domingo, 26 de agosto de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS- Dia - 26 de Agosto de 2012

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                           

Estadista

Se na quarta 22 completaram-se 36 anos da morte de Juscelino Kubitschek, nesta sexta 24 vão-se 58 do suicídio de Getúlio Vargas, presidente democraticamente eleito que se viu encurralado por denúncias que alimentaram contra seu governo a partir da crise desencadeada pela morte do Major Vaz, no início do mês, onde pessoas a ele ligadas estavam envolvidas.
A História traduz no fato, mais que a possibilidade de punição das irregularidades, a destituição de um projeto nacionalista que incomodava interesses estrangeiros capitaneados internamente por políticos como Carlos Lacerda, expressivo líder da UDN.
getulioPropostas recém-nascidas como a Petrobrás, a Eletrobrás, o BNDS, o Banco do Nordeste, são as últimas ações de quem já havia criado a Companhia Siderúrgica Nacional e a Companhia Vale do Rio Doce nos anos 40 do século passado que consolidavam a passagem de um país agrícola do século XIX para um país industrializado, moderno e avançado, que o visionário Getúlio enxergava deixar para as futuras gerações.
Pelo que fez (ainda que em questionados instantes, como o do Estado Novo) torna-o o maior estadista do Brasil do século passado, se ainda não o for neste limiar do novo milênio.
O gesto extremo de Getúlio, dando um tiro no peito naquela manhã, desnorteou a oposição e desarticulou o golpe ensaiado e posto em movimento, que começava pela proposta de afastá-lo do poder.
O golpe foi retardado por dez anos. O que salvou muito do conquistado por Getúlio.

A raiz

Para o baiano Jorge Hage, da CGU, “Corrupto rico não vai preso no Brasil, ou a pena prescreve, ou quando sai a condenação, dez, vinte anos depois, o sujeito já morreu…”. Melhor ilustra o caminho dessa tragédia nacional quando indagado sobre a principal causa: “Não tenho dúvidas. O financiamento de campanhas políticas e de partidos políticos… é feito de vereador para cima, feito por todos os grandes partidos e por quase todos os partidos, e em todos os estados do país…”.
Falou Hage a Bob Fernandes, do Terra Magazine. Uma lição didaticamente exposta em tempo de eleições municipais. Onde tudo começa e para onde vão todos os resultados, quando o exterior não os atrai.

Verdade vindo à tona I

Ainda que venha a ocorrer uma decisão que contrarie o voto do Ministro Lewandowski, no somatório dos demais nove ainda não proferidos, a tese da defesa que negou as acusações da existência de compra de votos alimenta a ocorrência de caixa 2 de campanhas.

Verdade vindo à tona II

A decantada tese do “Mensalão” começa a fazer água. Em nível de grande imprensa – a que só falta dosar as penas para a condenação antecipada – os primeiros sinais foram dados: editorial de O Estado de São Paulo da última sexta 24 reconhece a existência de “pagamentos prometidos pelo PT a políticos de outras legendas ainda na campanha presidencial, em troca de apoio a seu candidato”.
E mesmo chega a admitir que os recursos obtidos por Marcos Valério seriam destinados a pagamento de despesas de campanha e não para remunerar deputados em votações que interessariam ao governo.
Não se diga que este reconhecimento eximirá os correspondentes responsáveis da prática de crimes, pelos quais serão condenados.
Coincidência, ou não, o editorial vem a público depois do voto do Ministro Lewandowski. Ou seja, não só os advogados falavam a verdade em torno desses fatos em particular.

Ninguém se retrata

Ainda que provado, em sede de julgamento pelo STF, o que todos sabiam desde que Pizzolato (seu acusador da CPI dos Correios), depondo na Justiça afirmara que mentira sob medo e pressão perante a CPI (e a imprensa sabia disso) não se vê uma linha de retratação em relação a Luiz Gushiken.
Quando a defesa protestava por falta de provas a saída dos jornais inquisidores era afirmar que se inocente fosse seria absolvido no julgamento. Ou seja, o inocente que prove sua inocência e não a acusação, a quem compete por lei tal mister (ao autor o ônus da prova; quem prova a culpa é a acusação e não o réu sua inocência).
Mas, para a acusação midiática Gushiken era do PT. Então, pau no PT. Ainda que no lombo do inocente Gushiken.

Paulo Preto I

Com Paulo Preto depondo na CPMI do Cachoeira a coisa pode ficar preta, ou branca, para José Serra e o PSDB. Diz o ex-diretor da estatal paulista Dersa, Paulo Vieira de Souza, que abrirá as informações que tem para a CPMI do Cachoeira que dizem respeito a Construtora Delta, empresa da qual Carlinhos Cachoeira é sócio oculto, segundo suspeita a Polícia Federal.
A Delta, líder do consórcio que ampliava a marginal, está envolvida em irregularidades e desvios, decorrentes de superfaturamento. José Serra era sua bússola, dirá Paulo Preto, e tinha conhecimento de seus atos praticados à frente do Dersa. E diz ter documentos.
Detalhe singular: Paulo Preto poderá contar que se valeu do trânsito que o cargo lhe permitia para arrecadar para a campanha de Serra à presidência em 20010.
Nitroglicerina!

Paulo Preto II

Detalhes a serem acrescidos. Ou a razão por que Paulo Preto está indo à CPMI: “Há dois meses, petistas propuseram acordo pelo qual votariam contra a convocação de Paulo Preto desde que a oposição desistisse de chamar Luiz Antônio Pagot, ex-diretor-geral do Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes).
O líder do PSDB no Senado, Álvaro Dias (PR), rechaçou a oferta, segundo tucanos, sob orientação do senador Aécio Neves (PSDB-MG), desafeto de José Serra.
Informado da disposição do ex-homem-forte da Dersa, emissários tucanos tentaram reabrir as negociações com o PT. Mas já era tarde”. (Da Folha de São Paulo no Luiz Nassif Online em www.advivo.com.br deste sábado 25).
Dessas informações não sabemos se há alguma coisa que corresponda a deputados denunciados por vender emendas parlamentares.
Nitroglicerina pura, se disser tudo o que sabe!

Brasil mais urbano

Como não bastasse a concentração atual, precipitada nos últimos cinquenta anos, dados da Organização das Nações Unidas sobre o Brasil afirmam que o país será 90% urbano em 2020 (o era 20% nos anos 50). O que significa aumento das preocupações em torno de políticas públicas a serem aplicadas e fato que afeta em muito e mais diretamente as administrações municipais.

40 milhões de motos

Alarmantes os dados do aumento de veículos a motor, com destaque para o número de motos, que ultrapassará a casa dos 40 milhões em 2022.

Vanusa

Nossa querida Vanusa de Jesus colará grau em Administração no dia 8 de setembro, às 19 horas, na 2ª Igreja do Evangelho Quadrangular. No dia 6, agradecimento em Culto Ecumênico no auditório da Unime, também às 19 horas.
Nossa alegria se estenda à vitoriosa Vanusa.

Lançamento

Ocorrerá na próxima terça 28, a partir das 19 horas, no Teatro Sala Zélia Lessa, o lançamento em Itabuna de “Pequenas Histórias do Delírio Peculiar Humano”, do grapiúna Antônio Nahud Júnior, acompanhada de outros eventos como a exposição fotográfica “A Face Oculta”, de Morvan França, inspirada na obra de Francis Bacon e nos contos do livro de Nahud.
“Pequenas Histórias...” traz prefácio de Jorge de Souza Araujo e apresentação de Ruy do Carmo Póvoas e Danielle Carvalho Crepaldi.
O evento dá continuidade à agenda do Zélia Lessa em programação da ACATE e AGRAL sob produção de Ari Rodrigues e Eva Lima.

Festival

Salvador sediará, entre 1º e 9 de setembro, a quinta edição do Festival Latino-Americano de Teatro da Bahia, incluindo a 1ª Mostra Internacional de Teatro Baiano, promoção de curso gratuito de crítica teatral e um Colóquio Internacional de Recepção das Artes.
O FiteBahia reunirá trabalhos da Colômbia, México, Chile, Argentina, Bolívia, Espanha, Estados Unidos, Alemanha, Inglaterra, não fora anunciadas participações de Rio de Janeiro, São Paulo, Ceará, Minas Gerais, Rio Grande do Sul etc.
Desdobrar-se-ão em 33 espetáculos e 65 apresentações em espaços e praças públicas de Salvador e cidades do interior como Feira de Santana, Santo Amaro, Ilhéus e Lauro de Freitas.

Itabuna de fora

A FICC, a instituição itabunense criada para desenvolver as artes, dirigida pela poeta que não poeta, bailarina que não baila, advogada que não peticiona e pedagoga que não pedagoga anda perdendo até para Santo Amaro.
O que a salva (a poeta), por enquanto, são as fotos da casa de Jorge em Ferradas, projeto oriundo da luta da ACCODEC, assumido por Azevedo e capitalizado por Jorge Tomate e a ilustre bailarina.

Barril de pólvora

Atraso em pagamento de salários e fornecedores transforma em inferno astral campanhas políticas que se apresentavam tranquilas.
Em Itororó a grita vem de fornecedores e funcionários. A alegação é que o prefeito gastou mais do que dispunha no último São João. É o que está na boca do povo.
Em Firmino Alves a excelente gestão do padre Agnaldo não convence o eleitor em favor de seu candidato. Não pelo padre, mas pelo candidato, que anda pendurado em dívidas, como nos revelou um morador. Perdeu credibilidade.
Em Itabuna reclamações de atraso nos salários. Não fora a sanha de algumas figuras de proa da administração, que resolveram atrapalhar a caminhada de Azevedo à reeleição.
Tudo pode transformar o cenário eleitoral. Funcionário sem receber ou recebendo mal é cabo eleitoral em potencial. Atuação indevida de assessor instala o desconfiômetro.
Contra o prefeito.

Tempestades

Azevedo está, com sua imagem pessoal, aparentemente imune a ovos e tomates podres. Tudo que se disser de sua administração é repetição, é chuva no molhado. Não há o que surgir no curso da campanha que não se saiba nos mínimos detalhes. A não ser algum vídeo montado para oferecer material digno de tabloide britânico.
No entanto tem gente ao lado de Azevedo trabalhando como em fim de governo, com ação de quem só dispõe de terra arrasada porque nada mais resta. De aproveitar meu pirão porque não terei de onde tirar depois que sair.
Paralelamente, uma apropriação de tudo que de certa forma foi realizado sem lembrar que fundamental é o prefeito reeleger-se.
Assomam a campanha de Azevedo fortes ventos prenunciando tempestades, com ventos fortes e granizo.
Outras de eleições e da política local em Rastilhos da Razão Comentada no http://adylsonmachado.blogspot.com

Digitais

“Variações sobre um tema de Haendel”, de Mauro Giuliani, Opus 107, em execução da guitarrista romano-canadense Ioana Gandrabur.
Algum curioso leitor escutante, encontrando um acorde em nona ou verso sonoro típico de nosso cancioneiro nordestino ou mesmo um lundu maxixado... poderá afirmar que erudito é nosso popular. Em que pese trabalharem contra esse reconhecimento muitas gravadoras e divulgadoras e a maioria das programações rádio-televisivas.




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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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