domingo, 18 de outubro de 2015

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Circunstâncias
A ciência econômica não pode ser aplicada como se fora suas teses de natureza axiomática. O retrato atual da economia brasileira demonstra – a partir de exemplo recente, a crise de 2007 – que o remédio a ser aplicado deve estar conforme a intensidade do mal. Para dimensionarmos tal intensidade não deve ser levado a cabo o teorismo seco desta ou daquela escola econômica. A circunstância cobra a dieta.

Artigo de André Araújo (A economia da circunstância), veiculado no GGN, aborda, com preciosa observação, as lições de Lord Keynes, que deveriam tornar-se preciosas para os que traçam nosso destino atual, mesmo porque há uma lição recente, posta em prática por Lula para enfrentar o débâcle que acompanhou o estouro da bolha imobiliária no pós 2007. Diz Araújo:

"O grande valor das ideias de Lord Keynes não foram suas recomendações ao Presidente Roosevelt para executar uma política anti-recessão consubstanciada no New Deal. A lição mais importante de Keynes, rigoroso economista ortodoxo como só poderia ser um alto funcionário do Tesouro de Sua Majestade Britânica, foi mostrar o óbvio: uma política econômica deve ser desenhada de acordo com as circunstâncias, NÃO EXISTEM REGRAS FIXAS.

A política econômica brasileira posta em prática no imediato da crise de 2007 foi elogiada e referida por sua eficiência. Nada mais fez – aplicando Keynes – que corresponder às exigências circunstanciais. Naquele instante, pautadas nos investimentos públicos, redução de juros, expansão do crédito etc. Simplesmente fugiu à fórmulas pré-definidas como universais, caso específico do teorismo Escola de Chicado, "uma visão do sistema bancário americano sobre a economia ideal para esse sistema. Os ativos bancários são referenciados em moeda e não em produtos, portanto é crucial que a moeda seja estável, uma moeda que se desvaloriza prejudica o credor e beneficia o devedor." - como observa Araújo.

A inversão posta pelo atual governo Dilma Rousseff não resultará em benefício para o país e sim para o mercado financeiro em sua dimensão meramente especulativa.

Não nos esqueçamos que o capitalismo de produção – que se ampliava reaplicando seus lucros e expandindo a sua atividade – perdeu espaço para o inerte capitalismo financeiro, que se basta em obter lucros pela especulação. 

Sob este viés a atividade econômica não se sustenta quando analisada em defesa da sociedade como um todo, que carece de emprego e renda.

Por assim entender, concluímos com trecho do artigo de Araujo:

Keynes ensinou que a política econômica não é uma religião, seus maestros não podem ser principístas, se guiarem por princípios e modelos. Eles devem ser pragmáticos e suas ações baseadas nas circunstâncias.

O ajuste fiscal pretendido pelo Plano Levy no atual quadro não se realizará em 1, 2, 5 ou 10 anos porque suas premissas são auto destrutivas, quanto mais recessão menos arrecadação e maior a carga dos juros sobre a economia, é uma rosca espanada girando em falso. Mas como é possível um grupo de economistas desenhar um plano tão absurdo?

Petição
Estamos solidários à petição aqui que busca enfrentar mais uma sórdida iniciativa do senador José Serra para prejudicar o país.

Lembremo-nos que o dito cujo ensaia a entrega do pré-sal às petroleiras internacionais.

Leia o leitor o manifesto que instrui a petição. Assine-a se a entender justa.
 Ver Abaixo-Assinado Apoie este Abaixo-Assinado. Assine e divulgue. O seu apoio é muito importante.

Contra o golpe fiscal na democracia brasileira

Para: Senado Federal

Durma com essa I
Para o Carta Maior o Ministério Público Eleitoral está atacando a democracia ao processar jovens que doaram de R$ 20,00 a R$ 50,00 na última eleição. 

A informação  pautada em fatos  não deixa de ser surrealista. Mais acentuadamente no Rio de Janeiro, mas também na Bahia, no Piauí, Paraná, São Paulo, Espírito Santo, Pernambuco e Distrito Federal.

Até o trabalho voluntário está gerando processos. O MPE se baseia  assim o diz  nos cruzamentos de dados oferecidos pela Receita Federal, o que leva a que alguém seja interpretado como doando valores superiores a 10% de sua renda declarada. Mais surrealismo ocorre quando a declaração é de isento.

A leitura integral do texto (disponibilizado através do clique) dispensa repetições neste espaço. Para que fiquemos com nossas conclusões.

Dispensando os 'rigores da lei' o MPE está levando o país a gastos ora não contabilizados em razão de doações variáveis entre R$ 20,00 e R$ 50,00. Horas de trabalho intelectual, de atuação judiciária, de expedição e cumprimento de mandados etc.

Muitos destes meninos do MP  acuados por suas chefias, que dele querem estatísticas  sustentam uma circunstância dolorosa: a de que a plicação pura e simples da lei nem sempre é a melhor forma de fazer e praticar Justiça.

Que o digam os presídios brasileiros superlotados em decorrência de condenações oriundas de delitos de pequeno potencial ofensivo.


Durma com essa II
Recente artigo de Mino Carta na Carta Capital deixou-nos atônito em razão de sua conclusão (do artigo):

"Excelente exemplo dos comportamentos da mídia nativa o recente seminário sobre jornalismo promovido pela revista Piauí. Convidado especial do evento, Daniel Dantas, o banqueiro do Opportunity. Condenado em Nova York, Londres e Cayman, não pode sair do Brasil sem correr o risco de ser preso, como, mais cedo ou mais tarde, se dará, por exemplo, com Marco Polo Del Nero e os senhores da Globo. Ao cabo de sua palestra em São Paulo, Dantas foi aplaudido de pé." 

Apenas para que o leitor não esqueça: Daniel Dantas é aquele condenado à prisão em decorrência dos escândalos financeiros apurados na Satiagraha e beneficiado com dois habeas corpus lavrados pelo ministro Gilmar Mendes.

Aplaudido de pé! Isso nos leva à conclusão do quanto importante é roubar neste país. Desde que ladrão graúdo, naturalmente!

Ao vivo e em cores
Alguém – exercendo a liberdade de convencimento – pode até discordar de uma ou outra de suas colocações (não do contexto). No entanto, não poderá discordar da coragem de quem  diretamente da tribuna da Casa  afirmou ser “ladrão” o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha.



Millôr
Millôr Fernandes (1923-2012) nunca pensou que sua sátira e ironia se tornariam axioma pratica e definitivamente – em relação ao Congresso brasileiro – ao dizer que “No Congresso Nacional uma mão suja a outra”.

Não mais estava vivo para axiomar: Eduardo Cunha é seu profeta.

Caso de polícia I
O Proer – invenção neoliberal do governo FHC pautada na privatização dos lucros e na socialização dos prejuízos – beneficiou muita gente (vide Cacciola). Não sabíamos – sinceramente – que a família materna de Aécio Neves, então proprietária do Banco Bandeirantes também se beneficiou da tramóia.
Apenas 1,25 bilhão de reais. Para ‘quebrar’ dois anos depois.

Que o caso é de polícia afirma-o procedimento apuratório que rola há oitos anos. E que envolve o atual senador Aécio.


"Os casos envolvendo Aécio Neves vão se acumulando e lotando gavetas: lista de Furnas, bafômetro e carros de luxo pessoais em nome de rádio, Proer, primo tesoureiro de campanha na diretoria da Cemig, Mineirão sem licitação, negócios ruins para a Cemig e bons para a Andrade Gutierrez, construção de aeroporto em fazenda de tio etc.

Será que para o Ministério Público Federal abrir essa gaveta será preciso esperar que o MP de Lichtenstein ou da Suíça aja primeiro? Assim como ocorreu com Cunha, cuja investigação veio da Suíça, enquanto no Brasil o processo contra o deputado estava na gaveta desde 2006."

Caso de polícia II
Para demonstrar quão hipócritas são muitos dos políticos que criticam a corrupção quando se beneficiam dela, novamente o senador Aécio Neves em tela, a partir de denúncias de Joaquim Carvalho capituladas no DCM: Como Aécio e aliados abafaram a investigação da Lista de Furnas

Foto para arquivo

moralistas

Há quem entenda que a foto acima (em O Globo) mais se destina às páginas policiais. 

Mesmo que moralmente.
Jogando no limbo
O estarrecimento não basta. A confirmação da existência de grampos instalados em celas premeditadas da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, para onde destinados presos da Operação Lava Jato, fato anteriormente denunciado por Alberto Yousseff, está a exigir uma irrepreensiva postura das autoridades responsáveis. Já confirmadas em torno de 100 horas de gravações, o equivalente a mais de quatro dias de 24 horas ininterruptas.

Infelizmente o desrespeito à lei tende a levar a Lava Jato e seus desdobramentos para o vazio de um poço sem fundo de ilegalidade nas apurações.

Choca – mais ainda – o fato de que o Ministério Público, em todos os níveis, defender a sua legitimidade na atuação investigativa em paralelo ou independente das polícias conviver e aceitar tais desvios.

O procedimento que alimentou a coleta de provas na Lava jato – em razão da ilegalidade – já fez naufragar outras operações exitosas, como a Satiagraha e a Castelo de Areia.

Triste, para os que esperamos a punição de responsáveis por falcatruas, perceber que tudo corre o risco de cair no limbo da ilegalidade e destruir tudo o que até aqui foi feito.

E mais triste, muito mais triste, que quem está pondo em prática não é nenhum delegado calça-curta, como chamadas aquelas indicações políticas de compadrio –  para assegurar o cumprimento da lei em relação aos adversários, porque para os amigos tudo era possível – mas bacharéis concursados e bem remunerados.

Universo em Desencanto
Para o mundo evangélico – aquele que tributou a Eduardo Cunha o exemplo de um deus vivo em defesa da moralidade – difícil reconhecer que o onipotente líder tenha cometido deslize que não esteja planejado por inspiração superior em defesa de nós vis mortais.

Não faltará quem o defenda até a última gota de sangue. Uns, por fanatismo ideológico; outros, (aí o x da questão) porque não podem abandoná-lo, sob pena de sucumbirem a si mesmos e à sua inutilidade.

Entre a cruz e a espada Eduardo Cunha pode não corresponder aos que o servem e que dele esperam que seja outra peça descartável. 

Em construção um outro Universo em Desencanto.

A rede não perdoa
“Cunha está por um R: da cadeira para a cadeia”

ameaca

Descrédito
Emergem das apurações externas que lançam por terra as argumentações de Eduardo Cunha fatos bastante interessantes, além - naturalmente - da documentação enviada ao Brasil, como cópia de passaporte, número de contas secretas etc. etc. 

O ilustre nem mesmo crê em órgãos brasileiros. Assim, para Eduardo Cunha nossos serviços postais “não são seguros”, razão por que determinou ao Julius Baer (antigo Merril Lynch) para enviar as correspondências a ele destinadas para endereço que mantém nos Estados Unidos.

Profético
A considerar as intervenções do STF para assegurar o respeito à lei (e não à rabulagem de Eduardo Cunha) terminou profética aquela afirmação de FHC de que "por enquanto, não" quanto ao tempo do impeachment da presidente Dilma Rousseff. "Só depois"  teria ainda ponderado o ilustre guru do pensamento neoliberal nesta terra brasilis.

Fica à conta do Enigma da Esfinge  muito enigmático  aquele "só depois".

Talvez Nani tenha matado a charada efeagaceana.

charge do impeachment

Outro tucano
Ninguém pode negar o que representa André Lara Rezende para o PSDB. Não a lógica da vingança ou do conflito para encontrar solução para a corrupção sistêmica que existe no país, mas a pacificação entre as partes (situação e oposição) para gerar os meios de encontrá-la – são palavras expressas por Lara Rezende em conferência proferida em Nova York.

Mais disse: "Minha impressão é que, quando você tem uma crise como a que temos no Brasil, a forma que podemos usá-la para provocar uma mudança é dizer: Vamos começar do zero, vamos superar o passado".

Mais detalhes o leitor encontrará em texto de Paulo Moreira Leite, PSDB finge que ouviu Lara Rezende

Deste espaço cabe-nos apenas acrescentar:

Dia desses Alberto Goldman disse – sem pedir reservas – que o PSDB não tinha projeto político para o país. Recentemente, Arnaldo Madeira mais acentuou que a atuação da oposição mais voltada estava para atrapalhar o governo.

Nada a declarar. A não ser que figuras históricas do PSDB parecem não se aliar ao catastrofismo defendido por Aécio Neves.

Traidor no governo
Temos criticado o senador José Serra por sua postura (intransigente) em defesa da entrega do pré-sal às petroleiras internacionais.

Mas não só opositores ao Governo fazem das suas em matéria de lesa-pátria. O ministro Levy – como o denuncia Luiz Nassif AQUI  escancara outra iniciativa de fazer inveja ao neoliberalismo tucano/demista/pepepista e quejandos: entregar ao empreiteiro estrangeiro a construção de obras no país.

Para os de fora todas as facilidades; para os de cá todas as exigências. E inviabilizações.

Waldick Soriano x Cláudia Barroso
O primeiro já se fora. Cláudia, neste outubro. Um dia, em Itororó – segunda metade dos anos 70 – encontramos Waldick que se ‘preparava’ para um espetáculo. Conversa vai, conversa vem lembrei de “Você Mudou Demais”, sob a visão de um verso melódico e poético que lembrava os melhores momentos de Dolores Duran e que fizera estourar Cláudia Barroso. Então nos disse que fora uma de suas mulheres, o que até então não sabíamos.



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