domingo, 1 de dezembro de 2019

Por que não creio nos homens destes tempos bizarros

Desconvidado
Não há quem desconheça – pelo menos no Nordeste – o que representa uma quadrilha junina: uma cerimônia e festa de casamento caricatas regada à música e coreografia próprias. A noiva, o noivo, o padre, o pai e a mãe da noiva, o delegado, os fatos que a tradição cuidou de trazer à circunstância, como em outro instante: a ‘queima do Judas’. 

A Folha de São Paulo reagiu, em editorial, à postura do inquilino do Alvorada de boicotá-la explicitamente.

Nenhum exagero estabelecer um paradigma entre a quadrilha junina e a representação governamental do inquilino. Ambas apresentam singular hilariedade.

A diferença reside no fato de que o festejo joanino ocorre de ano em ano, e o outro no cotidiano.

Mas, ficamos com nosso elucubrar: em ambos, necessário a preparação.

Para o inquilino quem preparou a festa caricata o foi o que hoje estrila. Que  assim parece  passou a sentir-se desconvidado.

Aviso aos navegantes
De parte deste escriba um aviso: que não seja convidado por amigos a frequentar sítios ou casas de praia. Tal fato – se consumado (o frequentar) – passou a ser tipificado como vantagem ilícita e pode levar o desventurado a penas de até duas décadas de reclusão.

Não imagine o leitor que estamos enlouquecendo. Apenas atualizando a realidade a partir do fundamento para a manutenção de uma sentença ‘copia e cola’ e aumento da pena, da lavra do ilustre e ilustrado relator Gebran, do TRF-4: “relevante” é o “uso do imóvel” – disse sua excelência (com letra minúscula, revisor!) por qualquer indigitado sob o novo regime de avaliação processual – não tendo prova material, presumo – ser convidado para tais espaços pode custar caro.

Como diz Lênio Streck: há muita gente (de)formada em Direito.

Mas, quem avisa, amigo é!

Por que não creio nos homens destes tempos bizarros
Não porque não creia nos homens descreio dos homens nestes tempos. Bizarros tais tempos porque os homens não mais pensam. Apenas vivem o que lhe determinam viver os que comandam seu pensar.

As necessidades, as lutas por se verem melhor, eles os destinatários da Felicidade, são o fermento das mudanças que a história registra como avanços conquistados.

Fizeram-se os homens ‘multidões’, unidade de protestos contra o sistema que os asfixia. O sistema que enxergam e que em torno dele se dizem livres e libertos.

Os homens lutam contra o visível. Por desconhecerem o invisível suas vitórias são efêmeras, bandeiras agitadas que não sobrevivem ao tufão dominado pelo sistema.

Nestes tempos bizarros, destituídos de capacidade crítica, atendem aos reclamos das elites em plenitude de desprezo ao Homem Humanidade. Interessa-lhes – o que plantaram – o Homem como unidade estatística – como consumidor ou como mão de obra que alimente o aprofundamento da mais-valia.

O discurso do oprimido cansou. Ou melhor, foi apropriado pelo opressor que hoje comanda e controla os meios de convencimento não pela força do argumento mas pela repetição ad infinitum de um mantra elaborado.

Vivem os homens o aprendizado que não ensina a pensar. E pensam eles que pensam.

Afinal, caro leitor, para quem teve paciência de ler até aqui há de compreender a razão por que este escriba de província não tem como crer nos homens destes tempos bizarros.


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