segunda-feira, 9 de março de 2020

Um flamenguista


Nesta segunda (9), sol causticando, manhã alta, o verde inspirando silêncio na azáfama urbana. As águas de março que desabaram sobre a cidade foram-se por instantes, deixando nuvens a espreitar como sobreaviso, mas compromissadas em deixar passar o Sol para acompanhar um de seus eleitos por entre as alamedas.

Um saxofone melodiando o hino do Flamengo.

Um cortejo leva à morada derradeira neste plano um ser vestido na camisa rubro-negra, a bandeira do time que amou apaixonado engalanando o caixão.

Ali um integrante da alta cúpula administrativa da equipe carioca em outros tempos, que deixava a Bahia e seus negócios para ver o “mais querido” jogar. 

Quando aqui chegava o time para algum amistoso lá estava o seu Príncipe Hotel trajado, a rigor, de vermelho e preto. No mesmo espaço onde acolhia os contemporâneos de seus dias de Jovem Guarda no Rio de Janeiro, de Renato Barros a Ed Wilson.

Poucos souberam – ou estiveram – no último adeus a Paulinho. 

Mas a inexorabilidade da Morte cobra dos que ainda não se foram lembrar dos entes que lhes são mais achegados. Uns certamente o são mais que outros. 

Ele dentre poucos. 

Fonte de alegria pura e desinteressada, perfeito exemplo de amor ao próximo, expressão mais exemplar de solidariedade humana, dos que nascem com a consciência de que servir é a melhor forma de receber. Destes que nunca negam ao semelhante o que possam dele carecer. Criança que cresceu sem perder a inocência infante.

Levou o Creador para os seus braços a pessoa mais suave e gentil que conheci.

Paulo Ricardo Caldas Queiroz, o flamenguista por excelência. Não um flamenguista qualquer, mas Sua Excelência “Paulinho Queiroz”, portador de um sorriso largo, maior que o mundo, que carregava no lado esquerdo do peito o time que a Ciência deu de chamar ‘coração’.


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