domingo, 24 de agosto de 2014

Destaques

DE RODAPÉS E DE ACHADOS
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Vitória de Pirro
Diz-se "de Pirro" a vitória que implica em verdadeira derrota, tamanhas as perdas para alcançá-la. O que ocorreu com o rei de Épiro depois de batalhas contra os romanos em 280 e 279 a. C. 

Caso algum europeu cante vitória em atrelar-se aos interesses geopolíticos dos Estados Unidos e Europa nas disputas onde enfrentam a Rússia dir-se-á "de Pirro" tal vitória e somente existirá no campo da propaganda.

A reação de Vladimir Putin  a mais recente, no início de agosto  ao se ver alcançado por mais uma sanção do Ocidente foi a de determinar, por um ano, boicote às importações de carne bovina, peixes, mariscos, legumes, verduras, leite e derivados, frutas e carne de frango dos países que integram o bloqueio econômico à Russia.

Já tem produtor na Europa chiando. Perderão 11 bilhões de euros.

Nunca entenderão
Nunca entenderão o que lhes ocorre. As crianças da Palestina que sobreviverem à tragédia que lhes é imposta nunca encontrarão razões que a justifique. 
A sua gente acuada em seu próprio território, onde milenarmente vive o povo palestino, exibe   quando não os mortos  semblantes como os da foto.
No novo gueto do nazifascismo ora trajado de sionismo aguardarão a morte.
É o que lhes resta (às crianças), sob a complacência da ONU e de suas nações 'civilizadas'. 
Tempos outros, não tão distantes I
O tempo na História não é o tempo de nosso dia a dia. Mas, em si, exige ser revisitado conforme os fatos que tornaram possíveis o existir.

Ainda que ultrapassados 60 e 53 anos, respectivamente, o suicídio de Getúlio Vargas no 24 de agosto de 1954 e a renúncia de Jânio Quadros no 25 de agosto de 1961 refletem o centro de uma mesma questão nacional: o conflito entre elite conservadora a serviço de seus próprios interesses (ainda que sacrificando o país) e a parcela nacionalista, para quem o Brasil exige ser de e para brasileiros.

Revisitando as circunstâncias que alimentaram os dois fatos históricos verá o leitor que se fazem presentes neste 2014 – na disputa eleitoral – os mesmo conflitos de interesse que causaram a morte de um presidente democraticamente eleito (que com o suicídio evitou um golpe civil/militar em andamento) e a conquista do poder pelo golpe civil/militar que implantou uma ditadura de triste memória a partir da renúncia de Jânio.

Aqui registramos para alertar em torno de sinais presentes neste 2014 que tornam tempos outros não tão distantes.

Tempos outros, não tão distantes II
Razão temos em não ver diferenças nos fundamentos de uma e outra era. Basta reler Jánio de Freitas ("Um dia, um país"), na Folha de São Paulo deste domingo, de onde destacamos:

" Mais ainda porque são poucos a terem percebido, com o tempo, o que estava no substrato da convulsão. Sobretudo a Petrobras, mas também as muitas outras criações do governo, como o BNDE, contrapunham-se à situação de um país dócil ao capital estrangeiro das espoliações típicas da época, e seus associados nacionais.
A campanha contrária, no meio militar até segregacionista, ainda hoje pode ser vista, por exemplo, no sentido acusatório dado a "nacionalista". O embaixador Adolf Berle Jr., contra Getúlio, abriu o caminho para o embaixador Lincoln Gordon, contra Jango.""

Ontem, como hoje. Ou, hoje, como ontem. O ponto central é o mesmo.
Mais realista...
Marina Silva não tem consistência política para assumir a presidência da República. A ambição, no entanto, é maior que a própria razão. Suas declarações neste início de campanha mostram-na – apesar de se dizer progressista – que está a serviço do mercado. Quer servi-lo para se ver servida.

Cabeça do Itaú (leia-se, do sistema financeiro) faz recomendações à candidata. Marina não desdiz, tão somente assegura o discurso de que o tripé neoliberal será aplicado. Tal tripé está quebrando a Europa (menos a Alemanha, que dele se beneficia, como os Estados Unidos sempre se beneficiaram quando aplicado aqui no Brasil, onde chegou ao ápice na era FHC).

Aécio Neves – mais experiente e sabendo onde as cobras dormem – sinaliza mas não diz as coisas. Mas é coerente em relação ao que pensa e defende o PSDB, prócer do neoliberalismo. 

O PSDB é o rei e deus do neoliberalismo no Brasil; Aécio Neves o seu ministro e profeta.

Marina simplesmente quer ser mais realista que o rei.

Problemas I
A queda do avião em que viajava Eduardo Campos começa a levantar suspeitas. Não pela queda, mas pelo avião em si e seus proprietários. Já se sabe que dois aviões apoiavam as viagens de campanha de Eduardo e estão relacionadas a Bandeirantes Companhia de Pneus. Um deles, o que caiu em Santos; outro, o que trouxe Campos a Feira de Santana (foto do jornal A Tarde).

Há cheiro de malfeito no ar. Que pode estar vinculando o PSB a coisas nada aceitáveis em quem proclama a moralidade. Os fatos estão começando a vir à tona.

Denúncia do Estadão desta sexta-feira 22, traz informações dos repórteres Mário Cesar Carvalho, Mariana Barbosa e Ricardo Gallo de que a “Polícia Federal e Civil de SP apuram fraude na venda de avião”.

“Aeronave que levava Campos era de um grupo que está em recuperação judicial e só poderia ser vendida com autorização judicial".

Dito vendedor é o grupo açucareiro A.F Andrade, do interior de São Paulo, e os “compradores” foram Carlos Lyra Pessoa, usineiro de Pernambuco, Apolo Santana Vieira, também pernambucano, que responde a ação penal por importação fraudulenta de pneus.

Aquilo que a matéria trata no que poderíamos denominar de “velha política” passa a refletir no campo da “nova política”, quando afirmam os repórteres:.

“A compra foi intermediada por Aldo Guedes, presidente da empresa de gás (!) do Governo pernambucano e sócio (!) do ex-governador Eduardo Campos em uma fazenda. Foi Guedes quem contratou os pilotos que morreram”.

Por enquanto resta saber se a candidata Marina viajará de avião. No outro.

Problemas II
Em sua passagem por Salvador Aécio Neves já mostrou o que pretende fazer. Cobrado por histórias como os aeroportos de Cláudio e Montezuma agora exige de Marina Silva uma posição/explicação (que a candidata se recusa a falar, pelo menos até agora) sobre aviões de usineiros servindo (ilegalmente) a campanha do PSB.

Isso, pelo menos, o que está claro em matéria de O Globo, assinada por Maria Lima, da qual destacamos o seguinte:

EM SALVADOR, AÉCIO COBRA DE MARINA RESPOSTAS SOBRE SUSPEITAS EM USO DE AVIÃO

Maria Lima

Passado o susto inicial com a mudança de rumos da disputa presidencial, o candidato do PSDB, Aécio Neves mostrou neste sábado que não assistirá calado ao crescimento da candidata do PSB, Marina Silva, sem alertar para o risco de uma escolha emocional no momento de crise que o Brasil atravessa. Mesmo com o cuidado de não atacar a herdeira de Eduardo Campos, ele iniciou a polarização em um grande ato político que reuniu todas as lideranças aliadas do Nordeste em Salvador para o lançamento de seu plano de recuperação da região. No discurso, o tucano contrapôs o perfil apolítico de Marina e o “sonho” dos marineiros com a “realidade”
Aécio também disse que, assim como teve que responder a questionamentos sobre a construção do aeroporto de Cláudio, se questionada, Marina Silva, deve estar preparada para responder sobre o ainda mal explicado caso do jatinho usado em sua campanha com Eduardo Campos, quando vivo. A suspeita é que o avião cedido para a campanha, sem registro no Tribunal Superior Eleitoral, pertença a usineiros. Perguntada hoje sobre o assunto, Marina não respondeu. (…)
De nosso canto, observando, resta perguntar: o que fará o deselegante entrevistador Bonner quando levar Marina Silva ao Jornal Nacional?


Emoção e realidade
A semana que finda ficou marcada politicamente por dois fatos: a confirmação/consagração de Marina Silva como candidata do PSB e o início do programa eleitoral no rádio e na televisão. 

Tais fatos vão diluindo a emoção como instrumento político-eleitoral de quem esperou capitalizar a morte trágica de Eduardo Campos. A realidade vai ocupando os espaços.

Coincidentemente, Marina estreou no programa eleitoral. Tendo o “Não vamos desistir do Brasil” transformado em mantra.

Resta esclarecer quem neste país ‘desistiu’ dele.

Tomando posse I
Não há como descurar que o desentendimento entre o coordenador-geral da campanha enquanto Eduardo Campos estava vivo e Marina Silva sinaliza uma ocupação de espaço dentro da cúpula do PSB que cheira desafio ou, quando menos, demonstração de quem controla o quê. Na esteira do fato algo cristalino: compromissos assumidos por Eduardo podem ser desrespeitados por Marina. Isso o que percebeu Carlos Siqueira, secretário-geral do PSB, afastado das funções que exercia na campanha.

Tudo começou com a escolha, por Marina, de nomes de sua confiança pessoal para a cúpula da campanha: Walter Feldman, para a coordenação da campanha, e Bazileu Margarido para o comitê financeiro.

Definitivamente Marina já demonstrou a que veio: herdeira nata da candidatura viável, e todos dependendo dela, tomou posse do espólio de Eduardo dispensando inventário.

Tomando posse II
Tanta posse tomou que até a deputada Luiza Erundina passou a aceitar aquela que andou criticando como "deseducadora" (clique em https://www.youtube.com/watch?v=mU3MxvxkExM).

Para Erundina, que defende o socialismo, o Rede de Marina "não é uma proposta que atende o socialismo". Referindo-se a Marina, nela vê "uma pessoa que entra no senso comum da sociedade do ponto de vista de negar a política, de negar o partido político", tanto que o dela "é Rede, não é partido". Marina 'desorganiza e deseduca a sociedade'.

Erundina, como solução, coordenando a campanha presidencial de Marina demonstra, mais uma vez, capacidade para engolir cobras e lagartos. Como já o fizera diante do ingresso de Jorge Borhhausen e Heráclito Fortes no PSB.

Salto no escuro I
Obviamente não veremos nenhuma matéria, comentário ou campanha na mídia falando da falta de experiência de Marina Silva, fato que foi exaustivamente explorado em relação a Dilma em 2010.

Ainda que não tenha conseguido se entender com um só coordenador de campanha do PSB, no qual foi acolhida e, na esteira de uma tragédia, por ele se tornou candidata a governar um país continental, fica-se a imaginar administrando um congresso comandado por partidos (que nega) e ideologias várias.

Salto no escuro II
A História deve ser observada como lição. Messianismos políticos trouxeram ao Brasil crises, assim que os ‘ungidos’ alcançaram o poder.

Quando Juscelino Kubitschek pretendeu alternar o poder com a UDN, apenas condicionando a candidatura que sucederia ao nome de Juraci Magalhães, Carlos Lacerda (preterido na proposta) contribuiu para que a UDN apoiasse Jânio Quadros. Deu no que deu: uma crise aberta a partir da renúncia que desaguou na ditadura civil/militar que durou 21 anos.
Collor ainda está na memória. Ainda que tivesse experiência administrativa como governador, politicamente deu no que deu.

Agora ensaiam Marina.

Para nós não é um salto no escuro. E sim um salto no despenhadeiro em pleno dia de sol e céu sem nuvens.

Com a broxa na mão

O PSB, caso Marina se eleja, ficará com a broxa na mão. A escada será puxada, como já começou.

Inclusive pelas alianças nada relacionadas com o socialismo do PSB.

Cabo eleitoral
Somente um louco deixaria de utilizar o que lhe fosse permitido na propaganda eleitoral em que seja candidato. Até jogador de futebol já foi 'útil' quando possível.

O risível neste instante é o posicionamento de Fernando Canzian, editor da TV Folha, para quem Lula aparecer no "programa de Dilma" é 'jogo sujo'.

Considerando a oportunidade deveria ter sugerido nomes como o de Fernando Henrique Cardoso e José Serra pedndo votos para Aécio Neves em seu programa Eleitoral.

Mais simples e menos ridículo.



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