domingo, 7 de julho de 2019

Um milênio de silêncio e o silêncio ensurdecedor

Aquele violão nos deixou
João Gilberto se foi. Levou para o túmulo o que o fez característico: de ser  como o afirma o maestro Aderbal Duarte  a expressão estética da Bossa Nova.

O Maracanã dedicou-lhe um minuto de silêncio, na íntegra. 

Um outro silêncio, 'ensurdecedor', mais adiante se fez, dedicado ao inquilino do Palácio do Alvorada, que a Globo não conseguiu esconder.

Para João Gilberto trazemos a singular expressão da Bahia, ritmando Dorival Caymmi em "Samba da Minha Terra".

Da coluna, um milênio de silêncio para João Gilberto (porque um minuto é pouco para quem traduz a Eternidade), que cantou o Brasil como poucos e rompeu com o tradicionalismo musical que norteou esta terra por tantos anos até que ele deixasse Juazeiro para tornar-se universal.

                      


Versões I
Os fatos últimos vão dando o rumo da confirmação do que somos em nível de informação. Em outras palavras: como se comporta a imprensa tradicional diante da realidade, diante da verdade factual. 

Para manter-se coerente permanece trabalhando conforme o instante, conforme a conveniência. Ou seja, menos informa ou, quando o faz, está naquela dimensão que Leonel Brizola dizia referindo-se a quem não assumia: “Costeando o alambrado”.

Singular para a análise o comportamento do jornal Folha de São Paulo e da revista Veja, como parceiros do Intercept na divulgação do escândalo já alcunhado de Vaza Jato, de um lado, e outros sistemas, capitaneados pela Globo, de outro.

De um lado a assunção da verdade quando mentiram deslavadamente para que a mentira prosperasse e gerasse monstros como os que se apresentam nesta contemporaneidade; de outro, aquele não dar o braço a torcer, ainda que tal seja necessário. 

Para tanto, neste último caso, em vez de buscar a verdade pune-se a fonte da verdade.

Versões II
Um empresário suicidou-se, em público, em protesto contra política de governo local.

Deu-se em Sergipe, terra de Tobias Barreto, de Manoel Bonfim, de Francisco J. C. Dantas e de Seixas Dórea. 

Nenhuma referência na imprensa tradicional, na dimensão que o fato representa.

Avaliando I
Há quem veja sua excelência (com letra minúscula, revisor) em processo de fritura, como bem ilustra a charge de Cristóvão Villela. 

Um ‘analista’ mais açodado disse a este escriba que não tarda a indigitada figura ser presa.

Na sexta-feira até mesmo o ‘parceiro’ Globo/Jornal Nacional não resistiu à verdade revelada e ‘dedicou’ (certamente contrariado) bons seis minutos às denúncias veiculadas na revista Veja. 

Os ratos, evidentemente, começam a abandonar o barco capitaneado pelo nada capitão de longo curso Moro (nada a ver com Jorge Amado, porque longo é este outro curso!).

Avaliando II
Nossa avaliação ao óbvio: 

1. Não se pode falar em fritura para quem há muito está cozido. Cumpre verificar a hora de ser servido. Parodiando o filme de Henri Verneuil (A 25ª Hora/1967) aquela 25ª hora, a da conformação; na morina, uma 26ª hora, a hora da conveniência.

Para demonstrar nosso otimismo realístico – coisa assim de política em seara de surrealismo fantástico – nada acontecerá com sua excelência (não mexa revisor!).

Inclusive, não será surpresa para a coluna que, com apoio do judiciário (não ponha maiúscula, revisor!), venha a tornar-se candidato a vice na reeleição do inquilino do Alvorada, em 2022.

Até lá o povo já esqueceu de tudo e os absurdos já terão sido reconhecidos como avanço democrático e por aí vai.

Por fim, antes as vivandeiras dos quartéis; hoje, do espaço conquistado – aquele em que o Estado Democrático de Direito se põe de joelhos para corresponder aos que nunca tiveram apoio tampouco apelo popular e somente através do autoritarismo encontram um púlpito e um microfone - aquela parcela incondicional de um eleitorado que elegeu o inquilino do Alvorada.

Avaliando III
Somente a descrença alimenta a Esperança. Essa contradição expressa a visão deste escriba diante do que ocorre no e ao país.

A uma, porque definitivamente escancarada a divisão, a luta de classes, a certeza de que o bom somente o que eu faço ou o que eu defendo; a duas, porque apenas a reação natural fará o quadro ser alterado. E tal não ocorrerá com a brevidade necessária, como alguns imaginam.

Temos no Brasil – claramente configurado – uma parcela definida de conservadorismo – em dimensão radical e fundamentalista – que afasta qualquer possibilidade de que algo diverso ocorra caso não seja “o meu” governar, “o meu pensar”. E este segmento assegura, em processo eleitoral, em torno de 20% fixos, permanentes, em defesa de suas propostas. 

O restante dilui em parcela de visão mais aberta, idealista e republicana, que pode alcançar o mesmo patamar de 20%, um pouco mais talvez. O restante acompanha o momento. Sob esse viés, essa a gente que decide. É aquela que reage aos interesses pessoais atingidos ou à mensagem do grupo, da igreja, da imprensa e hoje – o que pode ser acentuado – da comunicação via rede.

Faltando à sociedade, em geral, uma consciência do que sejam Políticas de Estado presentes neste ou naquele governo, o apelo ao óbvio, ao imediato, tende a tornar-se o mantra eleitoral. Foi assim com o momento do “contra os marajás” (mais remotamente) ou do “contra o que aí está” (presentemente).

Atente o leitor para fato de que qualquer forma de mensagem estribada nos apelos acima encontra eco.

"Sei não!"
Circulou na rede a notícia da pretensão do inquilino do Alvorada de reeleger-se. 

Quem duvida? Dispõe de 25% de um eleitorado disposto a tudo para que outro não ocupe o espaço que imagina “seu” como propriedade. 

Não bastasse, correspondendo aos interesses dos grandes grupos aqui representados naquela parcela de um punhado da classe dominante que pensa em Miami, como antigamente em Paris, não lhe faltará mídia. 

Por outro lado, quem lhe seja contrário tende a permanecer dividido e – ao centro e à esquerda – disputando a expansão do “seu” território e não do “coletivo”.

Pessimismo, pode ser. Mas, “não sei não!” – dirá o caboclo nos grotões.

Organização criminosa
FHC, PGR, Moro e quejandos flagrados em conspiração contra país estrangeiro. Conluio escuso. Trama diabólica apoiando adversários de um governo estrangeiro, ainda que conscientes do risco de instauração de uma guerra civil e do agravamento da “convulsão social e mais mortes” na Venezuela a partir de suas tramas. Aquilo que fizeram internamente, alimentando o impeachment e interferindo no processo eleitoral.

As publicações do Intercept na Folha deste domingo constituem-se escândalo imensurável.

Para essa gente Acordos e Tratados Internacionais nada representam. Olham como se olhassem o Direito interno, por eles violado, com apoio do STF.

A turma não respeita o que está escrito.

Em meio a tudo a participação concreta – pela omissão quando convocado – do STF.

Caro leitor: PGR, STF, PF nas pessoas que agiram criminosamente alimentam reações (que nos indignam) daqueles que dizem ser bom fechar STF, bastando um jipe e um soldado.

À deriva
A capitulação da Globo e seu Jornal Nacional aos fatos que antes noticiados apenas com o fito de descaracterizá-los não somente cheira a uma capitulação da emissora, mas a uma confissão explícita de que é tudo verdade.

Em outras palavras: Moro – que sempre por ela foi apoiado e incensado – fica à deriva. Porque simplesmente não tem como enfrentar o tsunami que desaba sobre a sua praia.

E la nave va
Antes vazando delações para corresponder às conveniências político-eleitorais. 

Para não perder o costume passa a vazar inquéritos sigilosos para os próprios investigados.

Gostem ou não os admiradores: o juiz(?) Moro é um transgressor por excelência (ops!).

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