segunda-feira, 4 de junho de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS-Dia 03 de Junho


AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                              

Réquiem

Afastadas as particularidades presentes nos fatos em que se envolveu, a presença do senador Demóstenes Torres na Comissão de Ética do Senado configura o singular e o inusitado nestes instantes da política brasileira, vista sob a ótica dos que a representam: não estava ali para interrogar, mas para ser interrogado.
E a crueldade do instante (a confissão de que se via abandonado pelos amigos demonstra quão efêmera é a amizade em tal meio) mais se expressa em saber-se que ali estava mais para cumprir o rito e atender à ampla defesa, porque sua condenação é tão certa que poderíamos ter a sua fala como discurso no próprio sepultamento sob “Réquiem” de Mozart como fundo musical.
Escorado em 1,3 milhão de votos goianos chegava ao senado amparado no “passado limpo”, como fenômeno eleitoral que resumiria qualidades como competência, novidade e honestidade. Neste último quesito, por negá-la na prática, está seu inferno.
Sua atuação já se encontra posta no passado, como tempo verbal, uma promessa que se esvai, um canto que emudece, uma esperança levada pela brisa morna que bafeja o Planalto Central em início de tarde seca como o clima e a vida agora do quase ex-senador.

Preocupação

O sonho e a luta de muitos, doravante, é que o senador Demóstenes venha a sucumbir sozinho, abandonado à própria sorte e que os rastilhos de sua passagem pelo crime organizado não atinjam companheiros de trajeto.
Trajeto nos três níveis da Nação, neste Estado organizado sob o condão de Montesquieu: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Tudo por dinheiro

É assim que vemos a imagem do eminente Thomaz Bastos ao lado de Carlinhos Cachoeira na CPMI.

Nebuloso

O encontro entre os três teria ocorrido em abril, precisamente no dia 26. Gilmar Mendes procura a Veja (justamente a Veja!) quase um mês depois.

Gilmar

Qualquer estudante de direito, ainda que neófito em processo, sabe que ao julgador é vedado emitir opinião que traduza pré-julgamento. Ao vazar o que diz contido no encontro que teve com Lula emitiu opinião que compromete o julgamento que terá de promover.

Pressão não seria a da imprensa?

“Temos o dever de julgar os réus com isenção, a partir da prova dos autos, com fundamentação técnica da nossa decisão. Se não for assim, vai haver prejulgamento, seja no sentido da absolvição, seja no da condenação”.
“Vai ser um julgamento técnico, justo, fundamentado, sem nenhum ingrediente político. Senão, é justiçamento, é linchamento. Não podemos surfar nessa onda de cólera coletiva, da pressão social”. (Ministro Ayres Brito, Presidente do Supremo Tribunal Federal, em entrevista a Carta Capital de 2 de maio de 2012). Antes da “denúncia” de Gilmar.

A serviço de quem?

Observada a situação político-eleitoral em ano de eleição, uma concentração midiática sobre o julgamento do STF sobre a turma do caixa 2, chamado de mensalão, será desastrosa para muitas candidaturas. Especialmente do PT.
Os únicos beneficiados serão o PSDB e o DEM. Porque o “mensalão” mineiro, de Azeredo, com o mesmo Marcos Valério no comando, será julgado separadamente. Sem discurso, e à porta de um desastre eleitoral, utilizarão o julgamento para ganhar votos a partir da “defesa” da moralidade.
Não fora isso, desviam a atenção de outros temas, como a CPI da Privataria Tucana (que alcança José Serra) e a própria CPMI do Cachoeira, que tem muito pano para manga.
Daí porque não embarcamos no lugar comum em que se torna o jogo da mídia.

Resposta para o futuro

Há uma pergunta sem resposta em relação a esse encontro de Lula com Jobim, onde se apresentou Gilmar Mendes: o fato de o ex-presidente se encontrar com duas figuras nada isentas.
Caso Lula pretendeu beneficiar a turma do caixa 2 denominado mensalão pode ter conseguido resultado positivo. Sabendo que Gilmar fala pelos cotovelos jogou o ministro contra os fatos quando este revelou o encontro e denunciou ter sido pressionado (segundo a Veja) fato que desmentiu (o próprio Gilmar) e negado (por Jobim).

Normal e legítimo

Considerando “normal” e “legítimo” que o ex-presidente Lula manifeste sua opinião, assim se expressou o decano dos Ministros do STF, Marco Aurélio Mello, a Fernando Rodrigues, da Folha e da UOL na quinta 31: “Admito que o ex-presidente pudesse estar preocupado com a realização do julgamento  no mesmo semestre das eleições. Isso aí é aceitável”. E continua: “Penso que o ex-presidente não tratou do mérito do processo-crime. O que ele fez foi revelar que não seria bom, em termos eleitorais, o julgamento do processo no segundo semestre de 2012”.
Por fim, indagado sobre a oportunidade da “denúncia” de Gilmar Mendes à Veja, Marco Aurélio diz não ter entendido “o espaço de tempo entre o ocorrido, o encontro, e a divulgação do encontro”.
Com a palavra Gilmar Mendes.

Não perdoam

Pelas reações, o ex-presidente Lula está limitado a se expressar somente sobre futebol – e nesse particular somente sobre o Coríntians – e nada mais.

Patético

Só para quem quer ouvir, para acreditar na versão trazida pelo conjunto da grande imprensa, de que Lula teria pedido a Gilmar Mendes (desafeto) para que interviesse junto a Lewandowski (amigo pessoal de Lula e da família) oferecendo algo que Lula não dispõe (poder de blindagem) em troca de algo que Gilmar não tem (possibilidade de atrasar o julgamento, já que não é relator nem revisor do processo, tampouco Presidente da Corte).
Pedir a um desafeto para intervir junto a um seu amigo! Rsrsrsrsrsrs.

De Carlos Chagas 

“Gilmar Mendes perdeu o bom-senso, fala pelos cotovelos e acusa o ex-presidente Lula de querer melar o julgamento do mensalão. Acrescenta que gangsteres tentam desmoralizar e constranger o Supremo Tribunal Federal. Defende-se de acusações não comprovadas sobre seu envolvimento com Demóstenes Torres e Carlos Cachoeira, misturando sua defesa com a honra da mais alta corte nacional de justiça. Pratica o corporativismo, pretendendo que ataques e suposições contra sua pessoa signifiquem agravos contra o Poder Judiciário. Convenhamos, é muita areia para um caminhão só”. (Carlos Chagas – “O responsável é o Dr. Silvana”, no Tribuna da Imprensa on line, de quinta 31).

Fim da PM no Brasil

É a recomendação do Conselho de Direitos Humanos da ONU, divulgado na quarta 30, como forma de combater os “esquadrões da morte”, muitos vinculados e integrados por prepostos da Polícia Militar brasileira.
Trata-se de uma das 170 recomendações do Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do órgão para o Brasil. (Detalhes da Folha.com em www.advivo.com.br de quinta 31).  
Cabe ouvir as partes interessadas.
Afastada a inutilidade e impropriedade da recomendação, cabe apenas ironizar: o negócio pode ser uma campanha pelo retorno das privatizações.

Utilidade

CHARGEJá escrevemos que não entendemos o depoimento de Xuxa ao Fantástico, tido e louvado como apropriado para a defesa de vítimas de pedofilia. No particular de Xuxa há um filme “Amor, estranho amor” onde ela contracena, nua, com uma criança de 12 anos. Na cama. Está a assediar o menor. Não é atitude de quem tivesse trauma de assédio durante a infância.

Como preconizado

Desde 18 de setembro temos preconizado a possibilidade, praticamente definição, do apoio do PMDB a Azevedo e de ser Renato o vice na chapa de reeleição do alcaide. Desde os tempos em que o partido tinha cinco pré-candidatos. Para confirmar o que dissemos e repetimos (re)ler DE RODAPÈS... de 25.10, 07.11, 21.11 e 25.12.
Tudo sacramentado. Nada de adivinhação. Lógica, tão somente, a partir de uma realidade: resistência a Geraldo Simões.
Que vai fazendo Juçara vítima de sua ambição individualista.

Memória curta

Juvenal Maynart foi alçado à condição de interlocutor e articulador da aliança DEM-PMDB, levando para o colo de Azevedo o partido de Geddel.
Se tal ocorreu, Maynart cumpriu determinação de Geddel, nada mais. Sempre foi contra a aliança com Azevedo, para quem o prefeito não passava de um gestor “inapetente” para com a administração pública.

Incógnita

Diante das definições em Itabuna, onde Azevedo (DEM), Pedro Eliodório (PCB) e Juçara (PT) constituem-se peças irreversíveis no palco das eleições municipais, outras são aguardadas para que seja fechado o elenco.
O PSDB jogou a toalha da candidatura própria ao dizer que, não aceitando orientação superior de aliança com o DEM, está em conversa com o bloco que envolve PCdoB, PDT, PRB e PP.
Lá só encontrará a coadjuvância menor, pois nem a vice conseguirá. Uma circunstância singular, uma vez que como coadjuvante com o DEM encontraria mais espaço.
Mas, no caso específico, tudo ficou na mágoa de sentir-se preterido e violentado pela orientação superior. Mas, arrependimento pode se tornar ato de grandeza. Basta uma boa ladainha.
Coisa de amadores ou de quem desconhece os escaninhos da política partidária brasileira.

Esfinge

Temos, particularmente (analisando sob o prisma de opinião eminentemente pessoal) que a cantada e decantada frente partidária PDT-PCdoB-PRB-PP etc. só será “frente” se tiver o nome do PCdoB como cabeça de chapa. Se assim não o for, em seu projeto posto em andamento, de marcar posição para o futuro, o PCdoB, cuja palavra não pode ser considerada à luz do “fio de bigode”, poderá sair com candidatura independente ou mesmo apoiar o PT.
Ainda que jurem (?) de pés juntos que não ocorrerá. Em Conquista o martelo já foi batido. Como ali em Barro Preto.
Temos que está mais assim para a esfinge: decifra-me ou devoro-te. Decifra-se reconhecendo a “supremacia” cururu, a ela se curvando os demais.

Duplicação

Circo. Nada mais. O desconhecimento técnico em relação ao ato promovido pelo Governo Federal, de remanejar recursos no Orçamento vigente, foi interpretado (?) como cancelamento da obra.
Preferimos ficar com desconhecimento técnico. Caso contrário seria má-fé.
Geraldo Simões explicou muito bem explicado o que ocorreu.

De Marcel

Marcel Leal, na edição deste fim de semana de A Região: “O PT precisa olhar com mais cuidado o clima político em Itabuna, se não quiser deixar a cidade nas mãos sujas por mais quatro anos. Não merecemos”.
Marcel, além de estar bem informado, tem toda a razão. “Não merecemos” conviver com o que convivemos, tampouco com a arrogância e o individualismo com que o PT, tornado PTdoG, enxerga Itabuna. Temos refletido em textos nossa indignação com a possibilidade. E tido como inimigo por fazê-lo, quando defendemos Itabuna.
A indignação de tradicionais e históricos companheiros de GS faz com que muitos estejam programando viagem para o dia da eleição, justamente por não confiar nos que se apresentam. O que inclui a indicação de Geraldo.
O município continuará pagando a conta.

Cuidados

Defendemos a universalização do controle da informação, que somente pode ocorrer com a pulverização e não com a concentração midiática. Assim, vemos a TVI como primeira contribuição em nossa cidade, aguardando outras iniciativas na região, como a possibilidade de um Canal Universitário, na UESC.
Na TVI observamos, dentre vários programas, o espaço ocupado por Paulo Lima. Que vai se tornando a cada dia mais “de Paulo Lima”. Parece-nos que não há direção e controle sobre o programa. E o querido Paulo “Índio” vai utilizando-o como um palanque, tornando a informação em discursos. Os blocos tornam-se longos e monótonos quando a fala é única.
A retórica de Paulo, nesses instantes, vai gerando pérolas como “areoportos”, “desencandeia”, “novamente candidato à reeleição”, sem falar no vício de linguagem incompatível com a telinha como anunciar “teveritabuna” em vez de TV Itabuna.
Não foi assim que Boni e Walter Clark fizeram a Globo.

Esmeraldo Borges Bastos

Guarde este nome. Pode estar no centro do olho de algum furacão.

Lançamento

tocaiaDentre as muitas Academias de Itabuna a escolhida foi a Academia de Letras Garrafais, presidida pelo filósofo Cabôco Alencar, e única com sede própria, incrustada no Beco do Fuxico, onde funciona nas horas determinadas o ABC da Noite.
Lá reuniram-se intelectuais para o lançamento da TOCAIA, a Revista grapiúna de letras e artes, editada por George Pellegrini e Gustavo Felicíssimo, para circular trimestralmente com tiragem de 3.000 exemplares.
Além de textos dos editores, integram a edição a poesia de Daniela Galdino, Piligra, Heitor Brasileiro, Rita Santana e da marroquina Lamiea El Amrani, o conto de Daniel Prudente, a ilustração fotográfica de Pedro Montalvão para hacais de George, entrevista com Adelmo Oliveira, ensaio fotográfico de Milena Gatois e uma resenha de Felicíssimo para “A Pulseira do Tempo”, de Renato Prata.

Itororó

Como prometido, em mês de Festsol, mais detalhes da terra da carne de sol. O visitante descobrirá personagens que fazem a história local. Esse ano, por exemplo, há uma homenagem a Joaquim “Quincão” Prates, o idealizador e promotor do processo de servir carne de sol em sistema de rodízio, desenvolvido a partir de meados dos anos 70.
Também Juacy Ypsilone e sua música. Artista de melodia e palco. Encontrar-se com ele e ouvi-lo é festa, tanto que nos dispensamos falar mais dele nesse instante. Apenas provocar o leitor que não o conheça a descobri-lo.
Assim como a Tiodomiro Marques Silva, o Miro Marques, o ouvido mais importante para o registro da história local, hoje com trabalhos que são evidente contribuição para qualquer que pretenda escrever sobre as origens e o desenvolvimento da primeva Itapuhy, tornada Itororó. Seu último trabalho, “Vultos Indeléveis” é mais uma de mais de uma dezena da valiosa contribuição. O visitante encontrará em Miro Marques uma fonte de referências e informações.
Itororó, caro leitor, não é só Festsol.

E falando de Itororó

E para lembrar da velha turma de serenata/seresta que marcou época no curso dos anos oitenta e, particularmente dedicada a Valquísia Alcântara, uma das músicas que se tornaram marca registrada do grupo sob interpretação de Aprígio: “Tocando em frente”, de Renato Teixeira, aqui com o próprio em trabalho intimista.
Como diz a canção “É preciso paz para poder sorrir”.



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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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