domingo, 3 de novembro de 2019

Entre a utopia e o sonho, a estratégia e a Civilização contra a barbárie

Entre a utopia e o sonho
Em singela distinção teríamos a utopia como um sonho impossível e o sonho como como algo possível, materializável através de planejamento, de insistência, de confiança, de acreditar no que pretende e acredita ser o melhor.

Para muitos a democracia é uma utopia, existindo apenas no plano formal, porque nunca o povo, como destinatário da atuação estatal, e assim caminho para a igualdade (dela tônica), está presente. 

As ditaduras, por sua vez, são a negação de qualquer vocação democrática, pois se valem do formal levado à força para negar ao interesse geral o que lhe é devido em tese.

Na sociedade brasileira – por suas raízes histórico-formadoras – nunca a democracia foi ponto de convergência e sim de conveniência. Caso não possamos dominar plenamente aceita-se o partilhamento até que o possamos. 

Os governos destoantes dos projetos da classe hegemônica foram ‘suportados’ até o instante em que afastados seus mentores, onde os golpes foram um dos instrumentos. 

Modernamente o processo eleitoral viciado e manipulado foi utilizado com sucesso.
  
Como profetiza metaforicamente Raul Seixas, em SOS:


“Hoje é domingo, missa e praia, céu anil 
tem sangue no jornal 
bandeiras na avenida zil
Lá por detrás da triste e linda Zona Sul  
vai tudo muito bem
Formigas que trafegam sem porquê [...] 
E nas mensagens que nos chegam sem parar 
ninguém pode notar 
estão muito ocupados pra pensar.”

O detalhe é que a busca por discos voadores só se encontra na canção. E poucos, muito poucos, os que preferem a utopia e lutam contra o sonho.

Afinal, os ares estão nublados, como no tempo da canção. E a metáfora se faz necessária para explicar a razão por que temer o sonho.

No mais, como o título da canção, Save Our Soul.

Imaginar diversamente soa à inocência. 

A repressão de um Estado além fronteiras contra o povo que protesta inspira, como canção de ninar.

O uso de soldadinhos de chumbo não lembra o Quebra-nozes, tampouco pensa em Tchaikovsky mas em guerra nada infantil.

Estratégia
Circula na rede a observação  em torno da incrível capacidade do inquilino do Alvorada e família criarem uma crise a cada novo dia.

Não percebe quem assim pensa que nada há para ser cobrado além do prometido. 

Como nada foi prometido em obras e investimento/desenvolvimento tudo está conforme.

Em razão disso nenhum exagero considerar dita atuação como estratégia de (des)governo.

E de crise em crise – quem sabe? – encontrará apoio para reeditar um AI-5.

Civilização contra a barbárie 
Passos – não tão curtos – a caminho de uma ditadura vem sendo dados não de agora: desde antes de o inquilino do Alvorada assumir. Apenas ele se tornou o porta-voz possível de assumir – por sua incompreensão da realidade – tamanha aberração.

Mas tudo caminha para o desiderato. E não temos nada que justifique temores de governo contra as instituições. Ao contrário, as instituições é que estão preocupadas com o governo.

Mas – dizíamos – tudo caminha a passos largos para a consumação do intento. 

Dia desse o ministro Toffoli disse estarem as instituições desconstruídas... Se ele diz isso, portas escancaradas para a aventura. Mesmo porque o que cabe ao STF do Sr. Toffoli não se efetiva.

Por fim – para mantermos a compreensão das coisas que vivemos – “Com Supremo, com tudo” tudo o que aí está. 

Imaginar que o inquilino do Alvorada tem capacidade de organizar o que põe em prática e jogar sobre ele a responsabilidade nada mais é que mais uma infantilidade de quem esquece de reconhecer e combater o sistema que o sustenta.

Afinal, a tragédia não é o inquilino do Alvorada, mas o que e quem o ampara. E o inquilino mais enfraquecido e acuado fortalece quem o manipula.

Cabe à Civilização entender o quanto contribui para a barbárie. 

E aproveitar para proteger a vida do porteiro.

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