segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Entre a hipocrisia

E a manipulação


Barack Obama assim que assumiu o primeiro mandato foi agraciado com o Prêmio Nobel da Paz. Difícil de entender, naquele instante, as razões do agraciamento. Talvez as promessas de campanha, dentre elas Paz para o mundo, a libertação dos presos de Guantânamo (lá postos para serem torturados pela CIA), a retirada dos soldados americanos do Iraque. 

A premiação poderia estar no contexto de motivação para que as promessas se cumprissem. Um lance de 'pagando para ver' na mesa do pôquer planetário.

O fato concreto é que a possibilidade de Paz se desmancha no ar, presos ainda há em Guantânamo e soldados dos EUA ainda morrem no Iraque. 

Mas a hipocrisia grassa entre os que deveriam divulgar o que efetivamente acontece pelo mundo. E mais: quem o causador do muito que ocorre.

Mas, como costumamos repetir neste espaço, a informação é manipulada, tornada desinformação. Através dela bandidos são somente os outros.

Do contundente artigo de Mauro Santayana (abaixo disponibilizado), destacamos o que entendemos repetido nesta aldeia brasileira em outros motes, outros interesses. Prenhe da mesma hipocrisia e manipulação. E de desejos de derrubar instituições, construídas muitas a custo de suor e sangue brasileiro. Incluindo o que nos resta da noção de nacionalismo.

Tudo em defesa de interesses apenas individuais. Egoisticamente individuais. De quem sonha ver-se membro desta ordem internacional que avilta o bom senso e conduz o planeta à barbárie e à hecatombe em nome de hipócritas conceitos.

"...
Raivosas, autoritárias, intempestivas, numerosas vozes se alçaram, em vários países, incluído o Brasil, para gritar – em raciocínio tão ignorante quanto irascível – que o terrorismo não tem que ser “compreendido” e, sim, “combatido”.

Os filósofos e estrategistas chineses ensinam, há séculos, que sem conhecê-los, não é possível vencer os eventuais adversários, nem mudar o mundo.

Além disso, não podemos, por aqui, por mais que muitos queiram emular os países “ocidentais”, em seu ardoroso “norte-americanismo” e “eurocentrismo”, esquecer que existem diferenças históricas, e de política externa, entre o Brasil, os EUA, e países da OTAN como a França. 

Podemos dizer que Somos Charlie, porque defendemos a liberdade e a democracia, e não aceitamos que alguém morra por fazer uma caricatura, do mesmo jeito que não podemos aceitar que uma criança pereça bombardeada pela OTAN no Afeganistão ou na Líbia, ou porque estava de passagem, no momento em que explodiu um carro-bomba, por um posto de controle em Aleppo, na Síria.   

Mas é preciso lembrar que, ao contrário da França, nunca colonizamos países árabes e africanos, não temos o costume de fazer charges sobre deuses alheios em nossos jornais, não jogamos bombas sobre países como a Líbia, não temos bases militares fora do nosso território, não colaboramos com os EUA em sua política de expansão e manutenção de uma certa “ordem” ocidental e imperial, e, talvez, por isso mesmo – graças a sábia e responsável política de Estado, que inclui o princípio constitucional de não intervenção em assuntos de outros países – não sejamos atacados por terroristas em nosso território.

As raízes dos atentados de Paris, e do mergulho do Oriente Médio na maior, e, com certeza, mais profunda  tragédia de sua história, não está no Al Corão ou nas charges contra o Profeta Maomé, embora estas últimas possam ter servido de pretexto para ataques como o que ocorreu em Paris.

Elas começaram a se tornar mais fortes, nos últimos anos,  quando o “ocidente”, mais especificamente alguns países da Europa e os EUA, tomaram a iniciativa de apoiar e insuflar, usando também as redes sociais, o “conto do vigário” da Primavera Árabe em diversos países, com a intenção de derrubar regimes nacionalistas  que, com todos os seus defeitos, tinham conquistado certo grau de paz, desenvolvimento e estabilidade para seus países nas últimas décadas."


Leia a íntegra de "O terror, o Ocidente e a semeadura do caos" clicando em http://www.jb.com.br/coisas-da-politica/noticias/2015/01/18/o-terror-o-ocidente-e-a-semeadura-do-caos/


Um comentário:

  1. Muito bom, já tinha visto no blog do Mauro, no www.maurosantayana.com

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