segunda-feira, 6 de agosto de 2012

DE RODAPÉS E DE ACHADOS - Dia 5 de Agosto

Quando o tema se esgota em si mesmo, um rodapé pode definir tudo e ir um pouco além.  
Adylson Machado

                                                                            

Olimpíadas I

Seleção feminina de futebol e de basquete, atletismo e mesmo o judô não corresponderam às expectativas nas Olimpíadas de Londres. Registre-se que taisexpectativas mais estão na manifestação ufanística de nossa imprensa que na realidade como são tratados alguns esportes, à exceção do futebol masculino e do voleibol (quadra e praia).
A postura da imprensa beira a mediocridade quando chega a julgar que uma medalha de bronze não é grande coisa quando havia a possibilidade de uma de ouro, deixando a impressão de que não competimos. E o que dizer dos que conseguiram “apenas” chegar à finalíssima? Nem são lembrados.
É nossa mania de grandeza, de maior em tudo.

Olimpíadas II

Temos trabalhado mais individualisticamente – investimento individual (poucos patrocinadores) com resultado tributado a um só indivíduo – caso da ginástica, como exemplo clássico, que perpetua os mesmos, com escassa renovação.
A ponto de levar um Diego Hypólito a, chorando, pedir desculpas aos que o patrocinaram. Talvez seja esta a melhor imagem destas Olimpíadas e do esporte brasileiro em geral. Um punhado de investidores para um punhado de atletas em regiões destacadas.
Ainda que sejamos um país continental com quase 200 milhões de habitantes.

Por onde começar

País onde não há efetiva política de Estado para o Esporte, que pouco pensa na base/formação, tampouco compreende que um projeto olímpico exige planejamento, paciência e, atualmente, muita tecnologia. E que quanto maior for o número de oportunidades e de participantes conseguirá outras Sarah Menezes, a piauiense que surpreendeu e conquistou a única medalha de ouro até este instante para o Brasil.
A partir de nossa cidade, quais são os colégios que apresentam resultado satisfatório na prática esportiva? Aqueles que dispõem de equipamentos. Partindo dessa premissa, considerando o número de alunos em colégios itabunenses, quantos são alcançados ou beneficiados por tais equipamentos?
A resposta pode levar a compreendermos o que se passa no Brasil.

Se a moda pega

Reproduzimos aqui a partir do que publicamos em nossohttp://adylsonmachado.blogspot.com: O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou que deixará de contratar anúncios pagos nos meios de comunicação comerciais, sob o argumento de que "Não temos porquê, com dinheiro dos equatorianos, beneficiar o negócio de seis famílias do país". (Da Rede Brasil Atual, no Luis Nassif Online da quarta 1º).
O presidente equatoriano está certo, mas mexeu em vespeiro. Tornar-se-á o próximo Hugo Chaves por atitudes ditatoriais. Para a turma que vive mamando nas tetas do Estado, quando se economiza em favor do povo reduzindo a participação deles éditaduracensura e outros quejandos.
Imagine o estimado leitor se o Governo brasileiro resolve seguir o exemplo e simplesmente reduzisse a publicidade desnecessária e apologística ao governante de plantão!

A Rússia e as ONGs

O parlamento russo adota legislação restritiva à atuação de ONGs transnacionais, classificadas como “agentes estrangeiros”, a fim de colocá-las sob controle do Estado. Para tanto, projeto de lei, aprovado por 374 votos a favor, três contra e uma abstenção, prevê registro separado para as ONGs que recebam recursos externos e de alguma forma participem de “atividade política” no território russo. (Tribuna da Imprensa on line, de 25 de julho).
A considerar: os autores do projeto, do partido Rússia Unida, baseiam-se na experiência estrangeira, oriunda dos próprios Estados Unidos (Foreign Agents Registration Act-FARA, aprovada nos anos 30 do século passado).
Quando vemos ONGs pouco afeitas aos interesses brasileiros e mais próximas de quem as financia (vide opinião até sobre o Porto Sul), ficamos a pensar se não seria hora de melhor acompanharmos a origem dos recursos que as sustentam e o governo observá-las com mais atenção e rigor.
A dúvida fica a ser respondida pelo “parlamento” de que dispomos.

Espetáculo I

Gáudio para muitos a acusação no julgamento do denominado “mensalão”. Espetáculo midiático que alcança dimensão de catarse cívico-nacionalista, como se o que vier a ser decidido pelo STF fará melhor o país num passe de mágica. Como se oeleito “mocinho” Roberto Gurgel fizesse superar a hipocrisia de um sistema político, que exige contemporização entre executivo e legislativo sob pena de o primeiro sucumbir quando não “compreende” o segundo.
Getúlio e Jango sofreram por não dispor de base de sustentação parlamentar. Como Collor, quando a perdeu. (Afinal, o impeachment não decorreu do primado da moral parlamentar diante da imoralidade divisada no executivo). Getúlio suicidou-se para evitar o impeachment; Jango foi apeado do poder por um golpe militar.

Espetáculo II

Tem-se no Judiciário um poder de comportamento moderado. Não se concebe arroubos em seus membros. O bom senso e o equilíbrio são a expectativa e a resposta que o cidadão comum espera diante da magistratura.
Da Procuradoria-Geral espera o cidadão o equilíbrio na acusação, para não inferir em vindita. Roberto Gurgel se apresenta no imaginário como o vingador da sociedade, como se ator em sensacionalista noticiário policial.
O mesmo Procurador-Geral que sobrestou em sua gaveta o andamento de um inquérito policial para beneficiar um político não nos traduz a magnitude daquilo que os franceses denominaram de a magistratura de pé.

Espetáculo III

Para corresponder ao circo armado do qual passou a integrar o elenco, o Procurador-Geral da República, diante da ausência de provas materiais para a acusação de formação de quadrilha em relação a José Dirceu – o que o inocenta de tal delito se técnico for o julgamento – se sai com a pérola, digna do anedótico jurídico, de que “não há como negar que, em regra, o autor intelectual nos chamados crimes organizados age entre quatro paredes, em conversas restritas com os demais agentes do crime, quando dita os comandos que guiam as ações dos seus cúmplices. O autor intelectual, quase sempre, não fala ao telefone, não envia mensagens eletrônicas, não assina documentos, não movimenta dinheiro por suas contas, agindo por intermédio de ‘laranjas’ e, na maioria dos casos, não se relaciona diretamente com os agentes que ocupam os níveis secundários da quadrilha. Lida apenas com um ou outro que atua como seu interlocutor, não deixando rastros facilmente perceptíveis da sua ação. Assim, nesses casos, a prova da autoria do crime não é extraída de documentos ou de perícias mas essencialmente da prova testemunhal, que tem, é claro, o mesmo valor probante das demais provas.”
O emérito Procurador-Geral da República traz ao mundo jurídico brasileiro a tese de que a falta de prova é a prova do crime. Por tal premissa temos que qualquer grupo, ainda que inocente, venha a ser condenado por formação de quadrilha, já que a ausência de provas passa a caracterizar a prova de que existe.
Esqueceu o Sr. Gurgel – neste instante exaltado por todos que querem ver condenação e não julgamento – quando disse que “O autor intelectual, quase sempre, não fala ao telefone...” razão por que uma quadrilha não age deixando prova,que ele Gurgel tinha em sua gaveta um inquérito da Polícia Federal onde um chefe de quadrilha falava ao telefone (Carlinhos Cachoeira) com um senador da República (Demóstenes Torres) e fez ouvidos moucos ao exercício de seu dever funcional permitindo que se reelegesse aquele a quem competia denunciar ao mesmo STF.
Diante das provas materiais negou-se a reconhecê-las; e as admite, onde não há, por testemunhas que não há.

Não mudamos uma vírgula

Extraímos do Tribuna da Imprensa on line o texto abaixo, publicado no dia 3 de agosto:
Carolina Brígido (O Globo)
voto stf
Ministra Carmem Lúcia, flagrada trocando mensagens. (Foto Roberto Stuckert Filho, reprodução de O Globo na internet)
Em agosto de 2007, enquanto o Supremo Tribunal Federal (STF) julgava a denúncia do Ministério Público Federal contra os acusados de participar do mensalão, houve ministros que foram flagrados combinando como votariam. As imagens das telas foram fotografadas durante a sessão e divulgadas pelo Globo.
Desde então, o tribunal cercou-se de cuidados. Uma das providências foi impedir que fotógrafos e cinegrafistas transitassem livremente pelo plenário. Ontem, eles foram confinados em uma área restrita o fundo do recinto. Quando viram suas mensagens publicadas no jornal, alguns ministros acabaram mudando a linha do voto e réus admitiram mais tarde que a divulgação mudou o rumo da sessão.
Após o episódio, boa parte dos ministros se tornou adepta dos bilhetinhos escritos em papel. Na época, a presidente da Corte era a hoje aposentada ministra Ellen Gracie.
Com a posse de Gilmar Mendes, veio a restrição do espaço destinado aos profissionais de imagem. Foi quando os ministros voltaram a usar o sistema interno de troca de mensagens”.

Falta explicar... e convencer

gilmar mensalãoGilmar confirma, mas se defende dizendo que ao tempo do recebimento não era Advogado-Geral da União.
Entendemos. Esperamos que explique as razões por que de receber 185 mil reais do valerioduto mineiro que alimenta o “mensalão tucano” em Minas Gerais.

Coelho na cartola

A Malha Fina do A Região desta semana, fustigando em torno da busca de recursos encetada pela campanha de Azevedo: a turma procurou um banco e este se negou, porque já havia jogado um milhão de reais na Prefeitura.
Em rodapé, semana passada (“Dinheiro do Santander”), questionamos a circunstância da existência de uma placa do Santander enfei(t)ando a parede lateral direita na sala de entrada da casa de Jorge Amado em Ferradas, logo acima de cópia da certidão de nascimento do ferradense.
Nosso questionamento envolvia a circunstância de haver publicidade em equipamento público sem a necessária autorização da Câmara Municipal.

O coelho

Mas a Malha Fina nos remete a outra indagação: considerando a dimensão da obra existente e das doações presentes naquele espaço será que foram ali consumidos um milhão de reais, se é o Santander o financiador?
Para que o Santander não fique mal na fita, e contribua para a transparência que o caso exige, seria interessante trazer à sociedade o projeto e os custos para os quais contribuiu.
Não à toa, na mesma Malha Fina, o jornal aventa a possibilidade de estrago para a candidatura de Azevedo “caso algum desembargador” resolva “apreciar as contas da FICC”, o que seria “caixão e vela”.
E a FICC “fiasco” certamente está por trás da “administração” de tais recursos.

De Ilhéus para Londres

Lemos no www.advivo.com.br de sexta 3, em texto de Marco Antônio Araújo levado por Vinicius Carioca ao R7, que a gana inglesa para esfolar turistas deu com os burros n’água. Esperavam receber 300 mil turistas durante as Olimpíadas e recebem apenas 100 mil. Causa: os elevados preços cobrados, aumentados no limiar do evento.
Aprenderam com Ilhéus, onde a turma parece chegar ao orgasmo cobrando os olhos da cara de quem por lá aporta. E ainda tratando mal o incauto que deseja ver sua linda orla.
Em Londres, pelo menos, o turista é bem tratado.

Quando os amigos atrapalham I

Várias são as razões por que Geraldo Simões não conseguiu se reeleger em 2004 (um retrocesso de 30 anos para Itabuna à época). Destacamos: desgaste junto ao funcionalismo causado por um de seus secretários, chamado por servidores de o “Orlando Filgueiras da administração de Geraldo”; a fraude eleitoral; a precipitada impugnação da candidatura de Fernando quando Geraldo começava a deslanchar nas pesquisas (que originou o mote fernandista “PT do tapetão”), iniciativa jurídica daquele mesmo secretário, então coordenador jurídico da campanha.

Quando os amigos atrapalham II

Azevedo está no mesmo caminho. Perde eleitores por causa de alguns de seus “amigos”. Estes, individualistas, papagaios de pirata, estão arrasando as “conquistas” de Azevedo. E não tem jeito. Azevedo esperou demais para tomar uma providência. Terá que aguentar a rebordosa.
Exemplo recente: o prefeito se debruçou em Ferradas em obras e valorização do bairro com a construção da casa onde viveu Jorge Amado parte de sua infância, atendendo ao pedido de setores da comunidade e de parcela da classe artística local. Muitos em Ferradas já olhavam Azevedo com admiração.
No entanto, no dia da inauguração, Jorge “Tomate” Vasconcelos e a presidente da “FICC fiasco” – ex-bailarina que não dança, advogada que não peticiona, poeta sem poema e pedagoga que não “pedagoga” – alijaram a comunidade do evento.
Resultado: portas fechadas, em sinal de protesto e população ausente; estrago irreversível na campanha de Azevedo.

Comeu mosca I

Não bastasse pretender fugir do Governador Wagner e do marido como companhias de campanha, a majoritária encabeçada pelo PT ensaiou reforçar uma identidade de gênero afirmativa ao jogar no imaginário da sociedade, para reforço do feminino/revolucionário, vetor de renovação, a idéia de que a figura de um gestor municipal fêmeo ocorreria pela primeira vez em Itabuna.
Afonso Dantas, em seu blogue, foi o primeiro a desnudar a falácia de que Juçara teria oportunidade de se tornar a primeira, afirmando que Rosalina Molffi de Lima assumiu a prefeitura em substituição a Oduque, nos anos 70, e Ricardo Ribeiro lembrou de Namir Mangabeira, que substituiu Félix Mendonça, em 1966.
Cristalino que duas outras mulheres tornaram-se prefeitas antes da pretensa eleição de Juçara, assumindo mandatos, ainda que não pelo voto direto em majoritária.
A candidata, que tem como vice uma professora universitária, podia evitar o vexame de anunciar-se como a primeira prefeita de Itabuna, quando bastaria ter se anunciado como a primeira mulher a ser eleita.

Comeu mosca II

Não queremos engrossar o caldo de culpar o marketing externo pela ignorância em relação ao fato. Afinal, a campanha é discutida com candidato e sua assessoria de campanha. Faltou mesmo foi leitura e conhecimento sobre a terra que pretende administrar.
Ou seja, em história de Itabuna a candidata do PT tem nota zero. Alguém diria que estão fazendo-a (a história) à facão.

A dupla Bangu

juçara acaciajuçara e acacia


Não é falta de roupa para cada périplo, mas parece haver uma coincidência: Juçara de vermelho: Acácia, de branco.
Uma dupla Bangu, como o vermelho e branco do futebol carioca.

 

 

 

Assim caminha

Quem não está comigo ou é inimigo ou desqualificado é no que faz. Assim o método de pessoas ligadas a Geraldo Simões em relação aos que não estão vocacionados ao exercício de “amarrador de cadarços”. Outros dizem que é método do próprio GS, daí plantarem por aí que Giorlando tornou-se festa para o QG da campanha de Juçara, justamente por não estar como responsável pelo marketing da candidata.
Não faz muito tempo, naquele 2000, Giorlando foi competente quando trabalhou para a campanha de Geraldo. No entanto, dizem, trabalhou na de Juçara em 2008 e teria sido essa a razão da derrota da petista.
Crueldade. Juçara perdeu em 2008 por culpa exclusiva de Geraldo, ao não analisar os fatos de que dispunha e em vez de alimentar a candidatura de Capitão Fábio (enquanto Fábio estava bem, Azevedo era terceiro colocado e Juçara praticamente eleita) trouxe-o para a campanha da mulher quando Azevedo começou a crescer e Fábio a cair. Aí desandou.

Parabéns Caetano!

Arioso da Cantata de Johann Sebastian Bach, segundo movimento do Concerto n. 5, em Fá Menor, BWV 1056, em versos de Caetano e Flávio Venturinni, para “Céu de Santo Amaro”.
A união entre o erudito e o popular, o que melhor traduz nossa opinião em relação a Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, setentão na próxima terça 7.
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Adylson Machado é escritor, professor e advogado, autor de "Amendoeiras de outono" e " O ABC do Cabôco", editados pela Via Litterarum

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