que um afinal


Tanto de tudo tem acontecido. Só não o que deveria acontecer. Assim – transitando por vieses surrealistas – vamos descobrindo que novo aprendizado se nos afigura contemporâneo: o absurdo não é tão absurdo assim como pintam.

No fundo vivenciamos o absurdo como roteiro ao qual nunca imaginamos que quem dele participasse fossem aqueles que o têm sob rédeas.

Os que aprendemos nos alfarrábios o que representam as instituições e o seu significado na preservação e na defesa de valores tão permanentemente repetidos, como mantra espiritualista, passamos a duvidar se o que ora nos ocorre realmente o é ou se apenas vivemos um estágio de pesadelo.

Há quem – analisando o que ocorre à volta – vislumbre apenas um processo de retorno. Ou seja, os que atingimos a civilização ora trilhamos caminho inverso em velocidade superior à da luz. O que levou milênios para se materializar como avanço  despenca no abismo sem fundo. No inimaginável racionalmente pensado. 

Talvez – muito provável – vivamos apenas uma disputa entre tais extremos. Desta forma descobrimos – estarrecidos – que a primitividade existia e não sabíamos. E mais: muito mais forte que a racionalidade. E mesmo diríamos: era ela no fundo nossa razão de existir.

Aquilo que antes imaginávamos natural aos que se encontrassem internados em manicômios – porque eram eles os “sem juízo”, os desconformes em relação ao certo e ao errado que norteia o que denominam de civilização – estão ao redor a confundir ou exibir o impensável.
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E mais: muito do que ora acontece antes compreendíamos somente possível – se o fosse – em grotões, nunca naquele país que se situa entre as dez maiores economias do planeta.

A responsabilidade deste país para com o concerto das nações sinalizava a existência de um compromisso para com a civilização, ainda que jovem no plano de sua representação histórica.

Mas descobrimos a barbárie como futuro, a irracionalidade como razão, o ódio como manifestação do amor, que o mundo será melhor sem poesia, sem música e sem cores.

E nem temos como vislumbrar a retomada do aprendizado.

Afinal, estamos naquela de nada mais que afinal.

Um comentário:

  1. Vanilson Fernandes dos Santos24 de julho de 2019 às 06:42

    "A responsabilidade deste país para com o concerto das nações sinalizava a existência de um compromisso para com a civilização, ainda que jovem no plano de sua representação histórica.

    Mas descobrimos a barbárie como futuro, a irracionalidade como razão, o ódio como manifestação do amor, que o mundo será melhor sem poesia, sem música e sem cores.

    E nem temos como vislumbrar a retomada do aprendizado.

    Afinal, estamos naquela de nada mais que afinal".

    Estarrecedor.

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