domingo, 8 de dezembro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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Mandela terrorista
Assim visto por parcela considerável do planeta, que hoje esquece o que já disse de Mandela e do Congresso Nacional Africano. Para Margareth Thatcher – “uma típica organização terrorista”. Ronald Reagan tinha o apartheid como “essencial para o mundo livre”. E Madiba mesmo deveria “ser baleado”, como esbravejou o conservador inglês Teddy Taylor, quando Mandela se recusou a receber Thatcher, ao visitar Londres em 1990.

Assim odiado por expressões mundiais – Inglaterra e Estados Unidos, sem falar em Israel – quem fez por Mandela, então condenado à prisão perpétua, onde penou durante 27 anos, preso em 1962 pelo governo sul-africano com ajuda da CIA?

Ninguém menos que Fidel Castro. Que, a partir da intervenção em Angola, vitoriosa, desbaratou as forças da África do Sul, do então Zaire e de mercenários armados e financiados por Estados Unidos através da CIA, o que permitiu a abertura da campanha internacional que levou Mandela à liberdade e caminho para o CNA chegar ao poder.

A propósito, não custa ler “Mandela y Fidel”, de Atilio A. Boron, do Página 12 da Argentina, disponibilizado aqui a partir do http://www.conversaafiada.com.br/politica/2013/12/07/o-que-mandela-devia-a-fidel-a-vitoria/

Lá está – aqui em tradução livre – o agradecimento de Mandela a Fidel e ao povo cubano, durante a Conferência da Solidariedade Cubano-Sulafricana de 1995: ‘os cubanos vieram a nossa região como doutores, mestres, soldados, experts agrícolas, porém nunca como colonizadores. Compartilharam as mesmas trincheiras na luta contra o colonialismo, subdesenvolvimento e o apartheid... Jamais esqueceremos este incomparável exemplo de desinteressado internacionalismo’”. Para o líder, a presença cubana “foi o ponto de inflexão contra o racismo na África”.

Hoje o passado reconhecido por Mandela se encontra estereotipado, para omitir fatos tão importantes e alienar a informação de que houve luta para que Mandela chegasse ao poder. Por outro lado, sua postura conciliatória no exercício do poder demonstrou a grandeza que aqueles que o combatiam ainda não possuem.

5 bilhões
A partir de celulares a NSA – a agência de espionagem estadunidense – rastreia a localização de 5 bilhões de pessoas por dia, armazenando o equivalente a 27 terabytes de dados para cada alvo rastreado. São informações do The Washington Post, a partir de vazamentos de um funcionário anônimo da agência (que não o Snowden).

Detalhe a registrar: o povo não escapa, mas o narcotráfico, as transferências ilegais etc. navegam em mar calmo.

Degola
A Agência Brasil anuncia um universo de 270 cursos com cerca de 44 mil vagas que terão vestibular suspenso por iniciativa do MEC, relação divulgada no Diário Oficial da União deste sábado 6.

Da Bahia, a Faculdade Regional da Bahia (Feira de Santana) e a Faculdade Zacarias de Góes (Valença).

Quousque tandem
Os desmentidos de José Serra em relação ao escândalo do metrô e trens metropolitanos de São Paulo já compete, em nível de disputa, com o anedótico malufiano de “o dinheiro não me pertence” quando dizem ser dele contas no exterior.

A IstoÉ traz matéria arrasadora, demonstrando, entre outras coisas, o superfaturamento em reforma de trens com 40 anos de uso (fato único no mundo) que custaram mais do que os trens novos adquiridos pelo metrô de Nova York. Com o detalhe: tanto em NY como em São Paulo a empresa era a mesma. Na brincadeira cerca de 1 bilhão de reais do superfaturamento escorreram para o ralo.

Famosa, correndo os séculos, a invectiva de Cícero contra Catilina no Senado romano: “Quousque tandem Catilina abutere patientia nostra” (“Até quando, Catilina, abusarás de nossa paciência?”).

Bem se adéqua, diante dos desmentidos de José Serra, substituirmos paciência por confiança.

7 de dezembro
O ataque japonês a Pearl Harbor, que praticamente destruiu as forças navais e aeronáuticas estadunidenses estacionadas no Pacífico, naquele dezembro de 1941.

O cinema registrou o fato em muitas oportunidades, como em "A um passo da eternidade" (1953, de Fred Zinnemann.

O mundo reconhece
A mediação do brasileiro Roberto Azevêdo, diretor-geral da Organização Mundial do Comércio-OMC, encontra reconhecimento internacional. Afinal, conseguiu a proeza de viabilizar a retomada das negociações de Doha, depois de doze anos da primeira rodada – ao destravar nós existentes há 18 anos – para liberar um tratado global de livre-comércio.

Para que o leitor possa entender a dimensão do quanto alcançado por Azevêdo, qualquer decisão na OMC exige consenso – ou, quando nada, a não objeção – de todos os 159 países-membros.

Ouviu o que não queria
Disse o que não devia e terminou ouvindo o que não queria. Isto o que ocorreu com o deputado tucano de São Paulo quando insinuou possíveis razões sentimentais para a intervenção da deputada Manuela D´Ávila na Comissão que ouvia o ministro Eduardo Cardozo na Câmara dos Deputados, na quarta 4.

A provocação não ficou sem resposta. Dura, por sinal. Melhor ver e ouvir através de http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=ndTuMk4n044

Entre a vida e o Direito
O Direito não pode estar contra a vida. Qualquer estudante de Direito, em seus primórdios de academia, aprende sobre direitos naturais, os que estão acima de qualquer ordenamento jurídico – uma vez que àqueles este deve respeito – quais sejam – em destaque dentre os reconhecidos como pilares desde a Antiguidade – a vida e a liberdade.

A saúde de José Genoíno – e, portanto, a vida – tem sido posta sob variadas ponderações, desde que o ministro Joaquim Barbosa não reconheceu as informações de que dispunha e determinou uma perícia específica para ele. Sobre o fato em si já escrevemos em mais de uma oportunidade em nosso http://adylsonmachado.blogspot.com

No entanto, uma coisa está clara: por mais circunlóquio e contorcionismo textual alinhavados no laudo pedido por Barbosa, pouco foi percebido sobre a quantidade de “salvaguardas” alinhadas pelos médicos escolhidos pelo presidente do STF, que deságua em definir uma figura que denominaram de “domiciliar fixo”.

Resultado: o risco fica evidente. Tanto que o Procurador-Geral da República recomendou, em parecer, que o ex-deputado permaneça em seu domicílio cumprindo a pena que lhe foi imposta.

A posição da PGR estabeleceu a prioridade da Medicina sobre o Direito. Ao fazê-lo reconhece o direito natural à vida.

Não sabemos se pensa assim o ministro Joaquim Barbosa. Afinal, para quem desmontou pilares que sustentavam o Direito para atender à sanha condenatória (onde Genoíno é vítima) a Medicina pode entrar como enxerida.
Entre a vida e o Direito pode a Medicina estar como Pilatos no Credo – de Barbosa.

Em queda
Jornal Nacional abaixo de 20 pontos, novelas com ridículos índices – considerando o passado de audiência – e nem mesmo a programação da tarde está escapando. Este o quadro que vive a platinada.

E la nave va
Definitivamente o STF caminha para o cadafalso, cada vez que certos integrantes abrem a boca. É típico caso de ofelismo – neologismo ora criado a partir daquele personagem humorístico Ofélia, que só abre a boca para dizer besteira – a ser atribuído ao ministro Luiz Fux, aquele do “eu mato no peito”.
Como a lista do besteirol de Sua Excelência é longa deixamos para o leitor – como exercício – anotar as ‘proezas verbais’ de Fux.

Caso encontre alguma dificuldade nos dispomos a ajudar. Até porque algumas estão registradas em textos por nós escritos.

Entre dois séculos
Em pleno séc. XXI nos debruçamos com alegrias expendidas na rede, como a de amigos embevecidos com a reação da mulher que desceu o marrão na amiga que a traía com o próprio marido. “Merecido” – dizem. E se escondem atrás do véu que encobre os que pedem paz, extinção da violência e mais solidariedade social.

Em tempo véspero-natalino.

Difícil entender os homens. Melhor entender a sociedade sob a visão de Rousseau (séc. XVIII): os homens nascem bons, a sociedade os perverte.

Lamentável
A TV Cabo local não está disponibilizando os canais independentes CurtaTV e CinebrasilTV, que sintonizávamos, respectivamente, no 7 e no 9.

Mérito para o fotógrafo
Não podemos dizer que nossos olhos enxergam o que a(s) lente(s) de Pedro Augusto traduz(em) na foto. Por ela(s) estaríamos disputando com Gramado e Curitiba a primazia de iluminação natalina no Brasil.

A propósito
Não sabemos se estamos enxergando mal ou se alguma coisa está por vir. Mas a decoração natalina de Itabuna está ridícula. A Cinquentenário escura, tantas as luzinhas esmaecidas envolvendo os postes.

Sem proselitismo: que saudade daquela decoração trazida/adquirida pela administração Geraldo Simões em sua primeira passagem pela Prefeitura!

ACATE
A partir desta segunda 9 a programação de aniversário da ACATE, que envolverá encontros para debate de ideias, comemorações ao primeiro ano do Fórum Itabunense de Cultura e do Cineclube Grapiúna Mário Gusmão.

Cabe-nos tributar à existência da ACATE a intervenção para a construção da Casa de Jorge Amado, em Ferradas (onde disponível um espaço para apresentações, inclusive teatrais), o resgate do Teatro Sala Zélia Lessa e a participação na luta pela construção do Teatro e Centro de Convenções de Itabuna.

Ainda que véspero natalino
Às vésperas do Natal morre um dos grandes parceiros de Luiz Gonzaga – menos lembrado e exaltado que Humberto Teixeira e Zé Dantas – de singular importância para a construção da arquitetura gonzaguiana. Dezenas de composições com o Rei do Baião. Outras tantas com João do Vale, Onildo Almeida, Zé Mocó, Pedro Maranguape, Dominguinhos e muitos outros. 

João Silva mudou de plano esta semana. Fica o que legou à música brasileira.
E lembraremos sempre dele quando ouvirmos “Adeus a Januário”, “Danado de Bom”, “Pagode Russo”, “A Mulher do Sanfoneiro”, “Crepúsculo Sertanejo”, “Nem Se Despediu de Mim” (aqui disponibilizada) e outras 2 mil composições.


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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br


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