À vista
Ronald Biggs homiziara-se no Brasil no início dos 70. Depois de assaltar, em 1963 - com outros 15 ou 16 parceiros - o trem postal da Inglaterra. Andou preso e fugiu - da prisão e do país - terminando por aportar em terras tupiniquins. Morreu nesta quarta 18, aos 84 anos, em Londres.
Louvado e incensado, sua história mais tinha de herói bufão, sem meandros robiudianos. No entanto, ladrão condenado, encontrava nesta terra espaço, concedia entrevistas, fala como mocinho.
Tornou-se celebridade e celebrizado.
Paralelamente - à época em que aqui chegou - um punhado de brasileiros dera de assaltar bancos, não para enriquecimento pessoal e sim para gerar recursos para custear uma resistência ao regime espúrio implantado em 1964.
A mesma mídia que abria espaço para o ladrão inglês, na terra que o ostentava em camarotes carnavalesco, desancava os daqui, tolerando as maiores violações à suas vidas e integridade física.
Enquanto Ronald Biggs morre na Inglaterra - para onde retornou para cumprir a pena que lhe fora imposta - por aqui outros assaltos vão chegando ao público, como o que objeta o escândalo do metrô e trens de São Paulo sob administração tucana.
Morto o herói bufão - para quem no passado esta terra se encantou com seus lindos olhos - oportunidade ímpar de beatificá-lo: como padroeiro paulista para desamparados que assaltam trens em licitações superfaturadas.
Que não se perca a oportunidade de mantê-lo celebridade e de perenizar sua celebridade.
Afinal, por seu debilitado estado de saúde lhe foi concedido na Inglaterra - na Inglaterra! - o direito à liberdade.
Sorte dele cumprir pena adoentado, na Inglaterra. Se fosse aqui, ainda que tivesse direito ao regime semiaberto, seria encarcerado em regime fechado.
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