domingo, 12 de agosto de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia 12 de Agosto de 2012


AdylsonQuando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.
  

Adylson Machado

                                                                           

Grandeza



As imasolgens têm por fundo o Sol. Focadas na Atlantis a uma distância de 180 milhões de quilômetros do Astro Rei, quando se dirigia ao telescopio sol1Hubble, segundo a NASA. Na foto da esquerda é um pontinho insignificante, mais detalhado, pela aproximação, à direita.
Alguém precipitado imaginaria que a Atlantis está próxima do Sol.

 






Dois instantes de insensibilidade

Neste ano completam-se 67 anos (agosto) das bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Holocausto inominável. Um crime de guerra exercitado quando o Japão partia para a rendição. Ceifou milhares de civis e mutilou irreversivelmente outras centenas de milhares.
E ainda se disseram heróis, os criminosos. Da única nação a despejar propositadamente bombas atômicas em civis: Estados Unidos.
E para não esquecê-los, outros 40 anos de quando Kim Phúc viu coberto pelo napalm o vilarejo de Trang Bang (junho). Ela e outras crianças expressam o inominável da estupidez humana.

bombanapalm

 

 

 

 

 

 

 






Negação

A práxis do Cristianismo, se a tomamos pela atuação de seus representantes nas diversas expressões, é a negação de Marcos 10:21.
Não que radicalizemos em torno do Evangelista. Mas, pelo menos, distribuir o excesso agradaria ao Mestre.

Novos tempos (o que fazem)

A despeito da massificação promovida por jornais, revistas e telejornais – de estrepitosa à sensacionalista, às vezes exagerada no tempo e espaço dispendidos para um tema quase recorrente, tanta a insistência, beira até mesmo a propaganda partidária – a resposta do povo não corresponde ao que imaginavam os propagadores. Vemos isso como resultado da forma como tudo se encontra encaminhado.
Evitando ou fugindo deliberadamente de uma análise técnico-jurídica do julgamento sob a égide do STF restou à imprensa, pela maioria de seus órgãos, buscar o caminho mais fácil: tratar de forma dicotômica uma matéria altamente complexa.
Houvesse de reconhecê-la pela complexidade não alimentaria o noticiário de bandido-e-mocinho, de culpado-ou-inocente, de condenação-absolvição.

Novos tempos (o que se perde)

O mais importante do julgamento, evidentemente uma oportunidade para escancarar uma prática rotineira no mundo político brasileiro (a pratica do caixa 2, que é crime eleitoral), está jogado no limbo pelo sensacionalismo que alimenta o noticiário, mais atento ao marketing eleitoral de partidos políticos em ano de eleições, quando alguns deles caminham sobre fio de navalha para assegurar a sobrevivência.
A postura do noticiário, pelo que temos visto, é por sua parafernália para noticiar, não o julgamento, mas o dia a dia da condenação. Esta como favas contadas, antecipada.
A intervenção opinativa e não informativa da imprensa, voltada para ver condenado, custe o que custar, o ex-ministro José Dirceu (este, o alvo maior) busca até influenciar no sentido de definir os ministros que devem ou não votar.
Temos que o jornalismo dispensou a função que lhe é própria para tornar-se, e produzir, uma faceta do que pretende ser no futuro: não tão disfarçado agente de interesses. O que nunca deixou de ser. Apenas assume mais escancaradamente.

Novos tempos (a lição que fica)

Restará ao observador isento a imagem de que querem fazer do Supremo Tribunal Federal palco e coxia de uma ópera bufa.
Para a democracia brasileira, considerando a importância das instituições que a materializam – onde o Judiciário, presente na mais alta Corte do país, a realiza como expressão do equilíbrio entre os demais poderes – o dano será maior que os benefícios. Nunca imaginamos que tivéssemos ministros escancaradamente definidos, a ponto de anteciparem voto, como o caso de Gilmar Mendes; o mesmo Gilmar que recebeu dinheiro do “mensalão” tucano-mineiro e julgará um réu que lhe passou dinheiro. Que a Procuradoria-Geral da República traduzisse absurdas teses para manter algumas acusações que não se sustentam em provas. Que a Corte tenha dois pesos e duas medidas diante de fatos idênticos.
E que, o mais doloroso, ministros batam boca diante das câmeras, como duas crianças birrentas.

Verso e reverso

A politização e o espetáculo deixarão sequelas. Dizia-se de Átila, o huno, que onde passava não nascia grama. O julgamento do denominado “mensalão” como solução político partidária, a envolver os mais variados segmentos da sociedade brasileira na defesa de particulares interesses político-eleitorais causará danos a muitos que se imaginavam imunes e paladinos da moralidade. De políticos e governantes à imprensa.
Um vendaval de apequenar Átila.

O Globo e a Globo

Os repórteres Amanda Almeida e Thiago Herdy, de O Globo, lembram que “14 anos depois de supostamente ter ocorrido, sete anos após ser descoberto e quase cinco anos depois de ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República, ainda não foi julgado o mensalão tucano — chamado de ‘origem e laboratório’ do mensalão petista pelo ex-procurador Antonio Fernando Barros e Silva de Souza – ainda não foi julgado”.
Diferentemente do esquema do PT, pelo qual todos os réus respondem no Supremo Tribunal Federal, o processo do mensalão mineiro foi desmembrado entre STF e a Justiça em Minas.
http://extra.globo.com/noticias/brasil/apos-7-anos-mensalao-tucano-ainda-nao-foi-julgado-5698785.html#ixzz22rRFRk24
Não é esse o tratamento editorial da televisão dos Marinho.

“Efeito Jorge Amado” – I

Registramos em Rastilhos da Razão Comentada (http://adylsonmachado.blogspot.com) um fato significativo a partir das comemorações do centenário de nascimento de Jorge Amado. Destacamos ali circunstâncias de grande importância, não ainda suficientemente percebidas pelo itabunense.
Ainda que não corresponda ao ideal que a comemoração exigia, o centenário de Jorge Amado deixa um legado para Itabuna, centrado em alguns aspectos: a construção da casa onde viveu o escritor em Ferradas e nela a agregação de equipamentos que contribuirão para desenvolver a cultura local, como a instalação de um teatro dentro do Projeto Galpão Cultural e uma biblioteca; obras de urbanização, à entrada de Ferradas, onde erigida uma estátua do ferradense ilustre como a afirmar o que até pouco tempo negávamos reconhecer: aqui nasceu Jorge Amado. E, para nós o mais importante: a inserção de Jorge Amado como filho de Ferradas no imaginário de seus habitantes, que começam a descobrir o que representa ser conterrâneo de tão ilustre filho.

“Efeito Jorge Amado” – II

Dentro do espírito que norteou os que se mobilizaram para a defesa do centenário de Amado (ACCODEC e a ONG ACARI), tudo começado nos idos de agosto de 2010 quando lançado em Ferradas o projeto “Irmão Jorge, 100 anos Amado”, desdobramentos ocorreram de singular significação, como a luta pelo revigoramento do espaço denominado Sala Zélia Lessa à sua destinação original de centro vocacionado às artes.
Não bastasse essa vitória, consumada com a entrega do espaço aos artistas locais, simbolizada no recebimento das chaves pela ACATE-Associação Cultural Amigos do Teatro, neste mês de julho, já na última sexta 10, a extensa programação de “Jorge, o Amado filho de Itabuna” trouxe ao Teatro Sala Zélia Lessa música, dança, poesia, depoimentos, com destaque para as apresentações do Coral Cantores de Orfeu (regido pro Zélia Lessa) e do Duo Bem-Te-Vi, que reúne holandeses residentes no Brasil.
Foram quatro horas de intensa programação, para um público que lotou as dependências do Teatro Sala Zélia Lessa.
Para nós um legado de Jorge Amado, dádiva aos que o reconhecerão na valorização de outros tantos grapiúnas que embalam e realizam sonhos de ver esta Itabuna forte e vigorosa econômica e culturalmente.

Marketing piegas

Não falta mais nada. Em política a apelação é a palavra da vez. Tempos houve em que fazer romaria a Bom Jesus da Lapa dizia respeito a promessas por curas amparadas na intercessão do padroeiro do oeste sãofranciscano. Contrição e fé moviam o deslocamento. De material as rapaduras no embornal quando do retorno.
Nas campanhas de Fernando Gomes havia uma senhora chamada Maria Rezadeira. Na campanha de 2012 temos duas, ainda que não Marias: Juçara e Acácia. É um rezar sem providência. Até a Bom Jesus da Lapa foram buscar amparo do Alto.
Os mais provocadores perguntam se tanta reza é contrição e fé ou seria pedido de intervenção do Altíssimo em relação a achados e perdidos?

Tomada de três pólos

Temos sido indagado, quando o assunto gira em torno das eleições municipais itabunenses, sobre o clima da campanha. Para muitos está em pleno andamento, com a energia motivadora suficiente.
Particularmente, temos que o processo eleitoral está morno. E provavelmente assim permanecerá, limitando-se o seu efervescimento mais no aguardar o programa eleitoral que nos humores naturais.
Para nós isso se explica por uma razão simples: acostumou-se o eleitorado à convivência com uma polarização Geraldo-Fernando, PT-PTB/PFL, nas duas últimas décadas.
Em que pese estes elementos polarizadores se fazerem presentes, não se apresentam na ponta do processo e sim como coadjuvantes. E, para complementar o que se ensaia para o futuro, uma nova força política surge no horizonte imediato, enquanto caminham para o ocaso algumas lideranças tradicionais, ainda que presentes no palco do espetáculo.
A tomada de dois pólos da política local (se tomamos para metáfora aquela que configura ramificação de uma instalação elétrica) ficou antiga e nesta eleição foi substituída por uma de três pólos. Com possibilidade de o terceiro deixar de ser neutro para tornar-se positivo.

Sindicância

A quantas anda a apuração daquela sindicância disparada através da Portaria 4.518/2012, de 04.05.2012, do Secretário de Educação da Bahia, que de imediato estabelecia responsabilidade sem determinar fatos e tempo de apuração?
Dissemos neste espaço (“Cheiro”, no DE RODAPÉS... de 6 de maio) que a indigitada peça feria os manuais de Direito Administrativo e mais voltada estava para “enxovalhar a reputação da sindicanda” antes mesmo que ocorresse a conclusão dos trabalhos.
Como perguntar não ofende, passados 90 dias de sua instalação, como andam os trabalhos e quais as suas conclusões?

Juracy

Roberto Silva – o Príncipe do Samba – marcou gerações. Sambista elegante e compositor, de cadência singular, era marca na discografia dos serviços de alto-falantes deste universo provinciano que alimentou nossas existências.
Aqui trazemos uma de suas pérolas “Juracy” (Antônio Almeida-Ciro de Souza) em dobradinha com o setentão Caetano Veloso.


Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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