domingo, 4 de janeiro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Entre dois tempos
Não houvesse hora e calendário o tempo seria nada mais que uma parte clara e outra escura para cada dia e a existência física uma etapa indefinida entre nascer e morrer. Aos sumérios pode ser atribuído o primeiro conhecido controle do tempo, com registro da sua divisão em segundos, minutos, horas e calendário. Como conheciam - lá se vão 5 mil anos - a organização das constelações que perfazem nosso zodíaco, os movimentos de rotação e de translação delimitaram com precisão o que ainda nos sustenta, variado apenas pela arrumação gregoriana.

As últimas edições deste blog se fizeram presentes entre dois tempos: o último domingo de 2014 e o primeiro de 2015. Tentando descansar encontramos cansaço, porque é duro descansar em lugares programados para 'descansar' (pelo menos nesta Bahia).

Reencontrando o universo cotidiano da disponibilidade de energia elétrica e, por conseguinte, do acesso aos meios de comunicação e a leituras várias levantamos alguns destaques, a propósito do que aconteceu e do que está por acontecer, tendo como parâmetro o antes e depois do 31 de dezembro último.

Este o roteiro desta edição, com aquilo que entendemos de mais significativo.

Padroeira
Até quando, não sabemos. Mas, no cimo da ladeira do escândalo que ora atinge a Petrobras surgem os mais variados personagens. 

Uns, santificados por sua dedicação à causa. Avaliada, simplesmente, pela dimensão de sua contribuição para alimentar o próprio escândalo. Ainda que seja parte dele.

Exemplo dignificante: o da funcionária Venina Venosa, que será entronizada no templo da grande imprensa como santa Veneno Venenosa, a Pura.



Padroeiro
Na esteira de santificação temos o senador Aécio Neves, ex-presidenciável, autodenominado 'chefe da oposição', pela singular carreira de almejar candidatura em 2018 e dela declinar nos primeiros bater de asas.

Não está explicado se o 'santo' teme ser descoberto pelos rituais que recomenda para as cerimônias que preside ou se 'descobriu' que não tem lugar entre os paulistas.

Este aspecto pode ter pesado (muito mais que possíveis processos de apuração de irregularidades que tenha cometido) desde que aquele jornal de tradicional família paulista (que, delicadamente publicou matéria contra Sua Excelência com o sugestivo título "Pó pará, Aécio") anunciou que os companheiros de lá começam a descartá-lo.

Não bastasse a velha companheira Veja dar-lhe nota zero por sua atuação parlamentar.

Perderam
Não se negue a capacidade de anunciarem-se vitoriosos. Trabalham sob o método de que o ataque é o meio permanente de que dispõem para enfrentar o inexorável.

Caso levemos em conta o início de um quarto mandato do PT teremos de concordar que alguém está em desconformidade com os fatos. Afinal o discurso, permanente, de setores da sociedade brasileira não traduz o que demonstra haver compreendido o eleitorado que reelegeu Dilma Rousseff.

Neste sentido 2014 deu um bolo em muita gente. Se entendermos uns poucos como 'muita gente'.



Não mais quintal
Ainda que sob risco de uma guerra mundial, onde EUA buscariam sustentar espaços que lhe são estratégicos - Ucrânia em especial - o ano de 2015 traz sinais de outras ocupações por países outros, antes meros marionetes.

O jornalggn.com.br publicou tradução de entrevista concedida pelo embaixador Roy Chardeton, da Venezuela, na Organização dos Estados Americanos, que fazemos destacar (independente de acesso à íntegra através de http://jornalggn.com.br/noticia/o-quintal-dos-eua-nao-e-a-america-latina-e-a-europa) pela precisão de suas observações.


"O império mostra cada vez mais abertamente suas misérias. Penso, mesmo, que ruirá de dentro para fora, mas acho que não acontecerá durante minha vida. Por hora, estão caindo cascalhos da pedra do muro que protege o império e que, um dia, foram estruturas monolíticas indestrutíveis. Seja como for, a guerra “midiática” de 4ª geração continua, e não se pode relaxar porque, depois dela vem a guerra real, mesmo que por meios diferentes e mesmo que as redes sociais já tenham aplicado boas derrotas ao tal poder “midiático”.

Em termos militares, sempre fizeram o que fazem os Marines: primeiro, bombardeiam para “alisar” a praia; na sequência, chegam as tropas de invasão e ocupação. No caso da Venezuela, esse “alisamento” é feito pela imprensa-empresa; tem o objetivo de nos fazer sentir-nos mal, fracos, errados, viciosos, ignorantes. Fazer-nos crer que o país onde vivemos é o pior do mundo, o mais corrupto, o mais pervertido.

É tão forte o ataque no plano continental, que às vezes parece que estamos na defensiva, mas não. Nossos países estão hoje muito melhores do que antes, os movimentos sociais estão crescendo, a esquerda vai aos poucos se re-estruturando, com suas diferenças. E o povo responde ao que os governos progressistas lutam para assegurar.

Na Nicarágua, por exemplo, todos comem, e é hoje o país mais seguro do continente. Na Bolívia todos comem e os bolivianos têm dinheiro e distribuem uma prosperidade que antes nunca conheceram porque sempre lhes foi roubada, como acontecia também aqui na Venezuela. São coisas básicas. Antes de grandes sofisticações e complexíssimas aspirações nacionais ou individuais, é preciso garantir o básico. O direito mais básico, de todos, é o direito à vida. Para isso é preciso comer. A educação também é direito de todos. Sem ela, a vida é sempre miserável. De fato, hoje, em muitos países do continente está em curso uma revolução pacífica, porque se o estado oferece e garante educação e formação para o povo, estou transferindo instrumentos que as massas podem usar para defender-se e derrotar os bandidos.

Chávez sempre disse que não vivemos tempos de luta armada, mas tempos de confiar no povo e que o levante aconteça pelo voto popular. É claro que algo está acontecendo, porque se vê que os países do Caribe, que tiveram a formação conservadora dos britânicos, já estão apoiando a Venezuela e já não se deixam levar pelo cabresto pela OEA. Acontece quando a alma é mais forte que o medo e as ameaças, e há gente que não se encolhe e não baixa a cabeça em circunstâncias difíceis e nunca, em nenhuma circunstância, rouba ou se deixa corromper, por muito que esteja em jogo.

Mas estamos vivendo momentos de imenso perigo, porque o império está desesperado e seus aliados estão com medo.

O quintal dos EUA já não é a América Latina: é a Europa. E a OEA já não é o ministério das colônias dos EUA. Muita coisa mudou."

Não aconteceu
Há dois anos escapamos do fim do mundo. Assim o afirmavam os intérpretes do calendário maia.

Estivemos em 2014 no limiar de uma invasão estrangeira. Afirmavam os órgãos de imprensa, defendendo este torrão tupiniquim do continuísmo. 

Mas nada aconteceu. Nem uma coisa nem outra.



Explicando
A inflação é o pomo de discórdia entre a ação governamental destes últimos anos e os que lhe fazem oposição. A um governo que insiste em aumentar o salário mínimo com ganhos reais e afirmar que os programas de distribuição de renda permanecerão.

A alta da gasolina é o sinal apocalíptico de que as coisas vão desgringolar.

Pelo menos para aqueles que há mais de meio século batem na mesma tecla.

Olhando a comparação abaixo dá para perceber o porquê o país deste governo não quebrar com o aumento do salário mínimo e com o da gasolina.



Previsões
Carlinhos de Apucarana previu a derrota do Brasil para a Argentina na Copa do Mundo/2014 por 2 x 1. E mais oraculou: Aécio ganharia as presidenciais, fato também confirmado por uma cartomante.

Previsões – pautadas em situações nada ponderáveis, algumas – não superaram os avisos da meteorologia de anos atrás. Caso anunciado dia de sol podia-se preparar o pulôver; se chuva, ir à praia.

No plano da futurologia mais seguro admitir a descoberta de mais um caso de corrupção brasileira (estadunidense não vale), um político famoso morrerá, assim como um ator ou atriz de renome, presença de tucanos em escândalos será minimizada e a de políticos da base realçada às primeiras páginas etc. etc. etc.

E, para não perder o mote, começará a campanha de nossa imprensa antecipando o fracasso das Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro.

Certo como dois mais dois...

Sinais dos tempos...
Que não se afirme tanto. Mas, para a Globo, a demissão de Xuxa é um sinal emblemático.

Ou as coisas não andam bem para a platinada ou a moça não merecia o que diziam dela.

Levante
Há uma turma que escandaliza a existência dos envolvidos com a repressão e a tortura na ditadura militar. Fazem 'panelaço' em frente a suas moradias. Mostram ao povo retratos e nomes e dão publicidade aquilo que os ‘especiais’ moradores escondem: a identidade e a atuação no tempo da ditadura.

Dirão alguns que ocorre uma violação à imagem e à privacidade de cada um deles ‘escrachados’.

Dirão muitos, que não chega aos pés do que fizeram com aqueles a quem torturaram, mataram ou fizeram ‘desaparecer’.

Pela punição dos agentes de Estado que o tornaram centro de tortura há um movimento pela responsabilização criminal se espalhando pelo país: o Levante pela Justiça.
                                        







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