domingo, 6 de outubro de 2019

De assassinos, assassinados e cavalgaduras


Os que matam também morrem
A Lava Jato está morta. Não porque pretendeu combater a corrupção. Morreu pelo remédio de que se nutriu, o método utilizado, de que se valeu. Não somente de meios ilícitos para apurar, condenar e prender, mas – e muito mais – para fazer política partidária. E naquele quesito – combate à corrupção – agiu de má-fé, dela utilizando-se para alimentar um projeto político-partidário que leva o país ao descalabro em que se encontra institucionalmente.

E não se negue que um de seus coveiros é aquele “com Supremo, com tudo” que a legitimou e hoje convive com o estorvo (por ela e por suas próprias decisões para responder à voz das ruas manipulada pela grande mídia) do qual faz das tripas coração para encontrar saída.

No entanto, o vício nela desenvolvido tem defensores ferrenhos, inclusive no STF.

No fundo, descobrimos que temos a cara de um Judiciário exposta: aquela que se vale de violações para dizer que faz Justiça.

Estados paralelos são atribuídos – na propaganda oficial – apenas ao crime (que já alcunharam até de organizado) mas, aos poucos, vamos descobrindo que suas raízes são muito mais profundas, porque encasteladas em alguns agentes do Estado à frente de Auditorias fiscais, órgãos de controle e julgamento fazendário, juízos e tribunais.

Posta a realidade em todas as suas dimensões de atuação se nos impõe compreender que a corrupção é a grande vitoriosa.

Tanto que até serviu de bandeira para o cometimento de aberrações judiciais para fins outros, como político-partidário-eleitorais como o promoveu a turma da Lava Jato.

Que “morre sem retrato e foguete” (Noel Rosa). 

Mas – muito provável que cumprindo o compromisso assumido com os interesses alheios aos nacionais – levando para o túmulo os bilhões de prejuízo causados à economia brasileira (ver texto abaixo), a leva de milhões de desempregados e, o mais irreversível, a ascensão de ‘líderes’ que destroem a história e a imagem da diplomacia pátria e que hoje nem mesmo são levados em conta no concerto internacional, onde mais causam asco e nojo que lástima. Quando não motivo de anedotas.

Não fosse a mácula sem retorno de que tudo ocorreu porque legitimado “com Supremo, com tudo”.

Entre os mortos
As guerras na Antiguidade tinham por condão o saque de riquezas e a escravização do povo vencido; as modernas para impor mercados. Conflitos bélicos que resultaram (só para falar nos mais recentes) em destituições de governos pautados estiveram em controlar riquezas (Iraque, Líbia) e outros em andamento visam controlar riquezas (Venezuela).

O exercício do poder é caminho para controlar mercados, impor os seus aos outros. Nenhum governo mantém encontros e conversas com outro pelos lindos olhos deste ou daquele dirigente, mas para vender/impor mercadorias, tecnologias, reservar consumo para suas indústrias e prestadores de serviços (inclusive construção civil).

Em regime de paz a diplomacia exercita justamente este entrelaçamento de interesses: negociar vendas e compras. Compro de você e você compra de mim. Um financia o outro para que compre o que venda. Os bancos de fomento são o instrumento de financiamento: em nível multilateral ou bilateral. O controle de agências de fomento são a chave-mestra do controle de mercados. Através delas são impostas exigências, estabelecidas condições para que este ou aquele governo possa participar dos negócios.

Caso um país dependa de um empréstimo fora de seus limites territoriais, à guisa de exemplo, se submete às exigências do FMI ou do Banco Mundial, o que, no fundo, são formas de controle do mercado interno do indigitado país (privatização, reforma cambial,  desnacionalização, abertura de setores da economia etc.).

No curso de décadas (mais de meio século) o Brasil conseguiu ocupar espaço significativo no exterior com suas empresas de construção civil. A tecnologia apurada levou-as a dominar parcela deste universo. Quando necessário, o Brasil (através de suas agências de fomento) custeava o tomador dos serviços financiando o investimento desde que a empresa nacional fosse a contratada e nossos serviços e bens vendidos.

No plano interno os investimentos em obras públicas (hidrelétricas, rodovias, portos, aeroportos etc.) ou de interesse social (moradia/casa própria) são financiadas por aquelas agências de fomento (BNDES, CEF etc.) com recursos oriundos de fundos públicos (FGTS, PIS/PASEP etc.) garantindo emprego, arrecadação de impostos, consumo e retorno dos investimentos de forma direta com a remuneração dos financiamentos.

Lemos que a CEF e o BNDES pedem a falência da Odebrecht.

A empresa, impedida de contratar por estupidez de decisões judiciais que confundem pessoa física com jurídica (e pune a empresa em vez de punir a pessoa física do seu dirigente) perdeu mercados (só de obras em andamento na América Latina mais de 5 bilhões de dólares) passou a viver dificuldades para honrar os compromissos (quem não ganha não tem como pagar o que deve) e pediu intervenção judicial para que fossem administradas as dívidas.

A isso atropelaram as iniciativas da Caixa Econômica e do BNDES com o pedido de decretação de falência, a oficialização da extinção da empresa, que empregava entre 200 a 350 mil conforme os investimentos públicos em obras, não fora estar integrada a setores estratégicos, como o petroquímico e mesmo à construção do submarino nuclear brasileiro.

Assim, o país não se bastou em parar de financiar novas obras, tampouco de pagar por aquilo que já fora realizado, cuidou também de matar a empresa.

Em meio a tantos mortos há assassinos e assassinados. Muitos assassinos ocupando altos cargos e impunes diante dos crimes cometidos, contra a lei e contra a Pátria.

“Com Supremo, com tudo”.

Dois instantes que se aperfeiçoam
Há em livro de Luiz Maklouf Carvalho (O Cadete e o Capitão - A vida de Jair Bolsonaro no quartel, lançado pela Editora Todavia, em agosto, como sinaliza Carta Capital)  a vida do inquilino do Alvorada na caserna. 

Não enveredemos pela substância de sua personalidade revelada no texto, mas no seu “nome de guerra” em documentos da caserna: Cavalão.

Daí para sua forma de ver as coisas na imagem exibida na rede durante a campanha tudo a ver.



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