domingo, 6 de outubro de 2013

Alguns destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS *

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O destino do homem virtual
Pesquisas recentes, uma realizada pelo Laboratório de Estudos da Emoção e Autocontrole da Escola de Psicologia da Universidade de Michigan-EUA, comandada pelos professores Ethan Kross e Phillipe Verduyn, e outra, de cientistas sociais alemães das universidades de Humboldt e Darmstadt, sob comando dos professores Peter Bauxmann e Hanna Krasnova, convergem para uma conclusão preocupante: o perfil do usuário das redes sociais tende à infelicidade e à solidão quanto mais usa o facebook e o twitter (destaque da pesquisa estadunidense), não fora o despertar do sentimento da inveja (conclusão da segunda).

Evidente que vai se cristalizando a ideia de que o progresso não está pavimentando caminhos que levem o homem à felicidade. Todos os entrevistados e acompanhados tinham idade não superior a trinta anos. O Homo digitalis – como o anunciou nos anos 90 o americano Nicholas Negroponte, do Massachucets Institute of Technology – tende a reproduzir o que circula na rede de forma em muito distorcida e concentrada, razão por que da manifestação de ódio em muito aprofundada, o que seria fruto do aumento de crises por ciúme nas relações amorosas, tensão social, tendência ao isolamento e aumento da depressão.

Não caminha a humanidade para o aperfeiçoamento da busca pela felicidade. Tampouco a amizade virtual superará a amizade de contato pessoal, ainda que ambas passem pela troca de idéias ou de imagens.

Como alertam os estudiosos, tendemos a nos tornar uma geração de brucutus radicalizada em guetos virtuais. Na sociedade humana, que se caracteriza, por definição, pelo convívio social como objeto de sua existência, a virtualidade se constitui na sua negação.

Não à toa há quem já fale em sexo virtual. Que somente ocorrerá pelas práticas onanísticas para alcançar o prazer. Condenada, em geral, por não contribuir para a perpetuação da espécie!

O comum em dois momentos I
Mais que a expressão, a efetivação de uma tragédia onde a criança era a vítima. A foto de Nick Ut naquele junho de 1972 destacava a menina Kin Phuc, de nove anos, correndo nua em Trang Bang depois de atingida por napalm, fruto de uma ataque de aviões sul-vietnamitas alimentados pelo governo dos Estados Unidos.

A foto famosa traz ainda – o que é pouco observado, diante da estarrecedora nudez de Kin – um menino, um pouco maior, com o rosto escancarado de terror, como traduzindo em realidade a arte do expressionismo abstrato de Edvard Münch, "O Grito", criada em 1893.

Como centro de nossa observação, a criança vítima da selvageria da sociedade humana.

O comum em dois momentos II
As migrações tornaram-se meio de transferência de recursos de países mais aquinhoados para os mais miseráveis. Tanto que a ONU estima em 400 bilhões de dólares anuais o quanto arrebanhado por mais de 230 milhões de migrantes e enviados para seus países de origem. No entanto, aquilo que pode ser reconhecido como positivo guarda a crueldade da exploração de trabalho análogo à escravidão.

Que envolve crianças, como aquelas resgatadas em Nova Délhi, aguardando serem enviadas para suas aldeias de origem.

Na guerra ou na paz as crianças ainda são grandes vítimas. Para não dizer neste permanente estado de guerra...

A Constituição em dois instantes
No primeiro, a sua promulgação, há vinte e cinco anos, quando nomeada “cidadã” e considerada uma das mais avançadas do mundo, consolidando, inclusive, um sistema universal de saúde raro no planeta. As garantias e direitos individuais, no entanto, seriam o seu maior legado, ainda hoje perseguido pelos mais diferentes segmentos da sociedade, que nela encontram o sustentáculo para a busca, inserido de novos atores concretos na vida nacional: criança, adolescente, idoso, consumidor, meio ambiente etc. Mesmo dilapidada no curso destas quase três décadas, para corresponder a interesses nem sempre alinhados aos do povo, é um marco.

No outro, a atuação de uma corte judiciária – o Supremo Tribunal Federal – nela estabelecido como guardião de seus princípios e valores, que se perde em menos defendê-la e mais tornar-se aparelho de hegemonia de estamentos da elite, quando se deixa levar – ainda que em muitos casos não à unanimidade – pelos versos da política partidária, não pelo viés da defesa da igualdade.

Explicar é possível
Em “Encruzilhada construída”, postada em http://adylsonmachado.blogspot.com neste sábado 5, trilhávamos por avaliação que tem norteado a assunção de nomes que buscam espaço no topo da administração pública brasileira quando se sentem em conflito entre suas convicções e a dos grupos que lhes deram origem. Nos últimos anos, pelo menos de 2006 para cá, Heloísa Helena e Marina Silva tornaram-se o lugar comum da solução encontrada pelas elites do conservadorismo político brasileiro diante da incapacidade individual de muitos de seus próceres, buscando retardar um resultado eleitoral que lhes é desfavorável.

A decisão de Marina Silva, de se abrigar no PSB foi a menos traumática no plano das idéias que defende, se a observamos pela ótica da coerência ideológica.

Convencer é difícil
Mas nem tanto assim. Também filiados Heráclito Fortes e Jorge Bornhausen ao PSB, do presidenciável Eduardo Campos. Mudou o PSB de Campos ou mudaram Heráclito e Bornhausen?

Esta a nova parceria da puritana Marina Silva. Que pela conformação ideológica dos novos companheiros acabou de dar uma guinada à direita.

O efeito Marina
Aguardar as próximas pesquisas, obviamente o que dirão depois do ingresso de Marina Silva do PSB. Os otimistas imaginam uma transferência maciça daqueles 20 milhões de votos obtidos pela então “verde”, que fizeram a festa do Serra, levando a eleição para o segundo turno.

Sabido, no entanto, que parcela dos votos de Marina migraram para a candidatura tucana e uma outra para Dilma. Ou seja, seu eleitorado se faz de parcela radicalmente contrária ao PT/Dilma-Lula e votará sempre em quem tenha condição de derrotá-los, esteja à esquerda ou à direita.

Caso confirme sair de vice na majoritária com Eduardo Campos cabe indagar se transferirá todos os “seus” votos ou o seu eleitorado optará por sufragar quem tenha condição de derrotar o PT/Lula-Dilma.

Que pode não ser Eduardo Campos.

Proeza
Sinalizado como candidato a governador de São Paulo, o atual ministro da Saúde Alexandre Padilha, já tem vice assegurado. Segundo Vera Rosa, da Agência Estado, Maurílio Biagi Filho foi indicado por Lula para integrar a chapa majoritária, razão por que já se filiou ao PR.

O novo companheiro tem origem no agronegócio, já que usineiro. A aliança trabalho-capital visa desalojar o tucanato do governo paulista.

Para a eleição paulistana, de 2012, Paulo Maluf foi solução para eleger Fernando Haddad. Criticada entre os puristas; acertada para os pragmáticos.

Consolidará 2014 mais uma proeza do “poste” Luiz Inácio Lula da Silva?

Inflação e infringentes I
A inflação será, certamente, o instrumento de assombração ao eleitor no correr da campanha eleitoral de 2014. Esta, por exemplo, a caótica observação de Roberto Freire em fala no programa partidário do PPS.

Os dados do IPCA, no entanto, mostram que depois de ultrapassar 12% no último ano de FHC, que sempre a teve acima de 7% nos anos de seu segundo mandato (6% somente no ano de 2000), tem ficado abaixo dos 6% desde 2004 (ultrapassado apenas em 2011, quando chegou a 6,5%).

A leitura que fazemos: se a inflação se mantém dentro do limite da meta e não afetou o processo eleitoral também não será o bicho papão que muitos pretendem.

Inflação e infringentes II
Mais preocupante, politicamente, a exploração – qualquer que seja o resultado – do julgamento dos embargos infringentes na AP 470 – o “mensalão petista”, porque o do PSDB (AP 536) continua sendo “mineiro”, forma maneira de a imprensa ajudar o tucanato a fugir de suas históricas responsabilidades com comprovadas compras de votos, como no caso da reeleição para FHC, adquirida a 200 mil por cabeça nos idos de 1997.


Estranho I
Informação para nós fidedigna nos fez tratar em http://adylsonmachado.blogspot.com da desfiliação de filho de Geraldo Simões do PT, que estaria ingressando no PSL (“Histórico mas nem tanto”).

Ou mentiu a nossa fonte ou à rede não interessou a informação, tanto que nada repercutiu.

Estranho II
Como também não repercutiu o evento que reuniu o candidato à presidência do PT baiano, Everaldo Anunciação, e a militância regional. O que inclui, em nível de Itabuna, a que enfrenta a hegemonia de Geraldo Simões.

Há quem não goste
De Levi Vasconcelos, na coluna Tempo Presente (A Tarde):

“Virada no cacau
O secretário Eugênio Spengler (Meio Ambiente) divulgou, para apreciação e sugestões até o dia 20, a minuta do decreto que cria o Programa de Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais da Bahia, documento que, segundo o superintendente da Ceplac na Bahia, Juvenal Maynart, será o upgrade da região cacaueira: vai provocar, com boas práticas ambientais, a valorização das terras hoje quase desprezadas e reabilitar a autoestima dos produtores, com a volta à cena produtiva.
- Ainda acredito no homem público.
Juvenal e sua fé são joias raras."


Há quem não goste do rapaz. O que fazer?

Caos
Quando anunciado o envio do orçamento do município e Itabuna e suas estimativas e previsões para o exercício financeiro de 2014 circulou a informação de que a disponibilidade de recursos de Itabuna para corresponder a investimentos estaria no limite de 6 milhões de reais no universo de 430 milhões estimados no projeto encaminhado ao Poder Legislativo.

Os recursos declinados nem mesmo chegam a exatos 1,4% do montante fixado em nível orçamentário.

A leitura imediata é de que a situação do município é caótica e está sobrevivendo praticamente de transferências governamentais e somente investirá em infraestrutura se assinar convênios com os governos federal e estadual.

Talvez isso explique a atuação em áreas simples como sinalização e recuperação do piso de ruas e praças, que somente agora começam a acontecer.

Tem nome
Sabendo que Gal Gosta aportará em Ilhéus brevemente nos veio à mente – ainda sob a vertente da guarânia como ritmo – trazer a interpretação da baiana para “Índia”. No entanto, pérola rara o que faz em “Meu nome é Gal” (Roberto-Erasmo Carlos), dialogando frases com a guitarra de Robertinho do Recife, em típico duelo/desafio de voz e cordas elétricas, depois de especial contraponto com um soprano. http://www.youtube.com/watch?v=rMp5F1-vU08

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* Coluna publicada aos domingos em www.otrombone.com.br




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